Olá, queridos!
Eu continuo lendo muitos contos e amando cada vez mais a experiência. :D São contos muito diferentes uns dos outros e que quase sempre me ensinam algo, me fazem refletir.
Em A mulher que era amiga de fantasmas conhecemos a história de uma jovem que perdeu a irmã gêmea quando ainda eram crianças. A menina se afogou e foi a partir deste momento que elas se tornaram inseparáveis, uma vez que ela passou a conversar e brincar com a irmã morta, pois sua peculiaridade (o nome desta coletânea é Contos Peculiares, só para lembrar) é ver e falar com pessoas mortas, com fantasmas.
Apesar do tema um tanto assustador e triste, o conto na verdade nos faz rir muito. Porque a personagem passa por situações tão inusitadas que é impossível segurar o riso, sobretudo quando ela decide conquistar novos amigos fantasmas, pois sua irmã precisava resolver alguns assuntos no além-mundo e já não poderia mais estar ao seu lado. Se sentindo sozinha e sendo vista como "estranha" pelas pessoas vivas decide estabelecer laços de amizade com outros fantasmas, só que tudo dá muito errado.rs O conto não tem nenhuma intenção de ser triste, parece ter justamente o objetivo de fazer rir e o final foi desejado, mas não esperado. Gostei muito de como tudo terminou, sobretudo porque sou uma romântica (e o final é bem bonito).
Cocobolo, outro conto presente na mesma coletânea, não me agradou tanto quanto o anterior. Nele temos o Zheng que é um rapaz que idolatrava o pai, que o tinha como herói enquanto era criança. Ocorre que seu pai desapareceu e ninguém jamais conseguiu encontrá-lo. Com o passar do tempo, a tristeza pela ausência da pessoa que ele mais amava se transforma em vergonha quando ele começa a dar ouvidos às fofocas sobre as excentricidades de seu pai. Determinado a ser diferente dele, embora fosse parecido em diversos aspectos, se afasta ainda mais do antigo amor, até já não lhe restar praticamente nada daquele sentimento. Não direi como o conto prossegue, mas senti tanta raiva do Zheng! Embora compreenda alguns dos sentimentos não consegui perdoá-lo pela forma como jogou o amor fora, como desprezou aquele que tanto o amou. O que me emocionou muitíssimo foi o final, mas não por conta do protagonista, mas sim de um outro personagem.
Em A menina que domava pesadelos, temos uma criança que sonha em ser médica, mas em seu país, naquela época, nenhum mulher jamais conseguira ingressar numa faculdade de Medicina, pois era algo para homens. As meninas aprendiam apenas a tricotar e cozinhar nas escolas, enquanto as ciências ficavam para os meninos. Todavia, Lavinia não se dava por vencida e, escondida, pegava os livros de ciências para estudar.
Sua história sofre uma guinada estranha quando seu pai, que era médico, atende uma pessoa atormentada por pesadelos. Decidida a examinar o paciente, Lavinia observa que dentro do ouvido dele existia uma massa escura e resolve puxá-la, vindo a se deparar com fios e mais fios negros. O mais extraordinário é que, após isso, o menino nunca mais teve pesadelos. Este primeiro paciente era seu irmão, mas depois deste episódio, Lavinia veio a curar outras pessoas, decidindo que aquele era o seu dom e que poderia lidar com ele, embora tivesse apenas onze anos.
Eu achei este conto fascinante, um dos meus preferidos da coletânea, e confesso que fiquei surpresa com os acontecimentos finais. Não esperava por algo assim.
Continuando em Contos Peculiares (porque resolvi ler todos os que faltavam este mês.rsrs), li O gafanhoto, que nos traz a história triste de um menino que não era amado.
Ollie tivera o azar de nascer filho de um homem que acreditava que o amor era uma fraqueza, que te impedia de realizar aquilo que você desejasse. Embora amasse profundamente sua fazenda e tivesse resolvido amar a esposa, seu pai decide não dispensar tal sentimento com o filho, sobretudo porque com seu nascimento, Ollie levara a vida da mãe, o que seu pai considerava imperdoável, não importando se ele tinha culpa ou não.
Diferente de Edvard (seu pai), Ollie tinha um coração enorme e sensível, sempre pronto a amar. O curandeiro da região acreditava que o menino fosse um peculiar, embora sua peculiaridade provavelmente só fosse se manifestar anos depois.
Com o tempo e uma determinada tristeza, todos souberam qual era a peculiaridade de Ollie: de assumir a forma de algo que o fizesse sentir-se amado. Como era profundamente desprezado pelo pai, o menino dedicou seu carinho a um simples gafanhoto e quando Edvard jogou o inseto no fogo, a tristeza do garoto foi tão grande que ele assumiu a forma de um gafanhoto e fugiu. Arrependido por todo o sofrimento que tinha causado ao filho, Edvard implora pela ajuda dos vizinhos para encontrá-lo, mas já é tarde demais.
A história termina de um jeito bem bonito. Gostei muito!
O garoto que podia controlar o mar é um conto que nos faz refletir sobre certas relações humanas bastante nocivas. Fergus era um garoto com um estranho dom: ele podia controlar o mar. Apesar de poder ter uma vida boa por conta desta peculiaridade, passava fome ao lado da mãe, pois ela era uma mulher de saúde fraca e seria impossível viajar com ela para um lugar em que encontrassem comida. Todavia, em seu leito de morte, a mãe o faz prometer que irá embora daquele lugar e que jamais revelará seu dom para ninguém, pois apenas fariam da sua vida um inferno. Assim, Fergus parte disposto a cumprir suas promessas.
Acontece que certas situações o fazem ter que quebrar a promessa de não contar sobre o dom. E, a partir disto, vemos como a vida do personagem é afetada, pois tentam usá-lo como um objeto. E quando dependiam de atitudes dele para conseguir algo, podiam tanto adulá-lo como ameaçá-lo, bem como descartá-lo quando não precisavam mais. O egoísmo e interesse daquela gente é revoltante e conseguimos compreender a raiva e o desejo de Fergus de seguir seu caminho sozinho, pois os seres humanos não sabiam ter amigos ou relações saudáveis, eles agiam apenas por interesse, por conveniência.
A história de Cuthbert é uma das que mais me emocionaram. É bem curtinha (neste livro alguns contos são bem longos, outros curtos e ainda tem os bem curtos.rs), mas por ter dois finais tão diferentes um do outro acabou por quase me fazer chorar.rs Cuthbert é um gigante muito bondoso que vive numa floresta habitada por animais comuns (que conhecemos na vida real), mas também por animais peculiares, que são os preferidos dos caçadores. Ele é o protetor dos animais da floresta, impedindo que os caçadores ou mate ou sequestre (para venderem para zoológicos), mas num determinado dia algo horrível acontece...
Eu fiquei muito triste pelo Cuthbert. Tudo bem que o autor criou dois finais, mas mesmo assim ficou aquela dorzinha no coração. :(
O segredo do bonzo, foi o único conto que li do Machado de Assis em abril. Ele traz uma história aparentemente "estranha" e tediosa, mas conforme você vai lendo percebe a intenção do autor. No fim, acabei fascinada pela inteligência de uma obra que faz uma crítica implícita, semelhante àquela presente no conto Teoria do Medalhão (resenha aqui). O que realmente importa? Que algo exista ou que um discurso bem feito convença alguém de que certa coisa (que NÃO existe) é real? É isto que é mostrado na história: os charlatões presentes no conto, em busca de um benefício próprio, convencem as multidões a acreditarem em suas palavras, tornando algo real pela opinião construída. Eles sabiam que o que diziam era falso, mas se deliciavam em ver os ingênuos se alimentando de suas palavras e agindo conforme a vontade deles. Este conto parece tanto com a realidade em que vivemos...
O colocador de pronomes é um conto do Monteiro Lobato que ironiza a mania de alguns intelectuais e "especialistas" em Língua Portuguesa de ficarem corrigindo o que as outras pessoas escrevem.rs Você conhece alguém que faz isso?! Eu conheço várias pessoas, dentro e fora da internet, e é realmente enervante. kkkkkk... Acho que o Monteiro Lobato estava muito irritado (imagino que na época dele existiam ainda mais "especialistas" querendo corrigir os outros) e escreveu esta espécie de sátira para diminuir seu estresse.rsrs Eu gostei demais do conto! Comecei a rir logo que li as primeiras frases e depois que compreendi o que o autor estava fazendo me diverti ainda mais.
Em A menina que domava pesadelos, temos uma criança que sonha em ser médica, mas em seu país, naquela época, nenhum mulher jamais conseguira ingressar numa faculdade de Medicina, pois era algo para homens. As meninas aprendiam apenas a tricotar e cozinhar nas escolas, enquanto as ciências ficavam para os meninos. Todavia, Lavinia não se dava por vencida e, escondida, pegava os livros de ciências para estudar.
Sua história sofre uma guinada estranha quando seu pai, que era médico, atende uma pessoa atormentada por pesadelos. Decidida a examinar o paciente, Lavinia observa que dentro do ouvido dele existia uma massa escura e resolve puxá-la, vindo a se deparar com fios e mais fios negros. O mais extraordinário é que, após isso, o menino nunca mais teve pesadelos. Este primeiro paciente era seu irmão, mas depois deste episódio, Lavinia veio a curar outras pessoas, decidindo que aquele era o seu dom e que poderia lidar com ele, embora tivesse apenas onze anos.
Eu achei este conto fascinante, um dos meus preferidos da coletânea, e confesso que fiquei surpresa com os acontecimentos finais. Não esperava por algo assim.
Continuando em Contos Peculiares (porque resolvi ler todos os que faltavam este mês.rsrs), li O gafanhoto, que nos traz a história triste de um menino que não era amado.
Ollie tivera o azar de nascer filho de um homem que acreditava que o amor era uma fraqueza, que te impedia de realizar aquilo que você desejasse. Embora amasse profundamente sua fazenda e tivesse resolvido amar a esposa, seu pai decide não dispensar tal sentimento com o filho, sobretudo porque com seu nascimento, Ollie levara a vida da mãe, o que seu pai considerava imperdoável, não importando se ele tinha culpa ou não.
Diferente de Edvard (seu pai), Ollie tinha um coração enorme e sensível, sempre pronto a amar. O curandeiro da região acreditava que o menino fosse um peculiar, embora sua peculiaridade provavelmente só fosse se manifestar anos depois.
Com o tempo e uma determinada tristeza, todos souberam qual era a peculiaridade de Ollie: de assumir a forma de algo que o fizesse sentir-se amado. Como era profundamente desprezado pelo pai, o menino dedicou seu carinho a um simples gafanhoto e quando Edvard jogou o inseto no fogo, a tristeza do garoto foi tão grande que ele assumiu a forma de um gafanhoto e fugiu. Arrependido por todo o sofrimento que tinha causado ao filho, Edvard implora pela ajuda dos vizinhos para encontrá-lo, mas já é tarde demais.
A história termina de um jeito bem bonito. Gostei muito!
O garoto que podia controlar o mar é um conto que nos faz refletir sobre certas relações humanas bastante nocivas. Fergus era um garoto com um estranho dom: ele podia controlar o mar. Apesar de poder ter uma vida boa por conta desta peculiaridade, passava fome ao lado da mãe, pois ela era uma mulher de saúde fraca e seria impossível viajar com ela para um lugar em que encontrassem comida. Todavia, em seu leito de morte, a mãe o faz prometer que irá embora daquele lugar e que jamais revelará seu dom para ninguém, pois apenas fariam da sua vida um inferno. Assim, Fergus parte disposto a cumprir suas promessas.
Acontece que certas situações o fazem ter que quebrar a promessa de não contar sobre o dom. E, a partir disto, vemos como a vida do personagem é afetada, pois tentam usá-lo como um objeto. E quando dependiam de atitudes dele para conseguir algo, podiam tanto adulá-lo como ameaçá-lo, bem como descartá-lo quando não precisavam mais. O egoísmo e interesse daquela gente é revoltante e conseguimos compreender a raiva e o desejo de Fergus de seguir seu caminho sozinho, pois os seres humanos não sabiam ter amigos ou relações saudáveis, eles agiam apenas por interesse, por conveniência.
A história de Cuthbert é uma das que mais me emocionaram. É bem curtinha (neste livro alguns contos são bem longos, outros curtos e ainda tem os bem curtos.rs), mas por ter dois finais tão diferentes um do outro acabou por quase me fazer chorar.rs Cuthbert é um gigante muito bondoso que vive numa floresta habitada por animais comuns (que conhecemos na vida real), mas também por animais peculiares, que são os preferidos dos caçadores. Ele é o protetor dos animais da floresta, impedindo que os caçadores ou mate ou sequestre (para venderem para zoológicos), mas num determinado dia algo horrível acontece...
Eu fiquei muito triste pelo Cuthbert. Tudo bem que o autor criou dois finais, mas mesmo assim ficou aquela dorzinha no coração. :(
O segredo do bonzo, foi o único conto que li do Machado de Assis em abril. Ele traz uma história aparentemente "estranha" e tediosa, mas conforme você vai lendo percebe a intenção do autor. No fim, acabei fascinada pela inteligência de uma obra que faz uma crítica implícita, semelhante àquela presente no conto Teoria do Medalhão (resenha aqui). O que realmente importa? Que algo exista ou que um discurso bem feito convença alguém de que certa coisa (que NÃO existe) é real? É isto que é mostrado na história: os charlatões presentes no conto, em busca de um benefício próprio, convencem as multidões a acreditarem em suas palavras, tornando algo real pela opinião construída. Eles sabiam que o que diziam era falso, mas se deliciavam em ver os ingênuos se alimentando de suas palavras e agindo conforme a vontade deles. Este conto parece tanto com a realidade em que vivemos...
O colocador de pronomes é um conto do Monteiro Lobato que ironiza a mania de alguns intelectuais e "especialistas" em Língua Portuguesa de ficarem corrigindo o que as outras pessoas escrevem.rs Você conhece alguém que faz isso?! Eu conheço várias pessoas, dentro e fora da internet, e é realmente enervante. kkkkkk... Acho que o Monteiro Lobato estava muito irritado (imagino que na época dele existiam ainda mais "especialistas" querendo corrigir os outros) e escreveu esta espécie de sátira para diminuir seu estresse.rsrs Eu gostei demais do conto! Comecei a rir logo que li as primeiras frases e depois que compreendi o que o autor estava fazendo me diverti ainda mais.
Em abril as crônicas não tiveram tanto espaço, infelizmente. :( Li apenas uma: Com afeto e mau humor, do Caio Fernando Abreu. Como sempre dotada de uma certa ironia, fala do desejo das pessoas pela chegada de um novo ano, pois não aguentavam mais o ano velho (confesso que eu própria não suporto mais o ano de 2019, mas quem pode me culpar?! Este ano está muito pesado!) e seus acontecimentos. Me diverti bastante com a ironia sutil (?) e acho que neste mês de maio vou começar a apostar nos contos do Caio. Acho que vou ficar ainda mais apaixonada pela escrita dele!
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