O Que Há de Errado com a Humanidade?
Está aí algo que me pergunto um dia após o outro. O que está acontecendo com este mundo? Com as pessoas? Onde iremos parar? Não estamos evoluindo. Muito pelo contrário! Quanto mais observo o mundo, os seres humanos de modo geral, maior é a sensação de que, na verdade, estamos regredindo.
Em pleno século XXI, ainda nos chocamos com notícias sobre o trabalho infantil, trabalho escravo, mulheres sequestradas e mantidas em cárcere privado por vários anos, muitas vezes por pessoas de sua própria família. Crianças tendo a infância destruída ao serem consideradas objetos sexuais por aqueles que deveriam protegê-las, certificar-se de que elas crescessem saudáveis e seguras. Adolescentes que andam armados e disparam uma arma como se a outra pessoa não fosse nada. Como se não se tratasse de uma vida.
Quanto mais olho para o mundo maior é o meu desespero, minha desesperança. Às vezes me sinto sufocar ao ler uma nova notícia... às vezes tenho vontade de... Nem sei. Não uma vez disse para minha mãe que se pudesse escolher não teria nascido. Pediria a Deus: "Por favor, me deixe aqui! Não me mande para aquele lugar!" E falo muito sério. Sim, o mundo é lindo! Existem lugares maravilhosos e pessoas incríveis que ainda não se deixaram contaminar por essa maldade que parece se espalhar cada vez mais pela Terra. Mas eu me pergunto: até quando? Até quando existirão pessoas boas neste mundo? Parecem ameaçadas de extinção.
Às vezes queria voltar a ser bem novinha, quando ainda era inocente, ingênua o suficiente para acreditar num mundo cor-de-rosa... Quando acreditava que as pessoas eram sempre boas... Quando sequer sabia o significado da palavra "crueldade".
Aprendi a andar com medo. A não sair à noite, sobretudo se estiver sozinha. Nunca sei se voltarei para casa ou se sofrerei algum assalto, alguma espécie de agressão. E não sou a única. Quantas vezes você não andou mais rápido ao passar por uma rua relativamente deserta? E me diz se não sente receio mesmo quando passa por um lugar movimentado! Quantas vezes olha para trás ou para aquele alguém que parece não desviar os olhos de você? Já sofri algumas experiências muito desagradáveis. Numa delas... acreditei realmente que morreria e sequer teria tempo de me despedir das pessoas que amo. Aprendi a temer. Não um desastre aleatório, mas uma agressão vinda de outro ser humano. De um ser que parece ter esquecido o que significa humanidade.
Recentemente, na novela Ezel, aconteceu algo que me perturbou bastante e me remeteu à realidade que muitas vezes tento ignorar, pois é insuportável. Um menino, nada mais que uma criança (que deveria estar estudando, brincando, sendo feliz), pegou um revólver e atirou contra uma pessoa que o tinha acolhido, que tinha oferecido sua proteção e carinho a ele. Ele simplesmente atirou. Lembro do arrepio que senti com aquela cena. A dor não só pelo personagem que estava morrendo, mas também por aquela criança. Que tinha sido usada e treinada para matar. Um menino que não conhecia uma vida diferente, que tinha tido toda sua infância destruída e que foi transformado numa arma para matar. Quantas crianças e adolescentes hoje em dia trocaram os brinquedos e videogames por armas? Não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Em países onde existem guerras coisas assim são ainda mais comuns. É algo em que não aguento sequer pensar. Em que não quero pensar.
A cada 11 minutos (aproximadamente) uma mulher é estuprada no Brasil. Isso só no nosso país, gente. Fico imaginando como ficariam esses números se pegássemos os dados de todos os países que fazem parte desta Terra. Sem mencionar o fato de que boa parte dos casos nunca são registrados, seja por medo, vergonha ou qualquer outro motivo. Acredito que não ficamos sabendo nem sequer de 5% dessas vítimas. Ainda existem lugares no mundo (e aqui no Brasil também é assim, se pararmos bem para pensar) em que a vítima é vista como culpada, como se de algum modo tivesse desejado aquele resultado, como se tivesse "pedido por aquilo". Não gosto nem de ler os comentários na internet quando um novo caso é divulgado. Muitos são aqueles que comentam culpando quem sofreu a agressão, como se o agressor não tivesse feito nada de mais. Como se a vítima é que fosse a errada da história, a vilã. É uma inversão de valores e pensamentos tão absurda que fico realmente muito abismada. E sinto vontade de chorar. Muita vontade. Porque percebo, cada vez com mais intensidade, que nada vai mudar. Não para melhor. Enquanto pensarmos dessa maneira, enquanto desculparmos os agressores e responsabilizarmos as vítimas, o mundo só irá andar para trás. Até que os seres humanos acabem de destruir o mundo que há séculos, antes e depois de Cristo, eles começaram a destruir.
Quantas pessoas são assassinadas a cada minuto? De quantas maneiras diferentes? Quantas mulheres desaparecem? Quantas crianças, jovens, idosos? Quantas pessoas nunca são encontradas? Quantas famílias choram sobre um caixão... e quantas sequer têm isso, vivendo para sempre com a esperança de ver aquele alguém querido bater à porta, como se tudo não tivesse passado de um pesadelo?
"Fatmagul' (não se sabe o nome verdadeiro dela), a mulher que inspirou a novela de mesmo nome, sofreu um estupro coletivo na Turquia, vindo a ser obrigada a casar-se com um de seus agressores e seu tormento apenas aumentou, uma vez que, diferente da novela, ele era tão cruel e doentio quanto os outros. Ela é apenas um entre vários casos.
Suzanne von Richthofen planejou a morte de seus próprios pais, que foram assassinados com requintes de crueldade pelo namorado e cunhado dela, enquanto ela estava dentro da casa apenas aguardando que eles terminassem.
Isabella Nardoni foi agredida e arremessada (ainda viva) do prédio em que seu pai morava, ficando para sempre em nossa memória pela crueldade com que sua vida foi encerrada. Os assassinos? Seu próprio pai e sua madrasta.
O menino João Hélio, que na época tinha apenas seis anos, foi arrastado durante quilômetros, preso ao cinto de segurança do veículo de sua mãe, após os assaltantes fugirem do local com o carro, não dando a mínima para o fato do menino estar preso para fora do veículo. Eles simplesmente não se importaram e o menino acabou morrendo. Nunca pude esquecer esse caso. Nunca mesmo. Até hoje me dói muito o que aconteceu com essa criança, com essa família.
Se eu fosse continuar, este post se transformaria num livro de tão longo. São muitas as coisas que estão erradas, distorcidas em nosso mundo. E acredito que o motivo seja muito simples: falta amor. Há uma ausência de amor na vida das pessoas. Sentimentos como ódio, vingança, desprezo, inveja, ambição vêm se multiplicando cada vez mais nos corações das pessoas e aí não sobra espaço algum para o amor. E quando falta amor falta Deus.
Sei que existem pessoas que não acreditam em Deus. Eu entendo e respeito isso. Mas, partindo do ponto de que também respeitem o fato de que eu sim acredito na existência dEle, pois a própria existência deste mundo e dos seres vivos que fazem parte dele, é uma prova da existência de Deus, na minha opinião... Partindo desse ponto, uma vez li algo muito interessante. Não lembro quem disse, por isso não tenho como dar os devidos créditos aqui. Enfim... Uma vez li em algum lugar que uma pessoa disse que a maldade não existia, que ela era apenas uma ausência de Deus assim como a escuridão em si não existe, pois escuridão nada mais é do que a ausência de luz. Fiquei pensando muito nisso e, de certa forma, concordo. Porque se falta Deus, se falta amor... o que sobra é o que vemos pelo mundo. É essa maldade que se espalha, pois mais e mais raro se torna o amor.
Já não leio muitas notícias nem assisto jornais como antes. Não suporto, sabe? Às vezes quero me esconder nas páginas dos meus livros, trancar-me no quarto e esquecer todo o resto. Às vezes, um lado meu... aquele que ainda tem fé... deseja acordar e ver tudo diferente. Que algo se transforme, que as pessoas se transformem. Sim, eu ainda acredito, mesmo que seja tênue a minha esperança.
Eu costumo ver Deus e o Amor como a mesma coisa. Não sei bem como explicar. Penso que não é necessário alguém acreditar na existência dEle de maneira consciente. Eu sempre defendo que quando alguém ama seu filho acima de tudo, quando uma pessoa simplesmente ama, ela acredita em Deus... ainda que não acredite.
Gostaria de falar mais coisas... E, ao mesmo tempo, sequer gostaria de publicar este post. Não gosto de tocar em assuntos assim. Não quero pensar nessas coisas, embora, na verdade, pense bastante.
Do que o ser humano necessita? Amar. As pessoas precisam reencontrar o amor dentro delas, parar de olhar tanto para o próprio umbigo e se importar mais com os outros. Em A Cabana há um trecho (não lembro se no filme, no livro ou em ambos) no qual os personagens falam que cada coisa importa. Que podemos acreditar que se só nós nos comportamos de maneira diferente não fará nenhuma diferença. E esse trecho nos traz o seguinte: se fazemos o bem... o universo muda para melhor. Porém, se fizermos o mal... tudo vai mudar também só que para pior. O que acontece, gente, é que muito mal está sendo feito neste mundo.
"É a dúvida que resta,
que me leva a perguntar...
Qual papel será o meu?
O de quem nada faz?
Embora doa, nada fiz para mudar.
Embora doa, nada vai mudar."
[Trecho de: Embora Doa - Klepht]
- Bem... Este é o meu sétimo texto para o Projeto Escrevendo sem Medo. O tema de julho não é leve. Não dava para eu escrever um conto, um poema ou algum texto mais sonhador nem nada. Era para ser real. Tinha que ser.
Não falei nem da metade dos assuntos sobre os quais penso, sobre os quais gostaria de falar. Não falei sobre preconceito, discriminação, homofobia, genocídio, violência contra animais, violência doméstica, intolerância religiosa... Enfim...
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