Literatura norte-americana
Título Original: We Have Always Lived in the Castle
Editora: Suma
Edição de: 2017
Páginas: 152
14ª leitura de 2021 (13ª resenha do ano)
Sinopse: Merricat Blackwood vive com a irmã Constance e o tio Julian. Há algum tempo existiam sete membros na família Blackwood, até que uma dose fatal de arsênico colocada no pote de açúcar matou quase todos. Acusada e posteriormente inocentada pelas mortes, Constance volta para a casa da família, onde Merricat a protege da hostilidade dos habitantes da cidade. Os três vivem isolados e felizes, até que o primo Charles resolve fazer uma visita que quebra o frágil equilíbrio encontrado pelas irmãs Blakcwood. Merricat é a única que pressente o iminente perigo desse distúrbio, e fará o que for necessário para proteger Constance. "Sempre vivemos no castelo" leva o leitor a um labirinto sombrio de medo e suspense, um livro perturbador e perverso, onde o isolamento e a neurose são trabalhados com maestria por Shirley Jackson.
É... Eu dei 4 estrelas ao livro, o que não significa que realmente gostei tanto assim da história.kkkkk Ainda me sinto perturbada. Esta história me deixou bem doida. Minha cabeça ainda está girando.rsrs
Não existe nada que melhor defina este livro do que a palavra "doido". Sério! Fazia muito tempo (anos e anos) que eu não lia uma história tão maluca, tão capaz de mexer com nossa mente e nos deixar bugados. Tudo é surreal do início ao fim. Logo nas primeiras páginas já ficamos com vários pontos de interrogação na cabeça e sentimos como se estivéssemos num hospício. Eu me senti muito perturbada lendo aquelas páginas iniciais. E o sentimento permaneceu durante toda a leitura.
A história é contada do ponto de vista da Mary Katherine Blackwood, uma jovem de 18 anos, que vive numa casa antiga, pertencente à uma família que foi muito importante e odiada ao mesmo tempo pelos moradores do vilarejo, que sempre tiveram inveja da riqueza e status dos Blackwood. Para ela é um tormento sair da segurança de sua propriedade, onde vive com a irmã mais velha, Constance, e com o tio Julian, um senhor muito doente e querido pelas sobrinhas. Duas vezes por semana, ela precisa sair do seu amado lar e ir até o vilarejo para comprar itens básicos de alimentação e higiene e sempre é hostilizada pelos moradores locais, que a perseguem e desesperam... Quanto mais o tempo passa e revive aquela mesma situação, mais ódio Mary sente por eles e deseja com todas as suas forças que morram.
Se antes aquelas pessoas simplesmente sentiam inveja dos Blackwood, a perseguição à Mary (e Constance) é baseada no puro ódio causado pela tragédia ocorrida seis anos atrás, quando quase toda a família das jovens foi assassinada durante o jantar, envenenadas com arsênico. Constance, a responsável pelas refeições da família, foi presa acusada pelos homicídios, mas acabou inocentada por falta de provas. Todavia, aqueles moradores não necessitavam de uma sentença judicial para considerá-la culpada. Assim, ao longo de todos aqueles anos, Constance é obrigada a isolar-se dentro de sua propriedade, por medo do que seriam capazes de fazer se a vissem. Mary era quem assumia o risco de ser agredida física e verbalmente ao sair para comprar os mantimentos.
Mesmo com o medo e o isolamento, as duas irmãs vivem de forma relativamente feliz. Constance segue amando cozinhar e Mary sente imenso prazer em habitar seu mundo imaginário, onde pode ser e fazer o que quiser. Cuidar do tio Julian não era nenhum sacrifício para elas e tudo estava correndo muito bem. De vez em quando recebiam a visita de antigos amigos de seus falecidos pais e isso desestabilizava um pouco a rotina que estabeleceram, mas não era nada que lhes causasse preocupação. Assim que iam embora e elas voltavam a deixar a casa do jeito de sempre, o equilíbrio retornava e tudo seguia bem. Até...
... a visita de Charles, primo delas. A família dele tinha rompido as relações quando a tragédia aconteceu, mas agora ele aparecia do nada, entrando na casa e na vida delas como se sempre tivesse pertencido àquele lugar... e como se elas fossem dele. Mary sente que a chegada dele irá destruir tudo. E precisa dar um jeito de impedi-lo. Mas como?!
Como eu disse, o livro é doido. Repito isso porque é a verdade. E não consigo nem pensar direito desde que terminei a leitura. Me sinto desnorteada, confusa, tentando juntar todas as informações dadas pela autora e o que foi dito nas entrelinhas e que considero importante para eu criar uma certa teoria sobre a história. Na minha opinião, a história é mais do que foi contado. A autora deixou algumas coisas "no ar", entende? E isso me faz pensar e pensar.... Quer dizer, tentar pensar.rs
Não consegui gostar de personagem algum deste livro. Todos são perturbados e um tanto assustadores e não estabeleci laço com nenhum, nem mesmo com o tio Julian, que foi quem chegou mais perto de me conquistar. Todavia, ainda que eu não gostasse da Constance ou da Mary, os personagens que eu de fato odiei (e muito!) foram Charles e os moradores do vilarejo. Que gente ruim do inferno!!! Aquelas pessoas me causaram enorme desprezo e consegui entender o ódio da Mary por elas.
É uma história muito bem escrita, com um ótimo desenvolvimento e capaz de provocar diversos debates entre os leitores. Mas também é um tipo de livro que não gosto muito de ler, pois me perturba. Eu tive pesadelos, fiquei com uma sensação um tanto claustrofóbica provocada pela história e não gosto de me sentir assim. É por isso que resenhas de histórias de terror são raras por aqui!kkkkkkk Quero sim dar cada vez mais chances ao gênero, para me desafiar e perder o medo. Mesmo assim, não gosto muito do gênero e creio que nunca vou gostar.rs
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