Literatura Inglesa
Título Original: The Moorland Cottage
Tradutora: Andrea Carvalho
Editora: Pedrazul
Edição de: 2016
Páginas: 105
44ª leitura de 2020 (42ª resenha do ano)
Sinopse: Ambientado nas charnecas inglesas, O Chalé de Moorland é a história dos pobres irmãos, Maggie e Edward Browne, e de Frank Buxton, um rico herdeiro de Combehurst. A gentil Maggie é devotada a Edward e o trata com todo amor, mas ele é arrogante e egoísta. Um romance comovente e encantador que vai emocionar o leitor.
Desde que li Norte e Sul, eu me apaixonei pela escrita da Elizabeth Gaskell, me tornei fã incondicional de seu trabalho, pois ao escrever um romance social como aquele, ela deu voz a diversos trabalhadores e suas famílias, que laboravam em situações precárias, muitas vezes ficando tão seriamente doentes que tinham sua vida abreviada. Pessoas desesperadas para sustentar suas famílias, que tinham que assistir em agonia enquanto seus filhos choravam de fome, pois o "salário" não era suficiente nem para o mínimo. Por todas as emoções que aquele livro me provocou, eu não demorei a adquirir Mary Barton, romance que aparentemente segue a mesma essência de Norte e Sul.
Eu cheguei a ler as primeiras páginas de Mary Barton, mas elas me causaram um impacto tão grande, uma emoção tão forte que decidi adiar a leitura para um momento mais tranquilo, quando eu poderia me dedicar por inteiro ao livro, que promete se tornar um dos meus preferidos da vida.
Só que eu sentia uma falta tão grande da escrita da autora, de sua humanidade ao construir os personagens e suas histórias, que decidi ler O Chalé de Moorland, livro do qual eu ainda não tinha ouvido falar, mas cuja capa (sim, a capa!kkkk) me atraiu. Não posso dizer que é uma surpresa ter gostado tanto da história, pois já confio muito nas obras da autora e já imaginava que iria amar.rs
A história é bem simples, mas muito envolvente. Em suas poucas páginas, conhecemos a história da Maggie desde a sua infância ao lado de uma mãe que parecia incapaz de amá-la e um irmão mimado e egoísta, que sempre a tratava como escrava. Naquela casa, a única pessoa que se importava com ela era Nancy, a empregada que se dedicava à menina como se fosse sua filha e não compreendia como sua própria família a tratava tão mal. O pai de Maggie faleceu quando ela ainda era muito nova e com ele se foi todo afeto que a menina recebeu de um parente.
Embora entristecesse profundamente o seu coração não ser amada pela mãe e vê-la dedicar todo carinho ao Edward, irmão de Maggie, ela tentava não permitir que a tristeza a impedisse de reconhecer as coisas belas da vida, como a natureza, o cantar de um pássaro, qualquer coisa que lhe desse prazer, ainda que em muitos momentos a mãe tentasse arrancar até mesmo isso dela.
Um dia, aparece na casa de sua família um certo Sr. Buxton, grande amigo de seu falecido pai, disposto a zelar pelo futuro de Edward, a quem ele pretendia ajudar a obter um bom lugar no mundo, com ótimos estudos e apoio financeiro. Ao chegar enquanto a menina trabalhava para deixar os utensílios domésticos brilhando, o sr. Buxton acaba se encantando pelo seu jeito doce e decide fazer com que ela se torne amiga de sua sobrinha órfã, de quem ele era tutor. Assim, mesmo contra a verdadeira vontade da mãe de Maggie (que não podia se negar abertamente), a menina passa a frequentar a casa daquele senhor, se tornando grande amiga de Erminia e recebendo um afeto inesperado da esposa daquele senhor, quem ensina ao longo dos anos tudo o que ela precisaria saber para não se deixar manipular pelos interesses dos outros e fazer sempre o que fosse correto, mesmo que os outros a empurrassem para o que fosse errado.
Mas... Não é só Erminia e a Sra. Buxton que Maggie conhece naquela casa. Ali também vivia Frank, único filho do casal, que primeiro se tornaria seu amigo e defensor e, não muito tempo mais tarde, o amor da sua vida. O homem em cujo amor ela acreditaria contra tudo e todos e que lhe daria forças para suportar todos os sofrimentos que sua família insistiria em lhe provocar ao longo da vida.
"De hoje em diante, disse ele, tenho o direito de carregar seus fardos."
Sabe aquela história que te provoca um quentinho no coração? O Chalé de Moorland nos causa revolta em alguns momentos, raiva da mãe da Maggie, até mesmo ódio do Edward e de um outro personagem do qual não posso falar para não dar spoiler. Todavia, a Maggie é tão incrível, é uma personagem aparentemente frágil e incapaz de resistir aos desejos dos outros, mas que nos momentos mais importantes mostra uma força impressionante, que surpreende até mesmo aqueles acostumados a vê-la como serva, como escrava e não como um membro da família, não como filha ou irmã. Eu me apaixonei por esta protagonista, por sua bondade e determinação, por sua fé inabalável em Deus e no homem a quem ela amava. Por seu amor pela vida e por não se deixar destruir nem mesmo quando tudo parecia perdido. Eu queria ter nem que fosse metade da força desta personagem!
Nesta obra, a autora mais uma vez aborda o lado "ruim" das relações humanas. Em Norte e Sul vemos isso entre trabalhadores e seus patrões. Aqui vemos dentro do próprio lar da protagonista. A autora mostra o lado nocivo de uma família, o quanto as pessoas que mais deveriam nos proteger e amar podem ser justamente aquelas que mais danos causarão. Como não permitir que tais pessoas nos afetem, quando os laços familiares nos prendem à elas? E como pode uma mãe e um irmão usar e machucar com tanta intenção e egoísmo?! Existiram cenas nas quais a mãe da Maggie deliberadamente tentava fazê-la ficar tristeza, roubar seus sorrisos, sua alegria. É duro ler sobre tais momentos. A vontade que eu sentia era de entrar no livro e agredir aquela mulher!
E o romance entre Maggie e Frank? Embora seja lindo, tudo o que ela precisava para se libertar da família destrutiva, não é o foco do livro. A história é curtinha, pode ser considerada uma novela, e trata muito mais da Maggie, da vida dela, do que do romance entre os dois. Mesmo assim, eu amei essa relação! Frank é um personagem maravilhoso também, ainda que não tenha recebido o mesmo destaque que a protagonista.
"Eu não estou com medo; Deus estará conosco, se vivermos ou se morrermos!"
O capítulo final me deixou com o coração acelerado e foi o que me fez dar ao livro definitivamene 5 estrelas. Que capítulo angustiante!!! Triste e lindo. Doloroso e mágico. Eu não sabia se sorria ou chorava. Alguns momentos eram dignos de sorrisos de alívio e alegria, e outros eram dignos de lágrimas.
Se recomendo o livro?! É claro que sim!!! Sinto imensa vontade de ler tudo o que a Elizabeth Gaskell escreveu! Vai ser um dos meus projetos!
-> DLL 20: Um livro de autor inglês
Olá, tudo bem? Eu nunca li nada da autora, mas dá para ver que você realmente se apaixonou por ela. Eu conheço esse livro por ser considerado clássico, mas se fosse antes, acho que não daria uma chance a ele tão cedo. Depois da sua resenha, fiquei mais interessada. Já quero passar pelo turbilhão de emoções. Amei a resenha!
ResponderExcluirBeijos
Ainda não conhecia esse livro, mas só de ver a sua resenha, já deu para perceber como ela é capaz de conquistar e muito! Quando li que o livro proporcionou um quentinho no coração, isso já me fisgou! Adoro leituras que proporcionam essa sensação. Parece que o livro foi uma montanha-russa de emoções, né? Vou deixar a dica anotadinha.
ResponderExcluirOi. :)
ResponderExcluirEsse é o tipo de leitura que eu amo! Adoro estórias que deixam meu coração quentinho como sua resenha fez.
Não conhecia, mas quero muito ler e ver como tudo irá terminar para Maggie.
Dica anotada!
Beijos.
Manuscrito de Cabeceira
Não conhecia o livro, mas sua premissa me atraiu. O enredo parece mesmo simples, mas tocante. Ainda não li nada da autora, mas fiquei curiosa para ler algo dela.
ResponderExcluirNossa, eu admito que não conhecia a obra, achei super legal sua resenha, mas fiquei apenas desesperada de vontade de ler o livro só por esse final que você descreveu!!
ResponderExcluirFiquei mega curiosa agora e já vou sim com olar o livro na minha lista!
Adorei sua resenha. Parabéns e obrigado pela dica!
Olá tudo bem ?
ResponderExcluirAchei interessante a autora abordar os pontos ruins das relacoes humanas, nao é um ponto muito abordado, então é um diferencial. Gostei da proposta.
Gostei da sua resenha, muito bem escrita.Tudo que é doloroso e ao mesmo tempo nos trás algo bom, já vale qualquer leitura.
Beijos
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro ainda, mas tenho muita vontade de ler algo da autora. Tenho Norte e Sul aqui e está na meta para ler esse ano ainda. Adorei conhecer O chalé Morland e saber que a leitura te emocionou tanto. Gostei muito da premissa e já estou curiosa para saber o que acontece no último capítulo que foi tão especial.
Beijos!