(Título Original: The sky is everywhere
Tradutora: Marsely de Marco Martins Dantas
Editora: Novo Conceito
Edição de: 2011)
"Eu deveria estar de luto,
não me apaixonando..."
Lennie Walker, obcecada por livros e música, tocava clarinete e vivia de forma segura e feliz, à sombra de sua brilhante irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre de forma abrupta, Lennie é lançada ao centro de sua própria vida, e, apesar de não ter nenhum histórico com rapazes, ela se vê, subitamente, lutando para encontrar o equilíbrio entre dois: um deles a tira da tristeza, o outro a consola.
O romance é uma celebração do amor, também um retrato da perda. A luta de Lennie para encontrar sua própria melodia em meio ao ruído que a circunda é sempre honesta, porém hilária e, sobretudo, inesquecível.
Palavras de uma leitora...
"Havia duas irmãs que dividiam o mesmo quarto, as mesmas roupas, os mesmos pensamentos, na mesma hora.
Essas duas irmãs não tinham mãe, mas tinham uma à outra.
A mais velha caminhava na frente da mais nova, assim a mais nova sempre sabia aonde ir."
- Faz mais de dois anos que tenho este livro guardado na estante, um tanto esquecido "de propósito". Eu queria muito lê-lo, mas apesar da capa belíssima, das letras azuis (minha cor preferida.rs) e páginas coloridas, morria de medo do que poderia encontrar. Um medo que se provou infundado. Para não dizer o contrário.rs
"Ele tem razão. É exatamente isso, sou loucamente triste e, em algum lugar lá no fundo, tudo o que quero é voar."
- Lennie é uma jovem de 17 anos que vê todo seu mundo ser estilhaçado quando sua irmã morre, vítima de uma arritmia fatal. Sem conseguir acreditar em tamanha tragédia, encontra sua própria maneira de fugir da dor e de uma realidade na qual Bailey já não estava.
Há anos sobrevivia ao fato de não ter uma mãe e sequer saber o nome de seu pai. Lidava bem com isso. À sua maneira. Mas não existia forma de conseguir viver sem Bailey. Não seria capaz de seguir em frente sem ela. E, na verdade, não queria. Tudo que desejava era ter um coração como o dela. E morrer também. Para que pudessem estar sempre juntas.
"A tristeza é uma casa em que ninguém pode proteger você, em que a irmã caçula vai envelhecer mais que a mais velha, em que as portas não deixam mais você entrar nem sair."
- Quatro semanas após a morte de sua irmã, Lennie continua presa no mesmo mundo que criou para afastar-se de todos, acreditando que ninguém a entendia ou sofria como ela. Mergulhando fundo nos livros que tanto ama, mal percebe o mundo ao seu redor, até que ele chega, iluminando seus dias sombrios e a forçando a enfrentar o fato de que ainda respirava.
"Nunca ninguém me tocou dessa forma antes, nunca ninguém me olhou da forma como ele me olha agora, bem dentro de mim."
- Dividida entre a atração que a lança na direção de Joe e a culpa por estar sentindo algo enquanto sua irmã se decompõe num caixão, ela se sente mais e mais perdida, buscando consolo nos braços da única pessoa capaz de compreender sua dor e fazê-la se sentir mais perto de Bailey... Alguém com quem se envolver seria um pecado. Mas, cega pela dor cada vez mais forte e profundamente confusa, se aproxima de Toby, o namorado de sua irmã... se aproxima de seus braços... de seus lábios... e se deixa envolver pela escuridão dele, por sua dor. E por mais louco que pudesse parecer, quando estava com ele, Bailey estava ali e não morta, não apodrecendo debaixo da Terra. No entanto, a culpa também estava presente, fazendo-a sentir nojo de si mesma, ansiando cada dia mais por desaparecer.
"Quando estou com ele
há alguém comigo
em minha casa de tristeza
alguém que conhece
sua arquitetura como eu,
que pode caminhar comigo,
pesaroso, de cômodo em cômodo,
fazendo com que toda a estrutura sinuosa
de vento e de vazio
não seja tão assustadora, tão solitária
como antes"
- Presa entre a alegria de Joe e a tristeza de Toby, Lennie percebe que necessita encontrar uma maneira de recomeçar, ainda que seu coração vá estar sempre em pedaços. Mas que escolha fazer? Como traçar um caminho sem sua irmã? Como afastar-se de Toby? E, sobretudo, como ser feliz ao lado de Joe e aceitar todo o amor que sente por ele... se Bailey jamais poderia sentir nada daquilo? Se os sonhos dela estavam enterrados...
Pouco a pouco, a cura que parecia impossível, começa a acontecer... Num caminho de dor e erros, alegrias e recordações... onde Lennie terá que aprender a viver a própria vida, deixando no passado aquela que um dia caminhou ao seu lado.
"Não sou mais a irmã mais nova. Não sou mais uma irmã. Ponto final."
- Embora a capa possa sugerir que se trata de uma história de amor, não é. Bem... Na verdade é uma história de amor sim, mas entre duas irmãs que cresceram juntas e foram separadas pela morte, de uma maneira súbita e inaceitável.
Apesar de ter toques de romance e ser escrito de uma forma leve e, em momentos, divertida, é um livro que aborda um tema extremamente doloroso e mostra o lento processo de recuperação da protagonista. Uma história que me tocou e me deixou com um nó na garganta.
"Ela não vai estar de volta pela manhã, ou na terça-feira, ou em três meses.
Ela jamais vai voltar."
- Não posso sequer imaginar tamanho sofrimento. Ao acompanhar as lembranças da Lennie e seus pensamentos, eu própria me senti perdida, desejando que houvesse uma maneira de trazer a irmã dela de volta, para que nossa mocinha pudesse ter de volta sua própria vida. Mas, infelizmente, quem morre não volta. E é necessário seguir em frente, por mais doloroso que isso possa ser.
"Quem quer ter o conhecimento de que estamos a apenas um suspiro despreocupado da morte? Quem quer saber que a pessoa que você mais ama e de quem precisa pode simplesmente desaparecer para sempre?"
- A dor da Lennie é palpável ao longo de toda a história. Uma dor que sai das páginas e nos atinge, por mais leve que seja a narrativa. Eu consegui rir com os personagens, me deixei envolver por suas tentativas de tornar mais suportável o luto, mas nada foi capaz de me fazer esquecer o que eles estavam passando e como era difícil para todos continuar.
"Minha irmã vai morrer todos os dias, pelo resto da minha vida. A dor dura para sempre. Não desaparece nunca; torna-se parte de nós, a cada passo, a cada suspiro. Nunca vai parar de doer, Bailey, porque nunca vou deixar de gostar muito de você. É assim que é. A dor e o amor caminham juntos, um não existe sem o outro."
- Para mim, o trecho acima é um dos mais tristes do livro. Somente quem já sentiu a insuportável dor de perder alguém amado pode entender como tal sofrimento não acaba. O tempo não cura. Nunca. A pessoa apenas aprende a viver com essa dor dentro dela e assim seguir em frente, levando consigo as lembranças.
- O livro não é só dor ou lágrimas. Tem momentos bem divertidos, conversas hilárias, mas tudo gira em torno do luto de Lennie e sua família. Sem falar do Toby, que perdeu a mulher que amava e com quem planejava construir um futuro. É uma história que fala de perda e recuperação, de amor e de como tal sentimento nos machuca quando não somos capazes de salvar quem amamos. Não dá para não chorar com esta história.
"Sinto a sua falta, digo a ela, não suporto o fato de que você vai deixar de fazer tantas coisas.
Não sei como o coração suporta isto."
- Algo que me encantou foi o amor incondicional e obsessivo da Lennie pelo livro O Morro dos Ventos Uivantes.rsrs Ela ama ler, mas a história de Heathcliff e Cathy é especial. Aquela que ela leu 23 vezes e carregava para cima e para baixo. Embora nem ela compreendesse como podia amar tanto uma história tão trágica e triste. É algo que também não entendo.kkkkkkkk... Como posso amar tanto O Morro dos Ventos Uivantes?! Logo eu que não sou muito fã de finais assim.
"Olho para nossas mãos e vejo O Morro dos Ventos Uivantes em cima da mesa, silencioso e inofensivo e teimoso como sempre. Penso em todas as vidas desperdiçadas, e todos os amores desperdiçados presos dentro dele."
- É um livro profundamente tocante desde a primeira página. Daqueles que não esquecemos. Nunca. Eu o recomendo muito! Mas leia com uma caixa de lenços ao lado. :)
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