(Editora: Novo Século
Edição de: 2016)
Série Flores da Temporada - Livro 1
Século XIX: status, vestidos pomposos, carruagens, bailes… Kathelyn Stanwell, a irresistível filha de um conde, seria a debutante perfeita, exceto pelo fato de que ela detesta a nobreza; é corajosa, idealista e geniosa. Nutre o sonho de ser livre para escolher o próprio destino, dentre eles inclui o de não casar-se cedo. No entanto, em um baile de máscaras, um homem intrigante entra em cena… Arthur Harold é bonito, rico e obstinado.
Supondo, por sua aparência, que ele não pertence ao seu mundo, a impulsiva Kathelyn o convida a entrar no jardim – passeio proibido para jovens damas. Nunca mais se veriam, ela estava segura disso. Entretanto, ele é o nono duque de Belmont, alguém bem diferente do homem que idealizava. De um instante a outro, o que parecia a aventura de uma noite se transforma em uma paixão sem limites.
Porém, a traição causada pela inveja e uma sucessão de mal-entendidos dão origem ao ciúme e muitas reviravoltas. Kathelyn será desafiada, não mais pelas regras sociais ou pelo direito de trilhar o próprio caminho, e, sim, pela única coisa capaz de vencer até mesmo a sua força de vontade e enorme teimosia: o seu coração.
Palavras de uma leitora...
- Se você leu meu desabafo no facebook e está com medo de a resenha conter spoiler, não se preocupe! Seu medo faz todo o sentido!kkkkk... Realmente esta resenha terá. Sinto tanta raiva, uma revolta tão grande que será impossível me controlar. Todavia, eu avisarei quando o spoiler começar. Haverá um aviso em destaque, prometo! :)
Você olhou para esta capa maravilhosa e pensou: "Nossa! A história deve ser incrível, apaixonante, o tipo de livro que estou precisando ler para voltar a acreditar no amor! Já quero ler!" Pensou? Pois sinto te informar que se você iniciar a leitura com tal ideia vai sofrer uma baita decepção. Acredite! Eu estou passando por isso. Criei expectativas grandes em torno deste livro e quebrei a minha cara. Ainda não superei o tombo. Se me arrependo de lê-lo? Com toda a certeza do mundo!
Era uma vez uma linda jovem de dezessete anos, cheia de vida e sonhos, determinada a casar-se por amor. Inteligente, apaixonada por livros, História e artes, sabia que era diferente de todas as moças da nobreza britânica do século XIX. Mas não se importava. Queria viver... apaixonar-se perdidamente e ser correspondida em seus sentimentos. Será que era realmente pedir demais? Será que era um pecado tão grande desejar sentir-se amada? Não suportaria passar todos os seus anos presa a um casamento por conveniência. Não era o que queria para seu futuro. Deixou isso mais do que claro para sua família, embora soubesse que, no fim das contas, era nas mãos do seu pai que estava a sua vida e a escolha de quem a desposaria.
Em sua primeira temporada em Londres já despertara o interesse de possíveis pretendentes, por mais que seu comportamento peculiar, sua rebeldia e seus constantes sorrisos tenham desagradado boa parte da sociedade, que só aguardava uma oportunidade de apagar a alegria de seu rosto. Os homens a devoravam com os olhos e, em sua inocência, ela nem notava. Era invejada pelas mulheres, até mesmo por aquelas que possuíam laços de sangue com ela, e não percebia. Era tão simples em sua ingenuidade, acreditando que os outros tinham a mesma generosidade e compaixão que ela... que quando finalmente notasse quem eram as pessoas ao seu redor... seria tarde demais.
Foi num baile de máscaras que ela o conheceu. Ainda estava de castigo por sua última rebeldia, mas convencera os pais a deixá-la participar daquele baile. Embora tal evento deslumbrasse as mulheres, tudo o que Kathelyn queria era visitar o escritório de seu anfitrião e conhecer suas raras obras de artes, suas antiguidades gregas. Sonhava com aquele momento. Como poderia saber? Como imaginaria que aquela noite marcaria para sempre a sua vida?
Ele a seguiu até ali. Não tirava os olhos dela desde que a vira pela primeira vez e ficou intrigado quando ela se esgueirou por aquele corredor até o escritório do visconde. Sua curiosidade logo deu lugar para dúvidas e pré-julgamentos.
" - Por favor, deixe-me ir.
- Diga o que fazia aqui? - ele falou próximo à sua orelha.
- Eu... Eu apenas... Queria olhar."
Ao trocar algumas palavras com ela e perceber o grande conhecimento que ela tinha sobre Artes e culturas, bem como de História, percebeu também que ela não era uma dama. E tendo tal ideia sobre ela não era nenhum insulto aproximar-se mais... e mais.
De início, Kathelyn teve medo dele. Ele encostava as mãos nela, tocava em seu corpo e por mais que não fossem intimidades era muito mais do que qualquer homem se atrevera. Porém, algo estava se passando no seu interior. Sem saber bem o que sentia e sem defesas para um sentimento desconhecido, ela se deixou guiar por ele naquela noite... acordando somente instantes antes dele conseguir o que queria.
Furioso por ela não ter permitido que ele a possuísse no jardim, sem nem saber seu nome ou ter qualquer consideração (pois se ela não era uma dama aquilo não seria errado), jurou para si mesmo que a arrancaria do baile à força e a faria aprender a jamais se comportar daquela maneira. Porque o certo, é claro, seria permitir que ele tomasse o que queria.
"Iria arrancá-la do baile à força. Ensinaria àquela provocadora inconsequente que ela não poderia se divertir com qualquer homem e sair incólume."
Não sabiam a identidade um do outro, mas o destino, irônico e cruel, trataria de fazê-los se encontrar outra vez... E, agora sabendo quem ela era e que não poderia tê-la em sua cama sem um contrato de casamento, Arthur, um duque dos pés à cabeça, trata de garantir que ela seja sua, num acordo com o pai da moça.
Ah, ele a cortejaria. A faria se apaixonar por ele, mas não abriria mão das garantias. Ela não precisaria saber que seu pai já a entregara a ele. Não havia a menor necessidade de informá-la.
Quanto mais frequente são as visitas do duque à sua casa e os passeios que insiste em fazer com ela, maior é o envolvimento de Kathelyn. Estava se apaixonando pela primeira vez e, na doçura do primeiro amor, não se importou com mais nada. Não via nada de errado no fato dele beijá-la com paixão na frente de toda a sociedade e tocar seu corpo como se já o conhecesse intimamente... Ele seria seu marido, a tinha pedido em casamento. E se seus pais permitiam, então realmente não era errado. Não podia saber... o que seria dela se ele voltasse atrás... se rompesse o compromisso... Não. Ela não fazia ideia da tragédia que atingiria sua vida.
Era para ser seu conto de fadas. A realização do seu maior sonho. Mas se tornaria um pesadelo do qual ela não conseguiria acordar. Porque o homem para o qual ela se entregou sem reservas, a quem deu todo seu amor e confiança, seria o vilão da sua história. O destruidor de tudo o que um dia ela teve De absolutamente tudo. Aquele que a faria conhecer o inferno.
"[...] Caso não consiga me convencer do contrário, saiba que terminarei o que começamos aquela noite no jardim."
- Essa frase tão "linda" é dita durante uma conversa, ainda no início do relacionamento. Ele disse para a mocinha, do alto de sua arrogância e desrespeito pelas mulheres, que se ela não conseguisse provar para ele que era uma dama, ele não teria nenhum problema em terminar o que começou no jardim, na noite em que se viram pela primeira vez. Porque somente uma dama merece respeito, sabe? Se a mulher não era tão privilegiada o que merecia? Ora, ser usada por ele. Atender suas vontades.
Embora tenha iniciado a leitura do livro cheia de expectativas, acreditando com todo o meu coração que o amaria, tudo começou a mudar logo que conheci o Arthur. Tive o pressentimento de que ele causaria muitos danos. Dava para sentir algo obscuro no personagem. Ia além da arrogância dele, de sua posição como duque e do fato de ele se prender tanto aos costumes dos seus iguais. Tinha algo nele que me fazia mal. E ao me sentir dessa forma eu me peguntei se não tinha cometido um grave erro ao iniciar esta leitura.
Mas eu não quis acreditar no que os meus sentidos gritavam. Achei que era coisa da minha cabeça, que o mocinho iria evoluir ao longo da história e provaria que era a pessoa certa para a Kathelyn, que a amaria como ninguém e a protegeria de tudo e todos. Realmente acreditei nisso. E quando ela sofreu aquele acidente e ele ficou tão louco de preocupação, eu suspirei. Disse para mim mesma: "Viu? Para que tanto medo?! É claro que ele é maravilhoso!" Só que o que veio depois... me mostrou, de maneira bastante dolorosa, que eu deveria ter seguido os meus instintos iniciais e abandonado a leitura. Assim não teria ficado tão destroçada, tão atormentada com a série de desgraças que esse filho de chocadeira causa.
O que disse até agora não é spoiler.
O QUE DIREI A PARTIR DESTE INSTANTE SERÁ! DAQUI PARA BAIXO HAVERÁ SPOILER!!!! Se não quer saber segredos do livro, pare de ler a resenha imediatamente!
E se você já leu o livro e o amou, ficou perdidamente apaixonada pela história e não suportaria que alguém falasse mal dela, também recomendo que pare de ler a resenha. Porque não existe a menor possibilidade de eu não desabafar pelo menos um pouco do ódio violento que sinto por esse desgraçado, filho da p..., verme dos infernos. Não mesmo. Preciso desabafar senão não conseguirei me livrar de todos os sentimentos ruins que este livro me provocou. Da dor na qual mergulhei por culpa dele.
"Quase qualquer coisa é perdoável quando se tem um ducado lhe amparando."
E o Arthur bem sabia disso. Conhecia todas as hipocrisias de sua época e partilhava delas. Conhecia o valor de uma mulher e como obter o que desejava. Uma coisa que ele não conhecia? O significado da palavra amor. Nem mesmo se comesse um dicionário saberia.
Em meus anos de leitora conheci mocinhos desprezíveis, baixos, cretinos, que sapatearam em cima das mocinhas, as humilharam e as fizeram derramar lágrimas que doíam em mim. Fiz resenhas sobre muitos livros assim e quem segue meu blog desde o princípio sabe de quais resenhas estou falando. Um dos livros mais marcantes com mocinhos assim foi Amor e Vingança, único livro que li da Sophia Johnson. Por que será que nunca mais li nada da autora? Tamanho foi o ódio que aquele livro me provocou que eu jurei para mim mesma que nunca mais leria nada dela. Se todos os livros do mundo deixassem de existir e eu só tivesse livros da Sophia Johnson para ler, deixaria de ser uma leitora. E falo muito sério! Não existe a menor chance de eu voltar a lê-la. A respeito muito como escritora. Só que o mesmo direito que ela tem de escrever um "romance" sobre um homem abusivo, violento e vingativo, que no final consegue o felizes para sempre ao lado da mocinha na qual ele tanto pisou, eu também tenho de não ler tais obras. Ela escreve o que ela quer. Eu leio o que quero. Simples assim.
E me pergunto, com uma dor no coração, se a Babi A. Sette conseguirá ficar na mesma categoria que essa escritora para mim. Se também será uma escritora que me recusarei a voltar a ler... Realmente não quero que isso aconteça. Quero me apaixonar pelas obras da autora. Só que isso vai depender do próximo livro da série. Que só lerei, gente, porque já o tenho. Se fosse por A Promessa da Rosa, a Babi já teria lugar garantido entre as escritoras que não voltaria a ler nunca. Mas como tenho aqui o segundo livro da série, ela conseguiu uma segunda chance comigo.
- O que você não faria pela pessoa que ama? Pense em alguém que você ama muito e que confia em você. Teria coragem de abandonar essa pessoa? De entregá-la de bandeja nas mãos daqueles que você sabe (e sabe muito bem) que querem devorá-la, fazê-la em pedaços e só aguardavam uma oportunidade? Trairia dessa maneira alguém que confiou tão completamente em você? Uma coisa eu tenho como certa: quem ama não trai. Sei o blá, blá, blá que algumas pessoas falariam tentando me convencer do contrário, que existem circunstâncias e circunstâncias, etc e tal. Mas é uma certeza que tenho: quem ama não trai. Porque quando você ama alguém, você pode até odiá-la, desejar esganá-la em certos momentos, gritar um monte de besteiras em momentos de raiva, mas você nunca trairia essa pessoa. Porque o amor não permite. A traição não anda junto com o amor.
E não. Não estou falando da traição mais comum do mundo. De deitar-se com outra pessoa, render-se às tentações do corpo e quebrar as promessas que fez, enganando seu par com outra pessoa. Não. Estou falando de algo diferente e muito mais grave. Estou falando de entregar alguém que você ama, de abandonar essa pessoa à própria sorte, de destruir a vida de alguém que você dizia amar. E que te amou. Que confiou. Ninguém destrói a vida de quem ama. Então, não existe maneira da autora me convencer que o Arthur um dia amou a Kathelyn. Ele sentia desejo, cobiça, queria ser seu dono, marcá-la como sua. Mas nada disso se confunde com amor.
"- Quem é você, Belmont? - Ela empertigou-se ao perguntar, não o deixaria ver o quão afetada estava. Não deixaria."
- Quando penso no passado da Kathelyn, em toda sua inocência, em seus sonhos de um casamento por amor, como um perfeito conto de fadas, a dor que sinto é ainda maior. Ver alguém, cujo único erro que cometeu foi confiar nas pessoas erradas, ser destruída como ela foi é insuportável. Sei que existem muitas pessoas que sentem prazer com a desgraça alheia... e não é de hoje. Lembrem-se das fogueiras, das pessoas que eram queimadas. Lembrem-se daqueles que eram guilhotinados, açoitados até a morte... até mesmo crucificados. Existiam pessoas vibrando, aplaudindo, pedindo mais. Não é de hoje que as pessoas se divertem com o sofrimento dos outros. Mas, graças a Deus, eu não sou assim. E a dor da Kathelyn me feriu. Muito. Chorei com ela, senti meu coração se romper quando o dela foi rompido. Era como se tudo aquilo estivesse acontecendo comigo. E o que mais doía, o que era realmente insuportável era saber quem era o causador de tudo aquilo. Que tinha sido o homem que ela amou que fez aquilo com ela.
Mas, Luna, pelo amor de Deus, o que o Arthur fez de tão grave?! Por que você o odeia tanto?! Será que consigo resumir? Foram muitas as coisas que ele fez.... Mas por que o odeio? Quando foi que ele conquistou o direito de ser um dos mocinhos que eu gostaria de ver morto no final do livro? Bem... Isso aconteceu no dia em que ele entrou em contato com um jornal de grande circulação e anunciou o término do relacionamento com a Kathelyn, sem nem dizer nada para ela.
Só isso?! Você o odeia só por que ele rompeu o noivado? Pense de novo, gente! Não estamos falando do século XXI. Estamos na Inglaterra do século XIX, no meio de uma sociedade hipócrita e predadora, que não desperdiçaria jamais a chance de destruir alguém, de arruinar por completo uma jovem, pelo simples prazer de ver a sua queda.
Quando anunciou o noivado, o Arthur sabia que se um dia o rompesse, a Kathelyn ficaria arruinada. Não por um simples rompimento, mas por todas as exibições dele ao longo do noivado. Todas as vezes que ele fez questão de tocá-la na frente da sociedade, de beijá-la como aqueles nobres beijavam suas amantes. Ele tocava em seu corpo abertamente, rompia todas as regras e os pais da Kathe não faziam nada porque tinham a garantia de um contrato, porque sabiam que ele iria se casar com ela e assim sua filha não corria nenhum perigo real. Mas aí ele rompe. E vai embora do país logo em seguida. Sem uma palavra. Sem uma explicação.
O rompimento foi como uma acusação. A sociedade enxergou naquele término a condenação da mocinha. Se o duque tinha terminado o relacionamento era porque ela era uma perdida, porque provavelmente tinha entregado a ele (e quem sabe quantos outros) aquilo que deveria ter resguardado. Ele continuou sendo tratado com respeito. Era o certo da história. Ela? Para todos, era uma meretriz. Uma mulher sem honra que merecia o desprezo de todos. E que deveria se contentar em esquentar a cama dos homens. Seria para sempre uma amante. Jamais uma esposa.
"A sociedade jamais levantaria para defender uma mulher quando um homem a acusa"
A sociedade cai com tudo em cima da Kathe. Vocês não fazem ideia do que ela passou. De como foi terrível o que fizeram com ela. E o Arthur sabia que isso aconteceria. E não se importou. Mais do que isso. Mais do que não se importar foi o que ele ainda fez depois.
Embora tenha ficado destruída pela maneira como passou a ser tratada pelo rompimento do "mocinho", embora não pudesse mais sequer sair de casa e soubesse que não poderia mais se casar ou ter filhos, que todas as suas chances estavam acabadas, ela ainda tentou pensar positivo. Sim, seus sonhos de um casamento por amor estavam mortos. Sequer um casamento por conveniência um dia teria. Mas pelo menos tinha sua família. Eles a protegeriam, ela poderia ficar dentro de casa e o amor deles lhes bastaria. Ah, quanta ingenuidade!
Ao receber o comunicado do duque (nosso querido, maravilhoso Arthur) de que tinha um mês para pagar uma fortuna como multa pelo rompimento do noivado (foi o Arthur quem rompeu, mas exigia do pai da mocinha uma indenização por isso), o pai da Kathe surtou. Jogou para cima dela toda a culpa. Que ela tinha permitido que ele a beijasse em público, que ela tinha dado liberdade a ele, que ela tinha arruinado tudo e arrastado a família para a lama. Como o escândalo que envolveu a Kathe os atingia e pagar aquela fortuna como multa seria um golpe insuperável em suas finanças, o pai, que um dia a carregou no colo, brincou com ela, leu histórias antes dela dormir e a chamou de "minha princesinha" lhe virou as costas. Não. Não só isso. A jogou na rua. Só com a roupa do corpo. Deixando claro que ela não era mais sua filha, que não tinha mais pai, mãe ou irmã. E que não poderia levar consigo nem uma peça de roupa além daquela que a vestia e um centavo sequer. Sairia daquele jeito e iria para a rua que era o seu lugar.
"- Saia desta casa como a meretriz que você é, com a cabeça baixa, porque mesmo esse queixo erguido que a boa vida lhe deu será dobrado pelo que ela lhe reserva.
- Para onde irei? - Sai em voz alta, mas a pergunta foi feita para si mesma. O conde que ouviu respondeu-a.
- Para onde vão as mulheres sem honra, para a rua, para o bordel, para o inferno, se assim desejar."
- Ela tinha apenas 17 anos. E foi ali que morreu. Naquele dia, quando o segundo homem que amava (seu pai) também lhe traiu. Quando a jogou na rua, sem ter para onde ir e como manter-se. Sabendo (assim como Arthur sabia que a estava destruindo) que a filha provavelmente teria que se prostituir se não quisesse morrer de fome.
E aí o livro dá um salto de três anos.
Ela se prostituiu? Aquela menina de dezessete anos, que cometeu o grande pecado de amar e confiar num homem e na própria família, teve que virar a meretriz que todos queriam para poder não morrer de fome? Não exatamente. Mas não venham me dizer que há honra na degradação, que ela se tornou poderosa por desempenhar o papel que foi obrigada a desempenhar. Não. Eu não aceito isso. E nem ela aceitava. Porque tinha nojo de si mesma quando se olhava no espelho. E se eu não quisesse o Arthur morto antes teria desejado vê-lo queimando no inferno quando vi no que a Kathe teve que se transformar.
Embora não tenha chegado a vender o corpo para comer ou se tornado a "protegida" de algum nobre, foi obrigada a desempenhar um papel em que era tudo isso para a sociedade. Não a da Inglaterra. Mas da Holanda e depois da França.
- Quando foi jogada na rua pela família, após a traição do Arthur, ela não sabia o que iria fazer. Sua preceptora foi a única, dentre todas as pessoas, que não a abandonou. Então, ela partiu para a Holanda, disposta a tentar que seu amigo de infância a ajudasse. E ele realmente ajudou. De verdade. Com a ajuda dele se tornou uma famosa cantora de ópera, mas teve que se proteger por trás de um papel. Kathelyn deixou de existir. Construiu uma nova identidade. Tornou-se madame Borelli, uma jovem viúva, que foi amante do príncipe da Holanda e depois se envolveu com outros nobres importantes. Na Inglaterra isso não lhe asseguraria nenhuma proteção. Mas na França tal história, tal passado era a única maneira de ela poder circular livremente. Esteve na cama de muitos, embora não tenha estado na de nenhum. Desempenhou esse papel, mesmo sentindo-se podre por dentro. Sabia que jamais tinha feito nada daquilo, que sequer tinha sido tocada dessa maneira por alguém, mas para o mundo, para aqueles que a admiravam e desejavam, ela era alguém sempre disposta a ter "um protetor".
Bem... Ao dizer que a Kathelyn nunca foi tocada daquela maneira por ninguém, eu não quis dizer que ela não foi tocada. Minha vontade de matar o mocinho só aumenta com cada lembrança. Sabem o que aconteceu com ela antes de conseguir chegar na Holanda? Pediu ajuda aos parentes. Não tinha nenhum dinheiro, passava fome, estava fraca e suja, mal suportando. Então... depois de receber uma recusa de ajuda de muitos, chega até seu primo Rafael, que cresceu com ela, implorando que ele lhe empreste o dinheiro para a viagem. Ele a recebe bem, claro. Ela toma um banho, come uma verdadeira refeição pela primeira vez em muito tempo e ele tenta oferecer dinheiro em troca de sexo. Ela recusa. Ele a estupra. Acreditem, quando ela conta tudo isso... é uma cena que marca a nossa mente, o nosso coração. Dói profundamente apenas lembrar.
Tão fácil sentir compaixão pelo Arthur, não é? Pobre mocinho! Se arrependeu tanto, coitado! Enxergar o sofrimento da Kathelyn, se solidarizar com quem realmente sofreu nessa história toda, ah, isso é mais difícil, certo?
É quando está na França que seu caminho se cruza novamente com o do Arthur. E o que vocês pensam que ele faz? Aquilo era tudo o que ele poderia desejar. Se ela já tinha estado com tantos, então era realmente a vagabunda que ele sempre julgou que fosse. Mas nem mesmo a fúria por ela ter se atrevido a se entregar a outros o impediu de querer tê-la. Na verdade, o motivou mais. Queria usá-la como os outros. Queria se satisfazer e se tivesse que chantageá-la para isso, não teria o menor escrúpulo. Afinal de contas, que direito ela teria de recusá-lo? Que diferença faria mais um?
"Não era mulher para se ter como esposa.
Era mulher para ser a amante."
- Claro que ele consegue o que queria. Embora jamais tenha se entregado a outros homens, Kathelyn nunca deixou de amá-lo. Mesmo que fosse um amor profundamente machucado. Ela não conseguia se afastar. Quando ele estava perto ela deixava que ele fizesse o que queria dela. Tentava resistir, lembrar de todo o mal que ele lhe fez, mas estava presa à doença que era o seu amor por ele. Mesmo que soubesse que só queria usá-la, que a ameaçava, que não tinha um pingo de respeito por ela, ainda assim ela não era capaz de superá-lo. De dizer: "Chega! Você vai sair da minha vida de uma vez por todas!". Não. E isso só a destrói mais.
Até os nobres da França, que sonhavam com a chance de tê-la em suas camas, a respeitavam mais do que o Arthur. Eles a veneravam, a tratavam como uma rainha, esperando que um dia ela aceitasse algum deles como protetor. E se eram recusados, não a difamavam por isso. Enquanto o Arthur, que tanto dizia para si mesmo que a amava, estava sempre expondo-a, gritando xingamentos, chamando a atenção dos outros para ela e a humilhando publicamente. Ele causou todas as dores dela. Ela perdeu a família, os amigos (embora não fossem amigos de verdade), a reputação, a irmã (que era sua melhor amiga e ela nunca mais pôde ver)... perdeu até o direito de estar de luto pela morte da mãe. Sim. A mãe dela, que teve que ver a filha ser jogada na rua, morreu um ano depois. Seu pai enlouqueceu, perdeu tudo o que tinha. Sua irmã teve que se casar por conveniência para não se ver arruinada também. Tudo o que ela tinha se acabou por tê-lo conhecido, por tê-lo amado. E ele? Se algo mudou na vida dele foi para melhor. Ela foi a prejudicada. Ele, o vitorioso.
Cadê o romance desta história? É uma história de amor? Só se for de um amor unilateral. O Arthur é um perfeito anti-herói. Um egoísta dos pés à cabeça, que só pensava nos próprios desejos, em suas próprias vontades e em sua suposta honra. Nunca parou para pensar no dano que causava à ela. Nunca deu a mínima para isso. Não me digam que ele se arrependeu. Que mudou. Que pagou caro por tudo o que fez ela passar, porque isso não aconteceu. Ele "se arrependeu" porque a autora precisava disso para o felizes para sempre que ela pintou. Na essência, esse personagem jamais mudou. E nenhum arrependimento basta se ele não sofreu. Se não se arrastou sobre cacos de vidro como eu queria. Se vocês me acompanham no face, sabem que eu disse que não o perdoaria nem se ele se arrastasse sobre cacos de vidro. Só que ele nem chega perto de sofrer. Ele não paga pelo que fez.
Ah, Luna! É que você não leu o spin off, é belíssimo! Verá como mudará de opinião se ler! Não leria nem sob tortura. Para mim, chega de Arthur. Não quero nem passar perto desse spin off.
- Não falta talento na Babi A. Sette. Ela é uma escritora extremamente talentosa, dá para perceber a cada página. E estou falando bem sério. A escrita dela é envolvente, tem um toque de poesia e é cheia de mágica, de cenas que conseguimos realmente visualizar. Compreendo por que é tão querida pelos fãs. E se um autor consegue mexer completamente com as emoções do leitor, provocar uma bagunça nos sentimentos dele, é porque é incrível. Admiro muito a escrita dela. O que detonou o livro para mim foi ela criar um traste como mocinho, um homem abusivo, que destroça por inteiro a mocinha e depois ainda se sente no direito de causar mais dor, e depois escrever um final feliz para os dois, como se tudo o que ele fez não fosse nada. Como se a família dela também não tivesse sido destruída pelo que ele fez. Foi como se tudo o que ele fez fosse certo e merecesse um prêmio por isso.
- Li que alguns leitores acharam que tinha um grande empoderamento feminino no livro, por causa da volta por cima que a Kathelyn dá, por ela ter conseguido seguir em frente. Mas não entendo. Realmente não entendo que empoderamento foi esse, se ela teve que se sujeitar a ser vista como meretriz, se teve que fingir ser amante para ter algum espaço no mundo, alguma liberdade. Se abriu mão novamente de si mesma para ser tudo o que o Arthur queria. Se o perdoou e ficou com ele mesmo sabendo que sua vida teria sido bem diferente se jamais o tivesse conhecido. Se ela era facilmente manipulada por ele, onde estava o seu poder? Me entristeceu muito ver a Kathelyn sendo tão dependente dele, necessitando sempre de qualquer migalha que aquele homem estivesse disposto a lhe dar.
"Chorava porque a única pessoa que ela queria que a salvasse daquela tortura, que a levasse embora para um mundo longe de tudo aquilo, era um rosto que vinha e voltava e emergia de dentro sem que ela concedesse. Era o rosto do homem que ela queria odiar naquele momento. Era o rosto de Arthur."
- Sei que a autora é brasileira, que é uma escritora nacional. E o que penso é que seus livros merecem o mesmo que os livros das escritoras estrangeiras: sinceridade. Não faço resenhas mentirosas. Digo exatamente o que senti pelo livro. Nem os livros das minhas escritoras amadas escapam de uma resenha sincera, tanto que existem livros de escritoras que amo que estão na minha lista de livros odiados. Não é porque a Babi é nacional que direi que amei um livro que eu odiei com todas as minhas forças.
- Também sei que nunca esquecerei esta história. Que me lembrarei do sabor amargo que ela deixou na minha boca, da angústia que senti, de todas as lágrimas que derramei pela mocinha, desejando salvá-la de toda aquela situação. Espero que O Despertar do Lírio (que lerei daqui a um mês, se Deus quiser) arranque as marcas que esse livro deixou. E que salve os livros da autora para mim. Se O Despertar do Lírio não der certo, se eu encontrar nele outro mocinho do tipo do Arthur, outro canalha assim, não terão mais livros da autora em minha estante, em minha vida.
"As pessoas acham que a rosa é comum demais. Preferem a raridade das orquídeas ou a fragilidade das camélias. O que me intriga nisso é que ela é perfeita, e, por ser perfeita, todos a querem. Então, quando a possuem, ela passa a ser vulgar. Comum."
- Não avaliei o livro no Skoob. O que não é nada bom. Só que existem tantas coisas que deveriam ser consideradas na hora de dar estrelas ao livro, que preferi não avaliar. Qualquer estrela seria algo injusto. Se eu desse uma estrela (que significa ruim no Skoob) seria injusto com a escrita da autora, pois é realmente uma escrita belíssima. Ela sabe como conduzir o livro, como desenvolvê-lo, como criar cenas envolventes. Como eu disse, quem detona o livro é o mocinho que ela criou. Então... para não ser injusta de nenhuma maneria na hora de dar estrelas preferi não dar estrela alguma.
Leitura do mês do Desafio 12 Meses Literários. Tema escolhido: Romance de Época.
Olá!
ResponderExcluirNossa que resenha, que revolta rs. Eu não li o livro, não conheço o tal Artur, mas já to com ranço total do personagem, então vou pular essa história da Babi e seguir para outro livro de sua autoria, pois como disse a autora tem muitos fãs e como você mesmo afirmou a escrita dele é boa, então vou tentar outro livro dela e vê o que eu acho. Obrigada por sua opinião.
Beijos
Olá, Thayza!
ResponderExcluirrsrsrs... Eu estava muito furiosa quando escrevi a resenha!rs Acho uma boa ideia! Também pretendo apostar em outro livro da autora. Dar uma segunda chance. Espero que dê certo!
Bjs!
Menina do céu, quanto ódio nesse coraçãozinho! kkkk Espero que depois de desabafar você tenha se sentido mais leve. Nunca passei por uma situação como essa, de chegar a me decepcionar tanto com um personagem. E é realmente uma pena, pois por ser um personagem central, acabou estragando com a história toda no geral, não é? Espero que daqui pra frente você faça leituras mais proveitosas e prazerosas pra compensar a decepção que essa te causou.
ResponderExcluirhttps://anneandcia.blogspot.com/
Olá, Carolina!
ResponderExcluirO Arthur provocou todo esse ódio!kkkkkkkkk... Que nada, menina! Eu fiquei em sofrimento por causa do livro por três longos dias, sem conseguir iniciar nenhuma outra leitura. Mas agora estou bem. :D Li um livro maravilhoso que me curou!rsrs
Pois é. Se ele fosse um personagem sem importância, eu simplesmente o teria ignorado. Mas ele era o mocinho e destruiu com tudo. :(
Obrigada, querida!
Bjs!
Menina, você odiou mesmo o filho de chocadeira. Já li algumas resenhas desse livro e todos gostam, mas entendo sua antipatia para com Arthur ele fez coisas dignas de um belo chute no meio das pernas. Fiquei bem curiosa para ver no que Kathe se transformou. Quero ler.
ResponderExcluirAbraços.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Olá!
ResponderExcluirSim, odiei muito.rsrs A grande maioria dos leitores amam essa história. São raros os que odiaram.kkkkkkkk...
Não gosto nem de lembrar. :( Ainda me dá uma angústia recordar esse livro.
Bjs!
Obrigada pelo aviso de spoiler! Hahaha fiquei muito tentada a ler mas me segurei. Só li uma obra dessa autora e gostei bastante mas ao que parece todo mundo tem problemas com esse livro em si, uma pena né? A premissa parece tão incrivel. Adorei seu blog!
ResponderExcluirOlá, Dayhara!
ResponderExcluirkkkkkkk... De nada!
A premissa é ótima e a história poderia ser incrível. O Arthur estraga tudo.
A maioria dos leitores ama este livro. Só que existem aqueles que, como eu, o odiaram.
Obrigada! Fico muito feliz! :)
Bjs!
Oi!
ResponderExcluirEu sei que a sua indignação com o livro foi grande, mas que resenha grande moça, da até uma desmotivada para lê-la inteira. Enfim, é a primeira resenha negativa que eu vejo sobre esse livro, então estou surpresa. É um gênero que eu gosto muito, então quero ler para pagar para ver haha mas é uma pena que não gostou.
beijos!
Olá!
ResponderExcluirO nome do seu blog condiz muito com a forma como você escreve, hein? Eu não li esse livro ainda e acho que nenhum outro da autora, mas, por conta de tantos elogios que ouço sobre ela, não tenho dúvidas que ela é talentosa com relação a sua escrita. É uma pena que o mesmo não tenha acontecido com relação a construção do mocinho e que este tenha te incomodado tanto.
Acho que vou me arriscar em ler para ver o que vou achar.
Beijos
Menina, acho que é a primeira vez que vejo alguém com tanto ranço desse livro! Hahahahah
ResponderExcluirPior que eu li, li, li... e quando você começou a falar sobre o real motivo da sua raiva o aviso de spoiler começou! AAAAAAAAAAAAA hahahahaha
Eu tenho o livro aqui e lerei em dado momento, mas agora ja vou sabendo o que posso encontrar, pois até hoje so tinha lido elogios derretidos, viu?!
Beijos
Olá, Anelise, Bruna e Tamires!
ResponderExcluirAnelise, minhas resenhas não costumam ser curtas, breves. Os leitores já estão acostumados.rsrs Todavia, essa era até relativamente curta. Porque a resenha aconteceu antes do aviso de spoiler. O que veio depois foi spoiler do livro para quem quisesse ler, saber mais sobre ele.
Eu também fiquei surpresa.kkkkkkk... Só tinha ouvido maravilhas da história e acreditava que iria amar. Mas durante a leitura, quando desabafei no facebook, descobri que outras pessoas também odiavam o livro e não me senti tão diferente assim.rsrs
Bruna, é verdade!kkkkkkkkk... Por isso mesmo escolhi este nome para o blog. :D Também acho que você deve ler sim! O Arthur foi todo o problema do livro. A escrita da autora é sensacional. Vou apostar em mais um livro dela e espero que ele me motive a continuar lendo suas obras.
Tamires, e eu nunca tinha imaginado que odiaria o livro. Comecei a lê-lo com a clara certeza que iria amar. :(
kkkkkkk... Eu não tenho problemas com spoiler, mas como sei que muitos leitores não gostam, foi melhor avisar.rsrs
Espero que você aprecie muito a leitura!
Bjs!
Oi querida!
ResponderExcluirEu já li muitos romances de época, e até cheguei a ler algumas resenhas desse livro. Mas até o momento a sua resenha foi a única que explicou cada acontecimento e também foi a única leitora que foi sincera para dizer que o único ponto negativo no livro foi o protagonista. Eu ainda não li esse livro, mas leria apenas para saber sobre esse enredo que a autora criou. Eu percebi que você amou a escrita da autora mas não curtiu muito alguns fatos, espero que isso não aconteça comigo, porque eu realmente estou querendo ler esse livro.
Beijoss, Enjoy Books