(Título Original: The Stranger
Tradutor: Marcelo Mendes
Editora: Arqueiro
Edição de: 2016)
O estranho aparece do nada e, com poucas palavras, destrói o mundo de Adam Price. Sua identidade é desconhecida. Suas motivações são obscuras. Mas suas revelações são dolorosamente incontestáveis.
Adam levava uma "vida dos sonhos" ao lado da esposa, Corinne, e dos dois filhos. Quando o estranho o aborda para contar um segredo estarrecedor sobre sua esposa, ele percebe a fragilidade do sonho que construiu: teria sido tudo uma grande mentira?
Assombrado pela dúvida, Adam decide confrontar Corinne, e a imagem de perfeição que criou em torno dela começa a ruir. Ao investigar a história por conta própria, acaba se envolvendo num universo sombrio repleto de mentiras, chantagens e assassinatos.
Intrigante e perturbador, Não Fale Com Estranhos é mais que um suspense de tirar o fôlego. É uma reflexão sobre o bem e o mal, o amor e o ódio, o certo e o errado, os segredos, as mentiras e suas consequências devastadoras.
Palavras de uma leitora...
- Às vezes a gente simplesmente escolhe errado o momento de ler um livro...
"[...] segredos eram tumores: eles infeccionavam. Iam corroendo as pessoas por dentro até deixar apenas uma frágil carcaça."
- Fosse o que fosse que eu esperava da história definitivamente não encontrei. É o primeiro livro do autor que não me causa empatia, que não mexe com as minhas emoções, que não faz com que eu me envolva com os personagens e sofra com eles. Ou estou num momento insensível ou a história é realmente inferior a todos os outros livros que já li do Harlan Coben. Levando em conta minha experiência com ele, fico com a segunda opção.
A sinopse nos promete um suspense de tirar o fôlego e aí lembramos de livros como Não Conte a Ninguém, Confie em Mim, Desaparecido para Sempre, e nem hesitamos. Apostamos tudo na história, já preparando o coração para fortes emoções. Só que começamos a ler... e percebemos que as coisas não estão caminhando como o esperado. Que o suspense está demorando muito para "acontecer", que os diálogos parecem superficiais e os personagens não estão nos atingindo. Algo vai mal. Mas a nossa esperança é que melhore. Pelo menos, tive esperanças até a reta final do livro. Mesmo sabendo que já não existia a menor chance de amá-lo.
- Tudo começa com a aproximação de um estranho no bar. Adam Price, nosso protagonista, é um advogado bem-sucedido, de classe média alta, que leva a vida dos sonhos ao lado de dois filhos adolescentes e uma mulher que qualquer homem desejaria como esposa. Sim, muitos o invejavam, até mesmo aqueles que se diziam seus amigos. Mas ele era feliz. E nada poderia ameaçar sua felicidade...
Mas ele percebe. Assim que o estranho abre a boca e solta uma frase aparentemente sem sentido, ele se dá conta que depois daquele dia nada voltaria a ser igual. Seu mundo estava desmoronando. Não sabia se seria possível salvar alguma coisa.
"Nossas vidas são destroçadas, e ninguém sequer repara."
Confuso com as revelações do desconhecido, sua primeira tentativa é não acreditar nas palavras dele. Só poderia ser um louco ou alguém contratado para lhe dar um susto, fazer alguma brincadeira sem graça. Todavia, conforme os minutos passam, seguidos pelas horas, Adam começa a alimentar as dúvidas e decide descobrir por conta própria se ele mentira ou não.
Após breves investigações nas compras realizadas pela esposa, dois anos antes, ele começa a se perguntar se realmente conhecia a mulher com a qual havia se casado. O que a levara a mentir? E a ocultar aquele segredo por tanto tempo? Como fora capaz de fazer algo assim com ele, após mais de dezesseis anos de casamento?
Buscando respostas, ele confronta Corinne, revelando já saber de tudo e tentando entender o que a motivara. O que ele não poderia esperar era a reação estranha da esposa. E o que parecia a pior crise que já enfrentara em seu lar se transforma num verdadeiro inferno quando, menos de 24 horas após ser confrontada pelo marido, Corinne desaparece, deixando apenas uma breve mensagem no celular, pedindo que ele não a procure, que ela necessita de alguns dias. Um marido menos sensível talvez julgasse tal comportamento previsível. Ele havia descoberto seu mais profundo segredo e ela, acuada, fugira. Mas Adam sabia... Algo estava muito errado. Porque Corinne talvez pudesse ir embora, passar um tempo longe dele, mas jamais abandonaria os filhos. Eles eram toda a sua vida. Então, qual era a alternativa? O que acontecera com sua mulher?
"Sabia que a sorte, a aleatoriedade e o caos tinham seus próprios planos e que cedo ou tarde a felicidade e a segurança se dissolveriam feito poeira no ar morno da primavera."
Tudo apenas se complica quando duas mulheres são encontradas mortas e a única ligação entre as duas é uma rede especializada em descobrir os segredos das pessoas e chantageá-las para conseguir o que deseja. Estariam eles por trás dessas mortas? E, o mais importante, o que eles teriam feito com Corinne? Onde ela estava?
- Durante as 87 primeiras páginas do livro, eu senti que a história não estava acontecendo. Não entendia absolutamente nada. Tudo era uma grande confusão, um emaranhado de cenas sem sentido, segredos que não eram tão graves assim (não para fazer uma pessoa decidir desaparecer) e histórias paralelas que não pareciam ter realmente nenhuma relação, exceto o famoso estranho que se sentia um justiceiro que protegia a verdade acima de todas as coisas. Mas aí ocorre a primeira morte e as coisas mudam de figura. Mas a confusão não passa.
Claro que eu suspeitei que algo não cheirava bem. Não tinha como a Corinne ter desaparecido e abandonado toda a família simplesmente porque o marido descobriu que ela mentiu dois anos antes. Ainda que ela preferisse que aquilo permanecesse um segredo, sendo a mulher decidida e forte que era, ela o enfrentaria de cabeça erguida e superaria qualquer crise que pudesse ter início. Fugir era ridículo e isso me fez levantar algumas hipóteses. Me fez descartar que o motivo fosse o segredo. Existia algo mais. Algo pior. Só que eu não fazia a menor ideia do que poderia ser.
"Segredos revelados eram segredos destruídos."
- Não há realmente um grande suspense. Antes mesmo dos personagens descobrirem certas coisas, o autor já nos solta a informação e aí vamos juntando as peças. Claro que isso acontece muitas e muitas páginas após o início e a grande confusão que tudo era. Mas algo realmente nos surpreende: o final. Não que não pudéssemos pensar naquilo. Na verdade, o autor deixa mais do que claro que aquela era a grande verdade, mas não dá para acreditar. Nós ficamos chocados. Eu fiquei bastante. Mesmo sabendo que era a única explicação, não pude aceitar. Fala sério! Eu conheço o autor! Ele não faz esse tipo de escolha em suas histórias. Não com os personagens principais. Não Conte a Ninguém, Confie em Mim, Desaparecido para Sempre, Seis Anos Depois... Querem mais exemplos? Histórias que possuem um núcleo similar, que têm em comum a certeza de como terminarão as coisas para os protagonistas. E aí o autor pira e me vem com esse final! Foi o único momento em que fui atingida pelos personagens, em que senti não só empatia, mas uma grande revolta. E tristeza. Muita tristeza.
- Sabe o que é mais irônico? O título do livro e a maneira como tudo é conduzido. O livro parece querer nos alertar, nos dizer: "Cuidado com estranhos! Não fale com eles, não deixe que se aproximem!", como nossos pais e avós nos ensinaram quando crianças. Todas as bombas da história explodem por causa da aproximação de um total desconhecido, que sabia algum podre sobre alguém e utilizou isso como motivo para chantagem. Todavia... se pararmos mesmo para pensar, o perigo não estava no estranho. Vinha de outra direção. O cuidado não era com estranhos, mas com os conhecidos, com aqueles com quem convivemos. Não foi um estranho que arruinou a vida do Adam. Não foi mesmo.
- Quando conseguimos desatar os nós da história e superamos a enorme confusão que o autor criou, começamos a entender as coisas e o final nos faz refletir bastante. É incrível como uma única escolha pode mudar toda uma vida, alterar o rumo das coisas e até provocar a morte. Famílias destruídas por uma única escolha... E se... É impossível não pensar em como tudo poderia ter sido diferente se um determinado personagem tivesse fechado os olhos, fingido não ver. Fez o que era certo, moral, mas isso lhe custou tudo. Valeu a pena? A verdade é que não. De modo algum.
- Não é o melhor livro do autor. Está bem longe disso, mas isso não significa que é uma história ruim. O livro está bem cotado no Skoob e é amado por muitos. Não funcionou para mim, infelizmente. Mas só o fato de ter me feito refletir com o final já valeu a leitura.
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