4 de março de 2025

A Guerra das Rosas - Shannon Drake (segunda leitura)

Tempo de leitura:

 

Literatura norte-americana
Título Original: Lie Down in Roses
Tradutor: Luís Fernando Martins Esteves
Editora: Nova Cultural
Edição de: 2005
Páginas: 314

1ª leitura de 2025

Sinopse: Valeria a pena pagar o preço da inocência para salvar sua terra?!

Eles nasceram para ser inimigos e destinavam-se a ser amantes... personagens de um perigoso jogo de intriga e paixão em que o preço era a inocência de uma mulher... e o prêmio era o coração de um homem!

A bela e voluntariosa Genevieve faria qualquer coisa para salvar seu amado castelo de Edenby... até partilhar o nome – e a cama – com seu mais traiçoeiro inimigo. Ele era lorde Tristan de La Tere, cavaleiro e nobre. Magnífico na batalha, liderou por terra seu exército invasor, apenas para se tornar prisioneiro do charme sensual da donzela que secretamente tramava sua destruição...


                Releituras nem sempre dão certo...rs A Guerra das Rosas foi minha primeira leitura de 2025. Levei apenas 24 horas para concluir o livro, entre 09 e 10 de janeiro, mas demorei para vir até aqui escrever este post não só pela correria do dia a dia... Tive alguns problemas com este romance que, em 2012, me encantou completamente e me fez dar 5 estrelas e incluí-lo na minha lista de favoritos sem pensar duas vezes. Mais de uma década depois, ao relê-lo, não consigo ver a história com os mesmos olhos e isto me deixou um tanto triste.kkkkk Porque eu lembro de ter amado profundamente este livro, gente! E perceber todos os seus problemas agora me deixou um pouco abalada.kkkk

                A verdade é que, ao reler minha resenha (link para a resenha aqui), percebo que enxerguei todos os problemas do livro ainda em 2012, mas que "passei pano" para o mocinho e para todas as questões intoleráveis. Também sei que já fiz isso com outras obras ao longo da minha vida como leitora e que muitas vezes expliquei meus motivos nas próprias resenhas, geralmente separando ficção de realidade, ou seja, deixando claro que não é porque tolero algo na literatura que faço o mesmo na vida real. Claro que não! Só que... Existem coisas que não está dando para tolerar nem na ficção, queridos! Que não consigo mais engolir. A Luna de hoje está menos tolerante com certas narrativas, certas cenas... com a permissão dada para os mocinhos das histórias agirem como quiserem e as mocinhas (e também nós leitores) perdoarem. 

                Quem é leitor mais antigo do blog, sabe que sou uma fã incondicional da série Lei e Ordem - Unidade de Vítimas Especiais, que acompanho desde o início da minha adolescência. Já deve ter uns dezessete anos que conheço e assisto esta série maravilhosa, tão sensível e humana, que aborda crimes sexuais, agressões físicas e assassinatos, geralmente cometidos contra mulheres e crianças. Nela, vemos a luta dos detetives e da promotoria para que as vítimas consigam justiça. A série está atualmente em sua 26ª temporada e já assisti todos os episódios de todas as 25 temporadas anteriores, estando em dia com a temporada atual. A Luna que tem esta série como a sua favorita de toda a vida, não pode ser a mesma Luna que vá ficar passando pano para violências do tipo em supostas histórias de amor

                Eu estou muito cansada de livros assim. Entendo que ele foi escrito na década de 80, uma época totalmente diferente da que vivemos hoje, quando muitas coisas eram consideradas aceitáveis, na literatura e fora dela, mas são livros que não se encaixam mais na minha vida. Que li muito no passado, que estiveram bem presentes em minha adolescência e parte da vida adulta, que passei pano sim muitas e muitas vezes, até porque era muito nova e sonhadora, acreditando que a suposta redenção do personagem ao final do livro o tornaria digno do perdão da mocinha para viverem felizes para sempre. Eu entendo tudo isso e respeito muito a Luna que fui e tudo o que senti ao ler cada livro e escrever sobre eles. Tudo foi válido e contribuiu para minha formação como pessoa. Guardo com muito carinho cada um desses momentos, dessas experiências, dos livros e das resenhas. Nunca apagarei nenhuma dessas resenhas e nem excluirei tais livros das minhas memórias. Só não funcionam mais para a Luna de hoje. Não cabem mais no meu presente. 

                Mas, Luna, você está falando como se soubéssemos exatamente quais problemas existem no livro, como se soubéssemos do que você está falando! Claro que não sabem, por isso está na hora de explicar por que me decepcionei muito ao reler A Guerra das Rosas. Cuidado com os spoilers abaixo! Se não quiserem spoiler, parem de ler agora! 

                Este post não é uma segunda resenha sobre a história. Apenas estou comentando os motivos pelos quais reler A Guerra das Rosas me deixou um gosto amargo. 

                No livro temos uma situação de "inimigos que se apaixonam". Os protagonistas defendem lados opostos de uma guerra que ficou conhecida como a "guerra das rosas" no século XV. Tristan sofreu uma grande e terrível perda durante essa guerra, pois o rei que ele defendia ordenou a morte de toda a sua família, de forma bastante cruel. Ele, então, passa a lutar do outro lado, mas a família de Genevieve continua do lado "errado". Por conta desta lealdade, as terras da família dela acabam invadidas, o pai e o noivo dela são assassinados e ela se torna escrava dentro de sua própria casa, que passa a pertencer ao Tristan. É uma situação caótica e entendo perfeitamente toda a revolta e busca por liberdade da mocinha. Eu nunca aceitaria viver tudo aquilo. Também lutaria, também tentaria fugir. 

            Mas... Como é um romance, a mocinha acaba se apaixonando pelo mocinho, apesar de acreditar que foi ele quem matou seu pai e seu noivo durante a invasão das terras. E é por acreditar que ele foi o responsável que ela luta contra esse sentimento. Ela não vive uma situação fácil, é prisioneira em sua casa, está sempre sendo trancada no quarto por ele... Tem todos os motivos para lutar contra a síndrome de Estocolmo/suposto amor que ele despertou nela. E então ela fica grávida... 

                 Tristan tinha passado meses fora por seus negócios na guerra. E quando ele retorna, a barriga dela já está aparecendo. Ele percebe que ela está grávida. Como a reação dele é uma das piores possíveis, a mocinha sente uma insegurança e um desespero muito grande e acaba falando algo sem pensar, como se tentasse SE DESCULPAR por estar grávida. Sim! Ele a fez se sentir tão horrível, que ela sentiu culpa por ter engravidado, como se a responsabilidade fosse unicamente dela. E o que ele faz quando ela diz algo sem pensar? DÁ UM TAPA NO ROSTO DELA!!! Sim!!! Pensem em como meu sangue ferveu quando eu li tal cena! Sinceramente, eu não sei o que se passava pela minha cabeça no passado para ter perdoado tal coisa! Como eu disse, não vou julgar a Luna de mais de treze anos atrás, mas é difícil de entender que eu tenha dado cinco estrelas e favoritado tal livro! 

                Diante do que o Tristan fez, a Genevieve surtou, com toda a razão do mundo! Só que ela ficou tão descontrolada que não pensou em nada e fugiu. De um modo bem desesperado, quase resultando em sua morte. Ele consegue detê-la, se mostra muito arrependido, diz que nunca mais iria fazer tal coisa e ela, fragilizada pela situação na qual estava, sem ter para onde ir e apoio de absolutamente ninguém (nem da tia dela, que era sua única parente viva), acaba ficando e tentando se conformar com sua vida. Mas este não será o único episódio de violência do Tristan contra a Genevieve. A promessa de não repetir a violência é logo esquecida quando ele acredita que ela fez algo contra ele. Quando tal cena acontece, Genevieve já deu à luz, está com o bebê muito pequeno ainda, e ele a derruba com um tapa simplesmente por tirar as próprias conclusões sobre algo que aconteceu e que nem era culpa dela. Ainda que fosse! Nada dava a ele o direito de agredi-la!!! 

                    É tanta coisa inaceitável que tem nesta história! A própria cena do casamento deles é uma violência, porque ela não queria casar. E todos a forçam a isso. Literalmente. Até a tia dela. O padre sabe que se trata de um casamento forçado, porque ela é arrastada até o local da cerimônia, o Tristan mantém a mão na boca dela para impedi-la de dizer qualquer coisa e todos ali presentes assinam como testemunhas de que ela queria casar, sabendo que tudo foi forçado, que ela foi literalmente arrastada e impedida de dizer que não queria o casamento. Quando tudo termina, ela diz para o padre que não era válido, e ele diz que foi tudo válido sim, que ele diria que o casamento era válido. Foi uma cena tão bizarra e revoltante! 

               Eu preferia não ter relido este livro, sinceramente!kkkkk Porque eu tinha uma memória afetiva, guardava a história com carinho no meu coração. E relê-la mudou tudo. Porque enxerguei CLARAMENTE tudo que tem de errado nela, todas as situações de violência e desrespeito, tudo o que tem de revoltante no livro. E isto, é claro, matou a história no meu coração. O que doeu bastante. Quem é leitor apaixonado por livros como eu, que mergulha por inteiro nas histórias e vive tudo com os personagens, pode entender como me sinto. Quando guardamos livros no nosso coração e depois os relemos e percebemos que nada era como tínhamos lido da primeira vez, isso machuca. Senti uma tristeza muito grande ao concluir a releitura. Preferia não ter passado por isso. 

                 Por respeito à Luna que leu esta história no passado e a amou profundamente, eu não reavaliei o livro. Deixei com as estrelas que tinha dado treze anos atrás. 

                    E é isto, queridos! Este ano só concluí a leitura de 3 livros até agora e não foram boas experiências.kkkk Pretendo trazer a resenha dos outros dois em breve! 


Bjs! 


Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino, Felipe e Damon (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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