Tradutora: Carolina Alfaro
Editora: Arqueiro
Edição de: 2014
Páginas: 368
Sinopse: Nastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar. Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele. A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida. À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde – ou se é isso mesmo que ele quer. Eleito um dos melhores livros de 2013 pelo School Library Journal, Mar da Tranquilidade é uma história rica e intensa, construída de forma magistral. Seus personagens parecem saltar do papel e, assim como na vida, ninguém é o que aparenta à primeira vista. Um livro bonito e poético sobre companheirismo, amizade e o milagre das segundas chances.
Às vezes um livro nos machuca muito, nos provoca feridas que quase parecem reais, como se as sentíssemos no corpo, de tão marcados que ficamos pela história. Mas existem livros que não só nos ferem, mas também nos curam... curam as feridas que eles mesmos causaram... Mar da Tranquilidade é um destes livros.
Quado comecei a lê-lo deixei de lado todos os outros livros, todas as outras leituras em andamento. Porque senti que a historia contida nessas páginas precisava de atenção exclusiva. Era para ser apenas o livro e eu. E foi assim. Se eu queria encarar esta leitura agora precisava aceitar tudo, até mesmo que ela partisse meu coração.
"O peso da realidade nos meus ombros é tão grande que às vezes me pergunto como ainda consigo erguer os pés para caminhar."
Eu não sabia nada sobre este livro. Nada mesmo. Anos atrás vi muitos leitores falando sobre ele e tinha em mente que era um livro forte, do tipo que mexe com as emoções, mas não lembro se cheguei a ler alguma resenha. Só sei que alguma leitora amiga o recomendou e eu comprei em 2016, criando coragem de ler apenas este ano.
Senti um golpe no coração logo nas primeiras páginas. Não sabia ao certo o que tinha acontecido com a Nastya, mas dava para ter uma ideia de que foi grave, muito grave. Que, cerca de dois anos e meio antes, alguém a matou. Quando ela estava indo para a escola. Quando tinha apenas 15 anos e toda uma vida pela frente. Alguém simplesmente cruzou seu caminho e destruiu tudo. Matou a garota que ela era.
"Até que morrer não é tão ruim assim depois que já aconteceu uma vez.
E eu já morri.
Não tenho mais medo da morte.
Tenho medo de todo o resto."
Agora, com quase dezoito anos e um novo nome, ela tenta construir uma nova história em outro lugar, onde ninguém a conheça, onde possa tornar-se invisível. Mas a dor e a raiva a perseguem onde quer que vá. Já tinham lhe roubado os sonhos e até mesmo as palavras. Tinham lhe roubado inclusive a identidade e a inocência. O que restara? Um vazio impossível de preencher. Uma dor insuportável. E um ódio por todos, mas principalmente por si mesma.
Josh já tinha aceitado o fato de que sempre perderia as pessoas que amasse. Aos oito anos perdeu a mãe e a irmã de uma só vez, num terrível acidente. Poucos anos mais tarde foi a vez do seu pai. E então sua avó. Agora era seu avô quem estava morrendo e assim que ele partisse não restaria mais ninguém. Estaria completamente sozinho no mundo. Aos 17 anos de idade. Não duvidava da existência de Deus. Sabia que Ele existia. Todavia, sabia também que, por algum motivo desconhecido, Deus simplesmente o odiava.
"Meu pai tentou me explicar, mas não tem como explicar que uma pessoa que você viu todos os dias da sua vida não existe mais. Alguém apertou o Delete e ela sumiu. Tive muita dificuldade em entender que era possível chegar em casa uma noite e constatar que a pessoa que tinha dado risadas com você e o abraçado naquela manhã tinha deixado de existir."
As pessoas do colégio conheciam bem a sua história e que deveriam manter distância. Ficava sempre sozinho... exceto quando seu melhor amigo Drew, que simplesmente se negava a desistir dele, resolvia entrar em sua casa sem ser convidado. Ou quando a mãe do Drew o intimava a aparecer nos jantares de domingo. Fora isso estava sempre sozinho e aprendera a aceitar seu destino. Porque se não tinha ninguém mais para amar isso significava que não tinha mais a quem perder...
... É quando Nastya, a garota nova no colégio surge, com toda aquela "porra preta" na cara, roupas pretas que praticamente não cobriam seu corpo e saltos pretos altíssimos, e aquele "conjunto" todo gritava "vadia" (segundo as palavras dos personagens) para os outros alunos, que eram imaturos demais para enxergarem além da aparência. Para verem o que ele conseguia ver... que ela estava tão ou mais quebrada que ele.
"A dor é constante, contínua, interminável. É a única coisa que eu sei."
Foi num completo impulso que ele a defendeu. Não devia ter feito aquilo, sobretudo porque ela podia se defender perfeitamente bem de umas meninas estúpidas que achavam que sendo maldosas eram "melhores" que as outras pessoas. Naquele dia surpreendeu a todos e a si mesmo. Porque Josh Bennett nunca abria a boca para falar com nenhum colega. Simplesmente atravessava o pátio e assistia as aulas como um fantasma. E depois daquele acontecimento tudo o que conseguiu foi ser perturbado pela presença silenciosa da menina problemática em sua garagem.
Ela chegava em silêncio, tarde da noite, e ficava sentada com os pés balançando, enquanto ele trabalhava. Nunca tentava se comunicar. Apenas ficava ali até sentir vontade de ir embora. E mesmo que ele dissesse a si mesmo que gostaria de expulsá-la e que ela só o irritava indo ali, a verdade, que gostaria de evitar, é que gostava de vê-la. Aceitava seu silêncio e seus problemas. Porque a entendia. Como se os dois fossem partes de um mesmo quebra-cabeça. E, então, uma noite, ela falou.
"Acho que sempre vou estar despedaçada. Posso trocar os fragmentos de lugar, rearrumá-los, dependendo do dia, dependendo do que eu preciso ser. Posso mudar num piscar de olhos e ser muitas garotas diferentes, sem que nenhuma delas tenha que ser eu."
Esta não é uma história para ser lida num momento qualquer ou de qualquer maneira. É uma daquelas histórias que precisa ser lida com o coração para que possamos nos colocar no lugar dos personagens, sem pré-conceitos ou julgamentos antecipados. Temos que nos dar a oportunidade de sentir como eles, de entender a realidade na qual viviam.
Nastya e Josh não demoraram nada para me conquistar. Foi muito fácil amá-los e isso doía, pois machucava demais conhecer todo aquele passado, o quanto era sombria a vida que lhes restou.
"Parecia que, quanto mais meu corpo se curava, mais minha cabeça piorava, e não há fios e pinos suficientes para consertar o que se partiu ali."
Mesmo quando não estava lendo ficava pensando na história e se poderia ter um final feliz. Tinha muito medo de o final me destroçar. Eu só queria que os dois tivessem uma chance de serem felizes. Que pudessem recomeçar mesmo com um passado tão duro e impossível de apagar.
Embora as roupas da Nastya e a "porra preta" no rosto dela (como o Josh chamava a maquiagem pesada que ela usava; por serem as palavras exatas dele é que estou colocando na resenha) tivessem lhe causado problemas, ataques e rejeições no colégio (convenhamos, não foi a roupa, mas a maldade e estupidez daqueles adolescentes que nada conheciam da vida e precisariam tomar muitas rasteiras da vida para entenderem de empatia), gostei muito do fato de apenas as pessoas certas terem se aproximado dela. Apenas aquelas que conseguiam vê-la como pessoa e não estavam nem aí para aparência, como o Drew (o garoto mais mulherengo da escola e provavelmente da cidade toda) e Clay (o garoto desenhista, com um talento impressionante). Eles se tornam seus melhores amigos, mesmo sem ela falar com eles. Simplesmente a vencem pelo cansaço.rs Tinha que aceitar que eram seus amigos mesmo que ela se recusasse a falar com eles.
No início, eu achava o Drew um canalha e não conseguia entender como a Nastya podia gostar tanto dele. Foi com o tempo que descobri quem ele era de verdade e também o amei.
É com o Josh que a Nastya fala pela primeira vez. É com ele que ela escolhe se comunicar, em segredo. Fazia mais de um ano que não falava com ninguém, nem com a sua terapeuta e muito menos com sua família. Mas havia algo em Josh que a atraía, que a fazia querer conversar. A garagem dele e sua presença se tornaram um refúgio. Tudo o que não queria era que ele se apaixonasse por ela. Porque estava quebrada demais para suportar a responsabilidade que vinha com o amor. Nunca poderia fazê-lo feliz. Se ele um dia a amasse ela teria que ir embora...
"Eu conheço este lugar. O pensamento me atinge outra vez. Perco o fôlego por um instante e preciso de um segundo para me recuperar. E mais um segundo para processar o que isto significa. Eu conheço este lugar."
O trecho acima, quando a Nastya vê a garagem do Josh pela primeira vez, é muito importante, mas nós só entendemos no final, quando lemos a última página. Nada neste livro é por acaso. As roupas da Nastya, esse nome que ela usa, a maquiagem, a hora do dia que ela escolhe para correr, seu tratamento de silêncio com as outras pessoas, o fato de ela escrever três páginas e meia num caderno todas as noites antes de dormir... Enfim... NADA está ali só para preencher páginas. Tudo no livro tem um motivo. Uma explicação.
Leiam este livro cientes de que vão sofrer, mas também aprenderão coisas importantes e lindas. E existem vários momentos leves e até mesmo engraçados. É um livro que carregamos conosco dentro do coração. Eu o amei demais. O amo com todas as minhas forças. Um dos favoritos da vida.
"Sempre voltamos a isso. Salvação. Ele me salvando. Eu salvando a ele. Impossibilidades, porque isso não existe e, de qualquer maneira, nunca foi para isso que precisamos um do outro."
Chorei muito quando li a última frase da história. Não é uma frase triste nem nada. Não consegui segurar as lágrimas porque é uma frase importantíssima, que explica uma cena na qual nem pensamos muito e que só percebemos a sua importância quando lemos a última frase do livro, entende? A autora fechou tudo de forma brilhante. É impossível não nos emocionarmos e sentirmos algo que nem conseguimos nomear ao lermos aquela frase tão preciosa... Espero que vocês sintam a mesma emoção ao ler, por isso não irei dizer do que se trata. :)
Nem preciso dizer se recomendo, certo? LEIAM ESTE LIVRO!!! Não deixem passar a oportunidade de conhecer esta história.
*Lido para os desafios: 12 Meses Literários (tema: Best Seller) e Mulheres em Foco (livro que deveria ter lido em junho, mas li apenas este mês).
Olá Luna
ResponderExcluirNunca tinha visto ou lido nada desse livro
Parece um livro bem intenso que mexe com nossas emoções
Sem dúvida quero ler sim
O momento não saberia te dizer mas que a dica ficou registrada Ah isso ficou
Olá, tudo bem? Menina, só com esse primeiro parágrafo da tua resenha eu já me senti super convencida a ler a obra. O resto da tua resenha só me deixou ainda mais curiosa para ler a estória... nunca me senti tão impactada com uma resenha. Amei a dica, sem dúvidas vou ler!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Oi, Luna.
ResponderExcluirSempre tive muita vontade de ler esse livro, mas estou sempre adiando.
Fico com medo de fica emocionalmente envolvida com esse livro e não estou no clima para isso no momento. Ainda vou ler, mas não é a hora agora!
beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Oi oi querida,
ResponderExcluireu nunca me interessei pela obra, pois nunca ficava intrigada e nem mesmo emocionada pelo enredo. Acho que esse sentimento continua, porque mesmo lendo a sua opinião e como a leitura foi gostosa pra você, não me senti muito entusiasmada. A sua resenha ficou perfeita pra ser sincera, e tanto as fotos como as citações me deixaram encantada com o casal. Mas nada que me faça ler futuramente, entende?!
Beijoss, Enjoy Books
Primeiro quero te parabenizar por dar dicas de leituras de livros antigos sem focar apenas nos lançamentos. Tenho visto ultimamente resenhas apenas de lançamentos e isso me incomoda um pouco por deixar de fora tantos livros (bons ou ruins)que merecem essa oportunidade de serem apresentados. Esse livro está na minha lista de leituras há alguns anos, à espera da adaptação que prometeram certa vez. Primeiro o admirei pela capa e sem dúvida sua resenha me estimulou a ler, embora tenha saído de um leitura angustiante recentemente, assim que me recuperar rs vou lê-lo.
ResponderExcluirOoi,
ResponderExcluirEu já vi tanto esse livro por aí, mas essa é a primeira resenha que vi dele e eu realmente não esperava que fosse uma experiência tão forte. Fiquei curiosa com a leitura, sua resenha ressaltou pontos importantes da narrativa e me deixou com vontade de ler!
Parabéns pela resenha!
Beijoos
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirGanhei esse livro da minha Best mas até hoje não me sinto preparada para ler pois ela disse que irei me emocionar muito com essa história e no momento estou fugindo de histórias assim.
Amei a resenha ♥ Um beijo.
Oi Luna, eu comprei esse livro há algum tempo, por ver todo mundo elogiando, mas ainda não li. Quando for lê-lo, vou tentar preparar meu psicológico para conhecer esses dois personagens e toda a carga emocional da história.
ResponderExcluirNão conhecia essa obra, mas confesso que fiquei bem interessado, pois parece possuir um enredo intenso e surpreendente. Anotada a dica, pois minha curiosidade ficou muito aguçada.
ResponderExcluirOlá, tudo bom?
ResponderExcluirLi esse livro ano retrasado e sei exatamente a emoção que ele desperta, a forma como ele mexe com nossos sentimentos, nos levando às lágrimas em muitos momentos. Quando comecei esta leitura também foi de uma forma despretensiosa e quando dei por mim, já estava imersa nas palavras da autora, na forma delicada como ela construiu uma história tão forte. Esse é realmente um livro muito, mas muito especial que merece ser lido por todos e fico feliz de ter relembrado um pouco sobre ele através de suas palavras. Sua resenha está maravilhosa!! ♥
Beijos!