22 de janeiro de 2017

Um Mais Um - Jojo Moyes

Tempo de leitura:
(Título Original: The one plus one
Tradutora: Adalgisa Campos da Silva
Editora: Intrínseca
Edição de: 2015)


A mãe solteira de uma família caótica

As coisas andam ruins para Jess Thomas. Muito ruins. O marido se mandou. Ela tenta sustentar os dois filhos trabalhando em dois empregos. Sempre foi otimista. Sempre fez tudo certo. Como seria se, só uma vez, ela fizesse algo definitivamente errado, mas que poderia mudar a vida deles?

Um homem esquisito que ela acha repugnante

Ed Nicholls é um milionário do ramo da tecnologia cuja vida está desmoronando quando ele se depara com Jess e a família na beira da estrada. Em um ato de generosidade (talvez o primeiro de sua vida), ele concorda em lhes dar a carona que poderá mudar para sempre a história de Jess.

Um romance irresistível

Em Um mais um os opostos se atraem e duas pessoas ferozmente independentes aprendem que é possível encontrar o amor nos lugares mais improváveis. Jojo Moyes mostra seu melhor nessa história engraçadíssima e extremamente comovente. Quando virar a última página, você vai querer ler tudo de novo.




Palavras de uma leitora...



"Às vezes, dizia a si mesma, a vida era uma série de obstáculos que tinham de ser contornados possivelmente por um mero ato de vontade."

Jess aprendera desde cedo a sempre ver o lado bom das coisas, por mais difíceis que fossem. Desde que o marido saíra de casa, dois anos antes, ela assumira sozinha a responsabilidade por manter seus dois filhos vestidos e alimentados, se dividindo entre dois empregos que lhe consumiam e a impediam de estar perto deles e ainda tendo que lidar com as constantes idas para o hospital, pois os adolescentes da escola acreditavam que seu filho era saco de pancadas. Qualquer um em seu lugar teria motivos suficientes para desistir, se tornar uma pessoa amarga ou simplesmente sentar e chorar, acreditando que não havia solução para nada. Mas ela tentava. E sempre acreditou que tudo daria certo... Que se você é bom e faz a sua parte, em algum momento, isso vai retornar para você. Mas não era exatamente o que estava acontecendo...

Durante o dia ela trabalhava como faxineira, na casa de pessoas que muitas vezes sequer a enxergavam, e à noite era garçonete num pub onde alguns clientes acreditavam que tinham o direito de passar a mão nela, mas nada lhe roubava seu otimismo, nem mesmo saber que convivia com um adolescente que parecia ter desaprendido a falar e passava boa parte do tempo trancado no quarto, e uma filha que era um gênio da matemática e tinha sonhos que ela não tinha condições financeiras para realizar. Jess queria ter fé, acreditar que tudo era uma fase e logo sua família, até então desequilibrada, encontraria o caminho. E quando a chance de realizar o sonho de sua filha e tirar todos eles por um tempo daquela cidade aparece, Jess percebe que precisa agarrá-la. Com todas as suas forças. Ainda que, pela primeira vez na vida, tenha escolhido a maneira não politicamente correta de fazê-lo... Talvez os fins justificassem os meios. Tudo o que ela com certeza sabia é que não poderia desistir do sonho de Tanzie sem tentar. 

Ed Nicholls tinha a vida que muitos desejariam ter. Embora não ligasse muito para o dinheiro e os negócios, também não se privava dos privilégios que o dinheiro poderia comprar. Levava uma vida bastante confortável, com um trabalho que amava acima de tudo e tendo qualquer mulher que desejasse ter, ainda que tivesse saído recentemente de um casamento que lhe custara uma fortuna e fosse obrigado a lidar, quase diariamente, com a ex-mulher que parecia não entender o "ex" da palavra. Conseguia lidar perfeitamente com os desafios de seu dia a dia... até ela reaparecer. A garota da faculdade. Aquela que ele não conseguiu esquecer. Afinal de contas, não era qualquer mulher. Era a tal. Aquela que arruinaria sua vida em questão de pouquíssimo tempo. 

Ed e seu melhor amigo sempre tiveram uma quedinha pela jovem esnobe da faculdade, a que era muita areia para o caminhão deles e os fazia enxergar isso claramente. Quando se formaram e seguiram seu caminho, ambos acreditaram terem se livrado da paixonite que tinham por ela... até ela reaparecer, com uma repentina saudade do passado, querendo rever "velhos amigos". Ed sente de novo toda a atração e acreditava ser perfeitamente capaz de lidar com ela agora que adquirira confiança e deixara de ser um nerd. Só que ele não poderia sequer imaginar a metade dos problemas que a desequilibrada provocaria. Num dia, ele estava fazendo de tudo para se livrar do relacionamento que assumira com ela, por livre e espancada vontade, no outro... estava sendo processado por uso de informações privilegiadas e correndo o risco de perder tudo o que conquistara. E como se a maré de azar já não estivesse agradável o suficiente... uma mulher parada na estrada com duas crianças e um cachorro, tarde da noite, discutindo com a polícia, estava prestes a transformar o caos em algo que fosse além disso. Seria um carma? Isso só o tempo diria...rs

- Quando comecei a ler esta história o que eu mais esperava era me divertir. Eu queria rir, passar momentos bem leves ao lado dos personagens e, de quebra, ser completamente envolvida por eles. Afinal de contas, é um livro da autora de Como Eu era antes de Você! Preciso dizer mais alguma coisa?!rsrs Porém, nas primeiras páginas eu já percebi que o livro não era bem o que eu esperava. Na verdade, tudo é bem diferente do que eu tinha em mente. E isso não é necessariamente ruim.

- Apesar de ter momentos divertidos, eu nunca consideraria esta história como uma comédia romântica ou algo do gênero. Está mais para um romance com certo drama e um leve toque de comédia. Leve. Um toque bem leve mesmo. 

Jess, como a sinopse e o pequeno resumo que fiz já mostram, é uma jovem de vinte e poucos anos que cria sozinha os dois filhos. E o mais velho, de dezesseis anos, sequer é seu filho biológico. É um menino que foi deixado aos seus cuidados quando só tinha oito anos e era filho de seu marido com uma viciada que mal lembrava que ele existia. Enquanto muitas outras poderiam não querer assumir tal responsabilidade, Jess aceitou de braços abertos aquele menino, enxergando nele um pouco da criança que ela própria tinha sido e fazendo todo o possível para que ele se sentisse parte da família... para que se sentisse seu filho. E assim os anos se passam, até o dia em que seu marido adquire "depressão" e resolve que não aguenta mais nada e precisa ir para bem longe. Deixando Jess não apenas responsável por Tanzie, sua filha, mas também por Nicky, como se os filhos fossem apenas dela. Como se ele não tivesse nenhuma obrigação. Ela, então, é obrigada a passar ainda mais tempo trabalhando, tentando pagar as contas e fazer com que os filhos tenham o que comer, ainda que isso a desgaste e ela seja obrigada a aturar comportamentos como de alguém que bate a porta na sua cara e nem ao menos tem a capacidade de se sentir envergonhado. E esse alguém é nosso querido mocinho, claro!

A pressão sobre nossa mocinha é ainda maior, pois ela não tem ideia de como livrar Nicky do bullying que ele sofre na escola e que o faz se fechar ainda mais em si mesmo e no pequeno mundo que criou para ele. Como se não bastasse, sua filha também é uma menina diferente, tem uma paixão enorme pela matemática e corre sérios riscos de passar pelo mesmo que o irmão quando chegar ao ensino médio. É quando um professor percebe seu talento e consegue para ela uma bolsa de 90% numa das melhores escolas, uma bolsa jamais oferecida para outra criança. Só que os 10% restantes ainda eram uma pequena fortuna se fosse considerado que Jess mal tinha o suficiente para que eles comessem. Ainda assim, quando o prêmio de uma Olimpíada de matemática poderia ser capaz de fazê-la realizar o sonho de sua filha e impedi-la de sofrer o mesmo que Nicky, Jess não pensa em deixar a oportunidade escapar. E é quando é parada pela polícia... À caminho da Escócia, onde a olimpíada ocorreria. E é salva por nada menos que Ed... o cretino que batera a porta na sua cara e a tratara como se ela fosse nada além de uma faxineira. Por que, de todas as pessoas que existem no mundo, tinha que ser justamente ele? E é quando a história realmente inicia... Numa viagem de poucos dias de carro, que mudará para sempre a vida de todos eles... 

- Eu gostei muito da história e amei as duas crianças, que tocam nossos corações com seus jeitos de encarar o mundo e a força que ambas têm mesmo diante das coisas mais difíceis. Além, é claro, de admirar demais a nossa mocinha. Jess é uma personagem real, sabe. É como milhares, talvez milhões, de mães espalhadas pelo mundo, sobrecarregadas de serviços, suportando humilhações e salários que nem são dignos de ser chamados de salários para poder levar o que comer para casa, sustentar um teto e manter todas as contas pagas. Mães que esquecem de si mesmas para dar o que de melhor puderem aos filhos. Enquanto os merdas que contribuíram com o espermatozoide acham que elas fizeram os filhos sozinhas e ainda se sentem ofendidos quando são intimados para pagar pensão. Jess é muito real e isso é impossível de ignorar. Não tem como não admirar essa mulher guerreira e corajosa, que precisava tanto de apoio, que queria chorar nos ombros de alguém e saber que não estava sozinha, mas que ainda assim tentava ser forte para os filhos, pois sabia que eles precisavam de seu amor e dela como um alicerce para que eles não desabassem. E mesmo assim ainda tentava acreditar nos romances da ficção, que aproveitava qualquer segundo que a vida lhe desse para ler. Jess me conquistou totalmente. Queria que todas as mocinhas tivessem pelo menos a metade da força que ela tem.  

- E claro que achei bonito o romance que se inicia lentamente entre a Jess e o Ed. Porém, o problema está justamente aí. Achei apenas bonito. E queria muito ter achado arrebatador, belíssimo, inesquecível, entendem? A história deles não me provocou o impacto que eu desejava. Nem passou perto disso. 

Não é que eu não tenha gostado do mocinho. Na verdade, gostei bastante dele. Aprendi a gostar conforme fui conhecendo-o melhor e até o perdoei pela sua grosseria do início, quando ele se mostrou um verdadeiro idiota ao bater a porta na cara dela como se ela não fosse ninguém. E nem se dignar a pedir desculpas logo depois. Pouco me importa se ele estava com problemas, nada lhe dava o direito de agir daquela maneira. E quando ele ainda acha que ela tinha que aguardar alguns dias para receber o pagamento pelas faxinas que vinha fazendo em sua casa, senti vontade de bater nele. O miserável estava estressado diante da possibilidade de perder boa parte dos inúmeros recursos que possuía, mas achava que alguém que não estava limpando sua casa por droga de esporte nenhum tinha que esperar alguns dias ainda para receber seu pagamento! Se ele quisesse comer, era só fazer uma ligação e uma das melhores refeições logo surgiria em sua frente. E se ela e os filhos quisessem comer, droga?! Ele achava que eles deveriam se alimentar de vento?! Ele foi de uma idiotice tal no início que eu não simpatizei muito com ele. E nem senti pena pelo que ele estava passando. Até porque ele foi imbecil o suficiente para colocar a si mesmo naquela situação. Jess precisava muito mais da minha compaixão do que ele, sinceramente. 

Mas como eu estava dizendo...rsrsrs... Eu não desgostei do mocinho, mas no fundo fiquei com a sensação de que a Jess merecia alguém diferente. Uma pessoa que não demorasse tanto para valorizá-la e, sobretudo, um homem que depois de tê-la conhecido profundamente ao longo da quase uma semana que passou ao seu lado, não fosse canalha o suficiente para tratá-la daquela maneira quase no final e, consequentemente, não ter estado com ela quando nossa mocinha mais precisou. Eu posso ter perdoado a ignorância dele no início, mas a forma estúpida como ele se comportou ao descobrir uma coisa que a Jess fez num momento de desespero foi demais para mim. Se ele não a conhecesse, eu o entenderia. Mas aí é que está! Ele a conhecia. Bem de perto. Sabia tudo o que ela tinha passado. E o quanto ela era maravilhosa. Não pude perdoá-lo por tê-la feito chorar, por fazê-la se sentir culpada. Por roubar o otimismo que lhe restava e levá-la a se desfazer dos livros que tanto amava. Ele a lançou ao chão com sua reação imbecil, de retardado mental que não conseguiu absorver nada durante o tempo que passou com ela!!! Nem o ex-marido dela conseguiu deixá-la naquele estado. E aqueles que acham a Jess e o Ed um lindo casal, me perdoem por favor, pois não sou capaz de enxergar o mesmo. Na minha opinião, uma pessoa tão incrível como ela merecia um homem melhor. 

- As cenas que me tocaram foram sempre as das crianças e a linda relação que têm com a mãe. Quando o Nicky a chamou de mãe pela primeira vez meus olhos se encheram de lágrimas. Quando a Tanzie quis comprar um cartão escrito "eu te amo" para ela porque ninguém jamais tinha lhe dado isso eu me emocionei muito. E quando o Norman, o cachorro deles, salvou a vida da menina, numa das mais lindas demonstrações de amor, eu caí em prantos. Foram cenas assim que me atingiram. O romance entre a Jess e o Ed, não. Por isso, não pude dar 5 estrelas ao livro. Dei 4 estrelas. Pela Jess, os filhos e o cachorro.

- O Ed aprende a ser alguén menos centrado em si mesmo, gente. Não disse o contrário. Ele muda muito ao longo do livro. Só não o achei a pessoa certa para a Jess. Não achei que ele mudou o suficiente para ser digno dela. Mas é claro que torço muito pelos dois. Se ela o ama, é claro que quero que seja muito feliz com ele. Mas não vou mentir e dizer que não queria um mocinho diferente para ela.rsrs...

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino, Felipe e Damon (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

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