19 de março de 2019

Inimigos no Altar - Melanie Milburne

Tempo de leitura:
Título Original: Enemies at the Altar
Tradutora: Ligia Chabú
Editora: Harlequin
Edição de: 2012
Páginas: 152 (eBook Kindle)
Série Irmãs do Escândalo - Livro 2
Onde comprar: Amazon


Sinopse: Uma mulher com quem ele não deveria se casar. Da última vez em que Andreas Ferrante encontrara Sienna Baker, ela ingenuamente achou que poderia seduzi-lo. Embora marcado pelos encantos dela, consequências terríveis atormentavam Andreas. Ter de se casar com ela para garantir sua herança era algo impensável. Siena, por sua vez, se sentia humilhada por ter sido rejeitada por ele no passado. Ser recusada novamente tornaria tudo ainda pior. Ambos teriam muita sorte se conseguissem sobreviver à cerimônia. Mas como existe uma linha tênue entre o amor e o ódio, talvez as centelhas de raiva alimentassem o fogo da paixão na noite de núpcias…


Você começa a ler esta história acreditando que é apenas um romance simples, com alguns desentendimentos, suposto ódio entre o casal, para depois eles confessarem que sempre se amaram e viverem o seu "felizes para sempre", tão típicos destes livros. E aí você se engana completamente.rs

Eu tive apenas uma experiência anterior de leitura de uma obra da Melanie Milburne e pelo que posso recordar também era um romance que fugia um pouco do padrão no que se referia à personalidade dos protagonistas. Mas faz muito tempo que li e por isso não lembro muito da história e não estava tão preparada assim para Inimigos no Altar.

"Sempre se sentira excluída. Não pertencia a lugar algum."

Logo após iniciarmos a leitura já percebemos que o ódio que os protagonistas sentem um pelo outro não é mero fingimento. E que o convívio que tiveram quando mais jovens, enquanto a mãe de Sienna era governanta da casa do pai de Andreas, marcou a vida da nossa protagonista. De uma forma profunda, significativa. Influenciando as decisões que ela viria a tomar depois, levada pela mágoa, pelo desejo de não ser mais pisada por ninguém. 

Sienna era apenas uma adolescente quando sua mãe começou a trabalhar naquela mansão. Antes disso as duas nunca tinham durado muito tempo em lugar algum e foram inúmeras as vezes em que Sienna fora obrigada a mudar de escola, nunca construindo amizades, nunca tendo um lar, um lugar que pudesse lhe transmitir segurança. Para ela, este novo emprego da mãe era uma oportunidade de, pelo menos, ter um quarto, um cantinho por um tempo mais duradouro. E ela não queria que aquilo acabasse, mesmo que lhe doesse comparar a própria vida com a vida que os filhos do patrão levavam, tendo tudo o que ela um dia sonhou para sim. A irmã de Andreas tinha as melhores roupas, a oportunidade de estudar nos melhores colégios e cursar uma faculdade, enquanto ela não podia sequer ser fotógrafa, pois não tinha condições nem de comprar uma máquina fotográfica profissional. Por isso, invejava os dois. Queria ter aquelas oportunidades, não se preocupar se um dia sequer teria um teto sobre sua cabeça. Era tão errado assim querer uma vida como aquela? 

"Era um desejo mercenário de sua parte querer um lugar como aquele? Ninguém seria capaz de expulsá-la de lá. Ninguém bateria à sua porta, cobrando um aluguel não pago. Ela se sentiria segua pela primeira vez na vida. Teria um teto sobre sua cabeça que ninguém poderia lhe tirar."

Foi pensando nisso que, aos 17 anos de idade, ela tentou seduzir Andreas, alguns anos mais velho que ela. Embora parte dos seus motivos fosse desejar a vida que ele poderia lhe proporcionar com seu dinheiro, também acreditava estar apaixonada por ele, que era lindo e representava o príncipe encantado que gostaria de ter. Mas tudo deu terrivelmente errado, alimentando um ódio que apenas se fortaleceria com os acontecimentos seguintes. 

Quando o caso que a mãe de Sienna estava tendo com o pai de Andreas foi descoberto, ela e a mãe foram massacradas pela imprensa. Ninguém parou para julgar o homem rico que se envolveu com a governanta ou poupou a filha dela que não tinha culpa de nada. Ambas foram tratadas como vagabundas, como mulheres da pior espécie e mesmo após a morte da mãe, Sienna continuou sendo perseguida pela mídia, que inventava coisas ao seu respeito, pintando uma pessoa bem diferente da que realmente era. 

"Ver sua mãe ser caluniada, vê-la humilhada da pior maneira possível, era uma mágoa que Sienna ainda carregava consigo. Ela jurara, naquele dia, que nunca ficaria à mercê de um homem poderoso. Ela estaria sempre no controle. Seria o agente de seu próprio destino, não permitindo que sua vida fosse ditada por ninguém."

Cansada de tantas pancadas injustas, decidiu ser pelo menos um pouco do que a mídia dizia. Dedicou-se a festas e noitadas, embora no fundo nunca bebesse além do recomendado ou dormisse com desconhecidos. Ao longo dos anos só tivera dois relacionamentos, ao invés de pular de cama em cama como afirmavam. Mas sua autoestima e seu coração sofrem o pior baque quando ela acorda numa manhã na cama de alguém que ela não conhecia, nua e confusa, sem lembrar de coisa alguma. 

Desesperada, sentindo uma dor no coração que nem Andreas tinha conseguido lhe provocar no passado, ela vai embora do país, mas os acontecimentos daquela noite a perseguem, pois um vídeo é publicado na internet, jogando para sempre o seu nome e seu orgulho na lama. É quando ela aceita a proposta de casamento de um amigo, disposto a lhe dar sua proteção, um pouco da segurança que ela tanto necessitava. 

Todavia, a morte dele, pouquíssimos anos mais tarde, a deixa novamente sozinha. Sem o apoio dos filhos dele, que a consideravam uma interesseira e a impediram de continuar trabalhando nos negócios da família, Sienna tentou recomeçar a própria vida, com o fundo que ele deixou em seu nome, ainda que não fosse o suficiente para ela se manter com tranquilidade. Mas ela teria seguido adiante e feito o seu melhor, se Andreas não tivesse reaparecido em sua vida, por conta da morte e testamento de seu pai. 

"Seis meses casada com seu pior inimigo."

Disposto a brincar com o próprio filho, o pai de Andreas estabeleceu uma cláusula no testamento. Se ele quisesse ficar com o château que pertencera à sua mãe teria que se casar e permanecer casado com Sienna por seis meses, caso contrário o bem automaticamente ficaria para ela, a filha da governanta com quem traiu a esposa. Se ele aceitasse o acordo, ao fim dos seis meses, Sienna seria recompensada com uma quantia em dinheiro e Andreas ficaria com o bem de sua mãe. Era muito simples. Só que não

Embora odiasse Andreas pela forma como ele a tratou no passado e pela vida que ele levava, Sienna não pôde ignorar que perder seis meses ao lado dele teria vantagens, pois o valor que ela receberia seria suficiente para montar seu estúdio, para comprar os materiais necessários para começar seu próprio negócio e ser dona de si. E ainda sobraria dinheiro. Seria uma tonta se desperdiçasse aquela oportunidade por conta das emoções. O melhor era utilizar a razão, afinal de contas, não seria mais que um casamento de conveniência, sem envolvimento físico. 

"Tiraria o que pudesse daquela situação e seguiria em frente. Tiraria de Andreas cada centavo que conseguisse, antes de sair da vida dele. Para sempre."

Este livro conseguiu me impressionar e inclusive bagunçou minhas emoções nas páginas finais, fazendo com que eu chorasse pela mocinha, como se estivesse sentindo a dor dela. Demorei bastante tempo para compreendê-la, pois ela guardava tão bem os sentimentos dentro de si, a verdade, que eu não sabia muito bem o que pensar. Ela dizia que só queria o dinheiro, fazia com que nós leitores mesmos pensássemos que ela era fútil, embora no fundo soubéssemos que ela não estava revelando tudo, que estava se escondendo por trás de máscaras. Mas é conforme a leitura avança que entendemos tudo o que ela passou e que toda vez que dizia coisas absurdas e desprezíveis, na verdade estava falando apenas o que os outros desejavam ouvir, por pensarem o pior dela. É como se ela desse de ombros e dissesse: "Não é isso o que vocês pensam? Então é o que sou." Mas na verdade ela não era aquilo. E guardava seus sonhos ainda vivos como um segredo que ninguém tivesse o direito de saber, pois eram sonhos que ela também não acreditava que pudesse realizar. Por isso, quando passei por uma determinada cena nas páginas finais eu não consegui evitar as lágrimas. Sienna não merecia perder tanto como perdeu. E nem seu final feliz compensou tudo o que ela sofreu. 

"- Você me odeia tanto quanto eu a odeio, então estamos empatados nisso, Sienna."

E, acreditem, ele realmente a odiava. Era um ódio desproporcional, pois o que ela fez quando tinha dezessete anos não atingiu em nada a vida dele. Foi apenas a inconsequência de uma menina, sem que tivesse provocado qualquer estrago, embora ela acreditasse que sim. Acredito que ele a odiava pelo que a mãe dela fez, que foi se envolver com seu pai. E isso é simplesmente irracional porque Sienna não podia ser responsabilizada pelos erros da mãe. E ele agia como a imprensa tinha agido, condenando-a por erros que não eram dela. 

A insensibilidade do Andreas, a maneira como ele a tratava me irritou além da conta. Ele a xingava (xingava de verdade!), a humilhava e era tão incapaz de se colocar no lugar dos outros, de entender como suas vidas eram tão diferentes, que eu tive vontade de quebrar algo na cabeça dele. Sienna o enfrentava com a cabeça erguida, mas nem a pessoa mais forte aguenta o tempo todo. Por isso, há uma cena em que ela não consegue mais se controlar e tem uma crise na frente dele, chorando o que nunca tinha chorado na frente de ninguém. E neste momento fui eu que o odiei. Por tê-la levado àquele ponto. Por ser tão canalha. Ainda que ele fique chocado com as lágrimas dela (porque é tão desgraçado que nem percebe o quanto as coisas que ele dizia magoavam) e a console, isso em nada diminuiu a minha raiva. Eu só queria que ela o deixasse. Que jogasse para o alto aquela droga toda e fosse embora. Porque nem mesmo a vantagem financeira compensava viver debaixo do mesmo teto de alguém que tanto lhe desprezava. E quem mais ganharia com aquele casamento seria ele, como sempre

É risível que a considerasse uma qualquer por se casar com ele pelo dinheiro que receberia, mesmo que o casamento não envolvesse sexo. Como ele podia ser tão cara de pau? E se casou com ela por quê? Não foi por um bem do qual sequer gostava?! Que nem visitava? Não precisava de nada da herança do pai, mas estava sempre querendo mais e sempre mostrando o quanto era poderoso. E achava ruim que uma pessoa que não tinha nada quisesse o que receberia pelo testamento. Eu detestei tanto o Andreas e sua arrogância que desejei que ela não tivesse assinado acordo nenhum antes de casar e ao se divorciar tirasse metade do que ele tivesse. Nem que ela doasse tudo depois, mas ele merecia aprender umas coisinhas. 

Andreas se sentia demais por ter tanto e desvalorizava as pessoas. Não tratava bem os empregados, estava disposto a assassinar um cachorro simplesmente porque o "vira-lata sarnento", como ele chamava, se atreveu a pisar em sua propriedade. Ele deu ordens para matar o cachorro. Que ser humano faz algo assim? Se não fosse a mocinha a proteger o cachorro ele teria realmente matado o animal, sem sentir remorso. O fato de ele vir a se apegar ao cachorro depois não muda nada. Porque só existia um cão para ele se apegar porque a mocinha lutou pelo cachorro. No lugar do Migalhas eu iria manter distância do Andreas, um ser humano tão vil. 

"Detestava-o por lembrá-la daquele evento terrível, por cutucá-la com o passado que ela queria esquecer, o passado que desejava que nunca tivesse acontecido. Fingia que aquilo não a machucava, mas machucava."

Eu acreditei no amor do Andreas? Sim, ele realmente se apaixonou por ela, por conta da convivência e ao rever certos conceitos. A autora foi bem-sucedida ao deixar claro que ele não a amava antes. Que não existia aquilo de "sempre amou". Não. Ele a desprezava antes. Com todas as forças. Eu cheguei a achar que por ser uma história tão curta, de pouco mais de cento e cinquenta páginas, nem teria tempo para amor algum surgir. Só que a autora consegue nos fazer acreditar no amor dele, embora isso não apague nada do que ele fez antes. Eu não me importava mais se a amava ou não. Ele não era digno dela. Ela merecia um homem muito melhor, alguém que fosse não só um bom marido, mas antes de tudo um bom ser humano. Coisa que o Andreas não era. 

Aperte o botão abaixo para saber o desfecho do livro:
O Andreas só aprende alguma coisa no final da história. Ele se arrepende de boa parte dos seus erros antes disso, pede perdão e tudo o mais. Só que não muda e o arrependimento tem que vir com ações. Mesmo com remorso, mesmo assolado pela culpa, como a autora descreve, ele segue magoando a Sienna. E ela dá um basta nisso jogando tudo para o alto. Não dando mais a mínima se receberia algum dinheiro ou não ao fim dos seis meses. Ela simplesmente arruma as coisas dela e vai embora, terminando com tudo. E não volta atrás. Corta todo o contato com ele. E aí sim o Andreas percebe a merda que fez. E tem que procurar por ela. Sem nem saber por onde começar já que ela não dá seu novo endereço para ninguém. Ainda assim eu não o perdoei. Mesmo que ele tenha sofrido e ido atrás dela para tentar recuperá-la. Queria que ela o tivesse feito sofrer mais!

Eu teria muitas outras coisas para comentar sobre o livro. Marquei vários trechos do livro que mostrariam mais do caráter do suposto mocinho, mas a resenha já está muito grande e acho melhor parar por aqui.rsrs Mas deixo claro que o Andreas se arrepende, que sabe pedir desculpas e até faz algo bonito por ela. Só que eu não esqueço as coisas fácil, sabe? Não acho que ele compensou nada. E teria preferido que a mocinha tivesse conhecido outra pessoa e se apaixonado. Mas como ninguém manda no coração...

O livro recebeu três estrelas por possuir uma história capaz de nos envolver por completo, de emocionar, por ter uma mocinha tão forte e "real". Não recebeu mais estrelas porque com um mocinho como Andreas seria impossível. 

Esta história é a segunda da duologia Irmãs do Escândalo. Ainda não li o primeiro, mas parece que o mocinho desse livro é muito melhor que o Andreas. Estou curiosa. 

*Esta foi minha leitura para o tema de fevereiro da Maratona Romances de Banca. Eu só li agora em março, mas antes tarde do que nunca.rs Em breve trarei resenha da escolha deste mês! :D






Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino, Felipe e Damon (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

7 comentários:

  1. BOM DIA LUNA TUDO BEM?
    AINDA não li esse livro embora o tenha ,mas o percebo é que essa autora escreve romances que fogem um pouco dos outros JÁ LI comentarios dizendo que ela escreve enredos leves
    PELO que li se sua resenha ,pela resenha de um outro livro dela chamado NOITES DE REBELDIA e outro que li chamado DONA DE SEU DESTINO acho que é ao contrario
    SEUS romances são tem temas fortes ´os personagens mexem com a gente de ficamos numa montanha russa de sensaçao
    ORA A gente ama os personegens ora a gente odeia
    ESSE LIVRO que li dela tem elementos parecidos com esse que voce leu
    O DIFERENCIAL é que no livro que li a mocinha timha uma personalidade que confunDia a gente EM MOMENTOS que ela era mal educada grossa ,em outros era fragil O MOCINHO era paciente apesar de que tinha horas que ele queria esgane-la e eu tambem kkkkk
    NÃO SEI quando lerei outros livros da autora ,fiquei com trauma da mocinha e cansada de entender as sua atitudes me acalmar e não jogar o livro na parede kkkkk

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    1. Olá, Eliane!

      Concordo com você: os livros desta autora trazem personagens mais fortes e complexos.

      Te entendo perfeitamente! Eu tive problemas assim com o mocinho de Inimigos no Altar. A mocinha também é complicada, difícil de entender, mas ele é um grosso, que xinga a mocinha, que fala coisas que humilham... dá vontade de bater nele.kkkkkkk...

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  2. Olá!

    Nossa, esse """"mocinho"""" em nada me agradou, tenho certeza que se eu pegasse o livro para ler iria ter a mesma impressão que você a respeito dele. Que atitude horrenda matar um cachorro e culpar a menina pelos erros da mãe dela.
    Mas que bom que apesar de todas as suas tristezas, ela é bem forte e isso aquece meu coração!

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  3. Eu li dois livros da autora, um eu achei bem mais do mesmo e o outro eu amei muito, que foi o Pobre Menina Rica (se não leu, leia), por isso quando vi que a resenha era de um livro dela, devorei todas as suas palavras. Já vou procurar pra comprar agora mesmo porque confio muito na sua opinião.
    beijos

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  4. Olá!
    Já faz um bom tempo que não tenho contato em minhas leituras com um romance de banca. Gostei bastante da premissa e poder ver que os personagens trazem uma carga de drama bem interessante nesse leitura. Fiquei bem curiosa para saber o que aconteceu com a mocinha que deixou suas emoções a flor da pele.
    Acredito que vá gostar de conhecer a escrita da autora.

    Camila de Moraes

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  5. Olá Luna, faz bastante tempo que eu não leio um romance de banca, eu não conhecia esse mas pelos seus comentários parece ser um enredo cheio de reviravoltas e uma boa dose de acontecimentos ruins na vida da mocinha, além de que sem duvida também não ia gostar do Andreas. Adorei sua resenha *-*

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  6. Olá, tudo bem Luna?
    Eu não conhecia o livro e a autora, confesso também que romance não é o meu forte, mas parece ser uma boa leitura. A premissa é interessante e vou pesquisar mais sobre o livro.
    Abraço!

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