Eu gosto tanto de você, que até prefiro esconder.
Te amar não estava nos meus planos. Na verdade, a minha intenção sempre foi desprezá-lo. Como amar alguém como você? Um ser que não deveria ser considerado humano. Cruel, mesquinho, egoísta. Alguém que quase destruiu quem eu amava. Quem sempre amarei. Como perdoá-lo pelo que fez? Achei que nunca conseguiria.
Durante os primeiros meses após conhecê-lo... Após você surgir em minha vida abruptamente... Eu te odiei com todas as minhas forças. Tudo o que queria era que você tivesse o fim merecido. Que existisse um pouco de justiça neste mundo. Jurei que não choraria. Que ficaria até mesmo feliz quando a vida cobrasse o preço por suas atitudes. Mas quando me vi diante do seu final... não pude suportar! Simplesmente não pude. Precisei fazer alguma coisa. Alterar tudo. Suplicar para que você tivesse uma segunda chance. E a verdade é que não me arrependo.
Toda vez que revisitar o seu passado, eu chorarei. Sofrerei terrivelmente por cada um dos seus erros, por aquilo que não tem volta ou conserto. Com suas próprias mãos, você destruiu uma parte de si. Do seu futuro. Descontou a raiva do mundo em uma pessoa inocente. Quantas vezes ela te implorou para mudar? Quantas vezes disse "por favor"? Valeu a pena tudo o que fez? Se sente melhor sendo o que é?
A verdade é que não. Mesmo que não diga com todas as palavras, sei que se arrepende. Sei que o coração que você acreditava não possuir hoje te lembra, a cada batida, tudo o que perdeu... e quanta dor provocou. Sua consciência está pesada. Não há uma noite em que possa dormir um sono tranquilo. Procura em todos os lugares aquilo que só encontrará no momento em que puder perdoar a si mesmo. Não é só do perdão dela que necessita. Mais do que tudo, precisa absolver-se. Todavia, você é seu mais severo juiz. E com o tempo, os outros perceberão que não há por que odiá-lo se todo o ódio que sente por si mesmo já é mais do que suficiente.
Quando olho em seus olhos, sinto vontade de consolá-lo. E nesses momentos, mais do que em todos os outros, uma enorme angústia toma conta de mim. Porque parece errado amá-lo. E, no fundo, gostaria de poder evitar. Não quero confortá-lo. Não quero entendê-lo. Não poderia perdoá-lo. É por ela que tenho que sentir. Como sentir compaixão do seu maior algoz? Não posso traí-la assim. Ela não merece que eu te ame. Nem você merece, não importa todo o seu arrependimento. Porque nada, absolutamente nada, vai trazer de volta o tempo perdido. Nada pode apagar o que você fez. Sofrer não consertará as coisas. É impossível.
Já faz dez anos que te conheço. Ou quase isso. Eu também a conheci no mesmo dia, embora alguns minutos antes. Estava ouvindo Nada es para Siempre, daquele cantor que você sabe que amo. Talvez tivesse que me sentir responsável por tudo o que você fez contra ela. Porque se ela te conheceu foi por minha causa. Foi minha culpa. Mas até você, mesmo nos seus momentos mais egoístas, teria que admitir que nunca tive nenhum controle sobre suas atitudes. Era mil vezes mais forte que eu. Não podia pará-lo.
Toda vez que eu chorava por ela me confortava dizendo que poderia ao menos influenciar o seu fim. Que poderia contribuir para que você pagasse. Era o meu maior conforto. Antecipava o momento. Cheguei a dizer que comemoraria. Dançaria, gritaria de felicidade, abriria uma champanhe. Mas quando o dia chegou.... Bem... Você já sabe o que aconteceu. Eu te estendi a mão. Te dei mais uma chance.
Mas eu te dei apenas uma possibilidade de recomeço. O resto é com você... Às vezes me pergunto como será o fim da sua história. Espero sinceramente que saiba aproveitar essa oportunidade...
Te amo. Demais. Dolorosamente. E sim, tenho vergonha de admitir. Prefiro esconder. De você e de todo o mundo. Um dia, quando você for realmente digno do meu amor, te direi o que sinto. Sem hesitação. Sem vergonha. Por enquanto... é o meu segredo. Um amor que não quis sentir. Que detesto sentir. Um amor que me machuca.
- Este é meu oitavo texto para o Projeto Escrevendo sem Medo. O tema de agosto parecia fácil. Só parecia!kkkkkkk... Quando parei para pensar... cheguei à conclusão que não existia ninguém que eu amasse e não tivesse coragem de admitir. Todas as pessoas que amo, sabem que são amadas, que são queridas por mim. Existiria alguém que eu tivesse vergonha de amar? E aí eu descobri que sim. Uma pessoa. Se considerarmos que um dos significados de "pessoa" é personagem. :D
Como já contei aqui, eu escrevo. De maneira bem amadora, é verdade, mas escrevo!kkkkkk... E entre os personagens que já criei, existe um que me dói reconhecer que amo. Um personagem que me magoou demais e mesmo assim não pude matar. Na primeira versão dessa história que escrevi, ele morreria. Era minha vingança, minha justiça. Só que muita coisa aconteceu ao longo do tempo... e não consegui. Simplesmente não pude matá-lo. E me senti muito mal na época (até hoje me sinto) porque era como se eu tivesse traído a minha protagonista. Depois de tudo o que ela passou por causa dele, ele tinha que morrer. Mas não mando em meu coração. :(
Oi Luna, nossa amei o texto, fiquei curiosa sobre essa história rsrsrs.
ResponderExcluirBjos
Olá, Vanessa!
ResponderExcluirUm dia eu compartilho a história com vocês, prometo! :D
Bjs!
Nossa... fiquei curiosa para saber qual é história rsrs Amei o post e certos trechos me fizeram lembrar muita coisa. Amo suas resenhas mas também gosto dos posts do projeto escrevendo sem medos abraços
ResponderExcluirOlá, Cris!
ResponderExcluirrsrsrs... É a primeira história que concluí na vida.rsrs Um romance que nunca saiu da minha cabeça. Este personagem me provoca sentimentos confusos. É um vilão, mas...rs
Estou reescrevendo a história este ano. Um dia quem sabe crio coragem de partilhá-la abertamente com vocês. :D
Obrigada, querida! :) Fico muito feliz por você estar gostando! E por amar minhas resenhas! :D
Bjs!