15 de dezembro de 2013

O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry

Tempo de leitura:

Esta é a história do menino que vivia num asteroide, com os seus vulcões em miniatura e a sua linda rosa vermelha, e usava um longo cachecol a flutuar ao vento. Um dia ele resolveu viajar e visitou a Terra onde encontrou um grande amigo, que depois contou a história desse menino. Esta história foi traduzida em muitas línguas, foi lida por milhares de pessoas pequenas e grandes, e também por aqueles que, tendo-a lido quando eram pequenos a voltaram a ler na idade adulta. Tal como tu talvez daqui a muitos anos voltes a lê-la. Sabes porquê? Porque mesmo se te causar alguma estranheza ou te parecer enigmática, esta história revela-te um segredo muito simples e ao mesmo tempo muito sábio: é que as coisas mais importantes são muitas vezes invisíveis para os olhos - só com o coração é que podemos vê-las! Além da leitura destas páginas, convidamos-te a apreciar as aguarelas com que o autor ilustrou a sua história!


Palavras de uma leitora...


"Contemplava, à luz do luar, aquele rosto pálido, aqueles olhos fechados, aquelas mechas de cabelo a tremer ao vento e pensava: 'O que eu estou a ver não passa de uma capa. O mais importante é invisível...'
Desenhara-se-lhe um vago sorriso nos lábios entreabertos e eu pensei: 'O que me comove tanto neste principezinho adormecido é a sua fidelidade a uma flor, é a imagem de uma rosa que, mesmo quando ele dorme, brilha lá dentro como a chama de uma vela'. E ele pareceu-me ainda mais frágil. Porque, às velas, é preciso protegê-las: mal lhes dá o vento, apagam-se."


- Ao terminar a leitura desta história, cheguei à seguinte conclusão: não sou uma pessoa crescida. E me orgulho muito disso. Jamais quero ser uma pessoa crescida. Quero sempre conseguir ver como uma criança. Sentir como uma criança. Porque uma pessoa crescida não tem tempo para sentimentos. Não tem tempo para ver o pôr do sol, admirar o mar, sentir seu cheiro, olhar para o verde da natureza e sonhar ao sentir o vento balançando seu cabelo. As pessoas crescidas sequer conseguem perceber essas coisas. Estão sempre muito ocupadas. Ocupadas demais. Até mesmo para viver. 

"É que, numa certa estrela, num certo planeta, no meu planeta, na Terra, havia um principezinho para consolar. Peguei-lhe ao colo. Embalei-o. Fui-lhe dizendo: 'A flor de que tu gostas não corre perigo nenhum... Eu desenho um açaimo para a tua ovelha... Eu desenho uma armadura para a tua flor... Eu...' Não sabia que mais lhe prometer. Sentia-me completamente desarmado. Não sabia como chegar até ele... É tão misterioso, o país das lágrimas!"

- Este livro conta a história de um homem que, num belo dia (que ele não considerava tão belo assim), após "cair do céu", por um problema em seu avião, encontra em seu caminho um principezinho, que parecia perdido. Ele ainda não sabia, mas aquele garotinho que tão misteriosamente apareceu em sua vida, era como a realização de um pedido de natal. De um pedido feito há muito tempo, do fundo do seu coração, e do qual ele sequer se lembrava. Um pedido que ele nunca colocou em palavras. Um pedido que fez em silêncio (e sem saber) ao se decepcionar com as pessoas crescidas. Ao perceber que elas não eram capazes de enxergar além das aparências. Ao perceber que elas não eram capazes de ver o interior do que quer que fosse. Que a visão delas era limitada. Por influência das pessoas crescidas, ele deixou de lado o amor pela arte e foi em busca de "uma profissão de verdade", mas nunca esqueceu a experiência que tivera. E, no fundo, ainda tinha uma leve esperança, toda vez que pegava os únicos desenhos que tivera a coragem de fazer e mostrava para as pessoas crescidas que encontrava em seu caminho, de encontrar alguém que os compreendesse. Que conseguisse enxergar o interior daqueles desenhos. Que fosse capaz de ver como uma criança. Ele queria, mais do que tudo, um amigo. Um amigo de verdade. Alguém que o cativasse, que se tornasse importante para ele, que se tornasse único. E quando os céus atenderam o seu pedido, muitos anos depois, e na forma daquele principezinho, ele não percebeu. Não foi capaz de ver isso de início. Não foi capaz de reconhecer o seu presente. 

"O meu amigo nunca explicava nada. Talvez pensasse que eu era igual a ele. Infelizmente, não sei ver ovelhas através de caixas. Se calhar, estou um bocado parecido com as pessoas crescidas. Devo ter envelhecido."

- Só que, diferentemente das pessoas crescidas, aquele homem não precisou perder para perceber o que tinha ganhado. Embora tenha demorado um pouco para enxergar o anjo que estava em sua frente, que tinha aparecido em sua vida, ele notou. E soube apreciar os momentos ao lado dele. Momentos únicos. Que muitos seres humanos jamais terão em sua vida. Porque não têm tempo para terem amigos.

" - Só conhecemos o que cativamos - disse a raposa. - Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos."

- A história é contada seis anos após o encontro tão inesperado entre aquele homem com alma de criança e o principezinho que, de maneira simples e sutil, muito soube ensinar. É contada seis anos após a sua partida. O tempo pode ter sido capaz de ofuscar as lembranças da aparência do principezinho, mas não conseguiram modificar os sentimentos que ele havia despertado no homem com alma de criança. Porque o tempo nunca é capaz de apagar o que sentimos no coração. As lembranças que não ficam na mente, mas cravadas profundamente em nosso coração. As lembranças que só podemos sentir. Jamais explicar. Jamais descrever com palavras. 

"Quando nos deixamos cativar, é certo e sabido que algum dia alguma coisa nos há de fazer chorar."

- Eu já tinha ouvido falar desta história, mas jamais tinha tido a oportunidade de lê-la. Sabia que era uma história especial, capaz de atingir o coração de milhares e milhares de crianças e adultos (com alma de criança) ao longo do tempo. Que continuava sendo especial, mesmo depois de tantos anos. Mas eu não podia imaginar o quanto esta história era especial. Sabia que ela era preciosa, mas não podia imaginar o quanto. Porque somente depois de lê-la, somos capazes de realmente conhecê-la. De entendê-la. De senti-la

- Já fazia uns meses que eu tinha esta história. Ganhei de presente de aniversário da minha querida amiga, Carlita. E justamente por saber que esta história era única, preciosa e que tinha muito o que me ensinar, é que eu não a li logo. Não. Não podia lê-la em qualquer momento. Precisava lê-la num momento especial. Um momento escolhido pelo meu coração. E o momento surgiu. Um momento em que eu precisava muito de uma história como esta. Um momento no qual o meu coração me pediu, delicada e timidamente, que eu o alegrasse. O alimentasse com esta história. Que lhe devolvesse, com esta história, o que certos acontecimentos tinham roubado. O que as pessoas crescidas tinham roubado. 

"[...] Andas à procura de galinhas?
- Não - disse o principezinho. - Ando à procura de amigos. 'Cativar' quer dizer o quê?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer 'criar laços'...
- Criar laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti..."

- Eu nunca poderia imaginar que terminaria a leitura desta história, em lágrimas. Soluçando. De modo algum poderia imaginar tal coisa. Mas esta história me tocou de tal forma que antes que eu pudesse perceber, já estava chorando. É incrível a quantidade de lições que esta história tem o poder de nos ensinar em tão poucas páginas. É incrível a forma como o principezinho entra em nosso coração sem pedir licença. E ali fica. Ali deixa uma parte de si. Uma marca. Uma lembrança. Não existe um pingo de egoísmo nele, sabe? Porque não é como certas pessoas que depois de nos cativarem, vão embora sem sequer um adeus. Sem um abraço, sem dizer que estão partindo. O principezinho sabia "ler" um amigo, sabia se importar com ele. É linda a forma como ele se preocupava com a rosa dele e como se preocupou com o homem com alma de criança. Existia nele a sabedoria que nenhuma pessoa crescida era capaz de ter. Jamais em minha vida serei capaz de esquecer o principezinho. Nem a raposa, o homem com alma de criança, a serpente e a rosa. Existem coisas inesquecíveis. E essas são algumas delas. Mas sobretudo, jamais esquecerei o principezinho. O amo demais. Porque ele me cativou.

" - Adeus...
- Adeus - despediu-se a raposa. - Agora vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já não se lembram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste. Tu és responsável pela tua rosa..
- Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer."


- Uma verdade que muitos esquecem, não é? Quantos pais vão embora de casa, divorciam-se da esposa e dos filhos, sem levar jamais em conta que é responsável por aquelas pessoas? Pelo menos, pelos filhos. Porque os cativou. Porque os fez amá-lo. Quantas mães dão à luz e num determinado momento de sua vida, decidem que não querem mais aquela criança.? Que querem ser livres? E isso após cativá-las. Destroem o coração da criança sem hesitar. Sem se importar. Porque as pessoas crescidas são egoístas. Porque não sabem amar. Porque são ocupadas demais até para saber o que tal palavra significa. Não é à toa que o mundo está como está. 


" - Por onde andam os homens? - perguntou o principezinho, passado algum tempo. - No deserto está-se um bocado sozinho...
- Também se está sozinho ao pé dos homens - disse a serpente."


- Nunca serei capaz de colocar em palavras o que sinto por esta história. O que ela significa para mim. O quanto me cativou, emocionou e se tornou preciosa. E nem através dos trechos que coloquei nesta resenha vocês serão capazes de encontrar o que só se encontra ao ler toda a história. Estes trechos são preciosos. Inesquecíveis. Me tocaram muito, mas é a história em si, do começo ao fim, sem excluir nenhuma palavra, que nos toca de uma forma única. Que nos arrebata. E nos dá paz. Uma paz que hoje em dia é difícil de encontrar. Que você só encontra nas coisas que as pessoas crescidas não julgam importantes. E que mesmo assim é preciso agarrar com toda força e manter na mente e no coração com insistência, pois o mundo, as pessoas crescidas, estão o tempo inteiro tentando nos roubar a paz que com tanta dificuldade encontramos. 

" - Mas os olhos são cegos. Só se procura bem com o coração."

Leitora apaixonada por romances de época, clássicos e thrillers. Mãe da minha eterna princesa Luana e dos meus príncipes Celestino, Felipe e Damon (gatinhos filhos do coração). Filha carinhosa. Irmã dedicada. Amiga para todas as horas. Acredita em Deus. E no poder do amor.

2 comentários:

  1. Eu sempre achei que esse livro é uma lição muito mais para os adultos do que para as crianças. É como um murro no estômago, um lembrete daquilo que jamais deveríamos esquecer.

    O Principezinho é realmente um personagem inesquecível, amiga. :)

    Bjs!!

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  2. É verdade, amiga. Também penso isso. Mas somente os adultos que ainda compreendem as coisas com a sabedoria e a simplicidade de uma criança, podem entender as lições presentes nesta história. Uma pessoa crescida de verdade jamais compreenderia.rsrsrs...

    Bjs, flor!

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