(Título Original: INTO THE DARKEST CORNER
Tradutor: Mauro Pinheiro
Editora: Intrínseca
Edição de: 2013)
Catherine está no controle de sua vida. Bem-sucedida, sai toda noite para beber e dançar com as amigas, até que, numa festa, conhece Lee, um homem sedutor e atencioso. Sua vida está perfeita e todas as mulheres gostariam de estar em seu lugar. Ou quase todas.
Quieta e reservada, Cathy luta contra o transtorno obsessivo-compulsivo que torna penosas as tarefas mais simples, como trancar a porta do apartamento. Vulnerável e aterrorizada, ela nem de longe lembra Catherine, a pessoa que costumava ser antes de Lee deixá-la assustadoramente traumatizada.
O que aconteceu para que Catherine mudasse tanto? Que memórias a obrigam a seguir um ritual tão rígido para que se sinta segura? E o que Cathy faria se descobrisse que Lee está não só em sua mente, mas em sua casa e em sua vida outra vez?
Palavras de uma leitora...
"Eu o vejo em todos os lugares, o tempo todo. Sei que ele não pode ser os homens que vejo, pois ele se encontra a milhares de quilômetros de distância, e bem trancado dentro da prisão. Mas ainda assim ele me assombra, uma aparição frequente, lembrando-me de que nunca vou me livrar dele. Como eu poderia, se ele ainda está dentro da minha cabeça?"
- Sabe quando você lê o título de um livro, olha para sua capa, lê uma resenha sobre ele e percebe que precisa ler essa história? Fica completamente desesperada para lê-la? Sabe? Foi exatamente isso que aconteceu comigo.
"[...] eu ficava sentada, tremendo, tentando não olhar para mim mesma, tentando não olhar para as cicatrizes e o que elas significavam.
Eu sentia como se ele estivesse de volta à minha cabeça. Quer dizer, ainda não: mas à espreita. As imagens dele, aquelas que eu lutava para evitar, ainda estavam lá. Tinham perdido um pouco da sua capacidade de me machucar. Mas agora..."
- Uma das coisas nas quais pensei enquanto lia a resenha que o blog Sonho de Reflexão tinha postado sobre o livro, foi que o livro me lembrava Identidade Roubada. E só isso já bastaria para eu ficar completamente louca pelo livro (só quem leu Identidade Roubada pode entender o que quero dizer.rsrs...). Mas só quando li a sinopse e o trecho do livro que encontrei no site da Saraiva, foi que eu soube que necessitava do livro para agora. Não para depois. Eu simplesmente precisava dessa história para ontem. Sabia que seria uma leitura sensacional, inesquecível. E não estava enganada.
"A presença dele está muito forte hoje. Sinto seu cheiro, sinto-o no ar. Eu me lembro da sensação de esperar que ele voltasse, sabendo que não podia fazer nada para escapar, que de nada adiantava correr ou resistir."
- Sabe quando o seu mundo simplesmente desaba? Quando tudo aquilo com o que você sonhou é destruído bem diante dos seus olhos? Quando amar mostra-se um erro terrível? Quando aquela pessoa em quem você confiou, com toda a sua alma, se transforma no seu pior inimigo? Sabe quando a dor é tão insuportável que você simplesmente desiste, pois lutar só prolongaria mais o sofrimento? Sabe quando dói tanto que a morte parece ser a melhor (ou a única) opção? Catherine sabia. Ela sabia bem o que era isso. Sabia o que era ser traída, humilhada, maltratada, torturada. Sabia o que era estar no chão. Sabia o que era ver sua vida ir se acabando, lenta e dolorosamente. Sabia o que era imaginar o que poderia ter sido de sua história, se ela não tivesse ido naquele lugar, naquele dia, naquele horário... Sabia o que era perder as esperanças. O que era morrer e ainda assim continuar respirando. Ela sabia bem. Muito bem... E mesmo após todos aqueles anos, o sofrimento não havia terminado. E será que terminaria um dia? Será que algum dia seu passado lhe deixaria seguir adiante? Será que era tolice seguir lutando?
"Tinha me colocado de pé e conseguido ver, de repente, que na verdade eu não havia morrido, ainda estava bem viva, e que era melhor me recompor e seguir em frente. Não foi a primeira vez que pensei que teria sido mais agradável se eu tivesse morrido, em vez de ter que enfrentar aquele processo de recuperação. Mas quando deixei Lancaster percebi que, se alguém ia controlar a minha vida, esse alguém tinha que ser eu. Não havia alternativa."
- Linda, divertida, cheia de vida. Assim era Catherine no auge dos seus 24 anos. Assim era ela antes dele. Havia perdido os pais quando estava na faculdade e seus amigos eram como substitutos da família que ela havia perdido. Amava estar com eles, fosse para beber e conversar num bar, dançar e paquerar numa boate ou simplesmente estar reunida no apartamento de um deles, bebendo todas e rindo de piadas sem graça. Eles eram tudo que ela tinha. E Catherine sabia que poderia contar com eles para o que desse e viesse. Se não com todos, certamente com Claire e Sylvia. Elas eram como irmãs. As irmãs que seus pais não haviam podido lhe dar. E Catherine estava satisfeita com o que tinha. Era bem-sucedida, tinha sua própria casa, carro e uma renda que lhe permitia viver com conforto. Era amada pelos amigos que sabiam exatamente como animá-la até mesmo quando isso parecia impossível. Ela não necessitava de mais nada na vida. Ou ao menos, naquele momento. Satisfazia as necessidades do seu corpo com casos de uma noite só, quando estava tão bêbada que mal conseguia lembrar-se do rosto do cara no dia seguinte. Não estava preparada para o amor. E tinha fobia de relacionamentos. Já tinha namorado sério antes e se era para ter um idiota ao lado, que fosse por apenas uma noite. Realmente não precisava de um homem ao seu lado. Até olhar em seus olhos e observá-lo abrir um sorriso capaz de fazê-la esquecer o mundo. Talvez, até mesmo o próprio nome.
Era noite de Halloween. Catherine, vestida como noiva de satã, havia se perdido das amigas no meio daquela confusão e acabou fazendo amizade com uma antiga colega de escola. Juntas, já completamente bêbadas, elas foram até um bar, um pouco mais de uma hora da manhã. Chegando lá, a amiga dela acabou entrando na frente e no momento que Catherine estava para entrar, um homem de terno barrou o seu caminho. E daquele momento em diante, a vida dela virou de ponta à cabeça. E nunca mais voltou ao normal. E isso, certamente, não era algo bom. Pelo contrário...
"Lembro que questionei se aquilo era mesmo uma boa ideia, se não seria melhor encerrar a noite por ali, mas então percebi que ela já havia entrado e resolvi segui-la. Acabei sendo barrada por uma parede de terno cinza-chumbo.
Quando ergui o rosto, vi um par de olhos azuis incríveis e um cabelo louro bem curto. O tipo de pessoa com a qual não convém discutir.
- Espere aí - disse a voz, e encarei o segurança.
Ele não era tão grande quanto os outros dois, mas ainda assim era mais alto do que eu. Tinha um sorriso bem atraente.
- Oi - falei. - Você vai me deixar entrar com a minha amiga?
Ele ficou calado por um momento, me olhando por mais tempo do que seria conveniente.
- Vou - falou por fim -, claro. É só que...
Esperei que ele terminasse a frase.
- Só que o quê?
Ele olhou de relance para os outros seguranças, que estavam conversando com uns adolescentes que insistiam para que os deixassem entrar.
- Por um instante não acreditei na minha sorte. Só isso.
Eu ri da cara dele.
- Não está sendo uma boa noite?
- É que eu tenho uma queda por vestidos vermelhos - disse ele.
- Acho que este ficaria pequeno em você.
Ele riu e afastou a corda de veludo, deixando-me passar. Senti que estava me olhando enquanto eu deixava meu casaco na chapelaria; então arrisquei uma olhada para a porta e o vi novamente, ainda me observando. Abri um sorriso para ele e subi os degraus rumo ao bar."
- Por "pura coincidência" Catherine voltou a cruzar com Lee pelo caminho. Dessa vez, na academia que frequentava. E dali para frente, ela foi se envolvendo cada vez mais até se ver completamente apaixonada por ele. E quem não se apaixonaria? Lee era tudo que os homens que ela havia conhecido não eram. Carinhoso, romântico, gentil, generoso... Sabia exatamente do que ela precisava. A via como pessoa e parecia estar louco por ela. Mesmo temendo aquele envolvimento cada vez mais profundo, Catherine não conseguiu evitá-lo. Ele foi tomando conta da sua vida e quando ela deu por si, ele já vivia na mesma casa que ela. E o relacionamento inicialmente perfeito, começou a apresentar rachaduras. E Catherine não saberia dizer quando realmente começou. O inferno. O tormento em vida.
"[...] havia também o medo aterrador de como ele poderia reagir caso eu fizesse algo que acabasse provocando-o.
Agora não era mais uma questão de me afastar. Agora era preciso sair correndo. Era preciso fugir."
- Mas fugir seria fácil? Realmente é tão simples assim? Sair de um relacionamento abusivo, assumir novamente o controle da própria vida? É apenas uma questão de força de vontade, de dar simplesmente um basta? De dizer: "Não aguento mais você. Não te quero mais na minha vida. Desapareça da minha frente e não volte mais!" ? É realmente simples, gente? Acho que os casos que vemos na TV, mostram claramente que não. Nem sempre é realmente tão fácil escapar...
"Sempre achei que mulheres que continuavam levando adiante um relacionamento violento e abusivo só podiam ser umas idiotas. Afinal, em algum momento elas deveriam ter percebido que as coisas tinham saído errado e que, de repente, haviam passado a sentir medo do parceiro - e, sem dúvida, era este o momento de terminar a relação. Deixá-lo sem pensar duas vezes, foi o que sempre pensei. Que motivo elas teriam para continuar? E eu já vira mulheres na televisão ou em revistas dizendo coisas como 'Não é tão simples assim', e eu sempre pensava, claro que é, é simples, sim - apenas vá embora, afaste-se dele.
Somando-se a esse momento de percepção, um momento pelo qual eu já passara, notei que se afastar não era uma alternativa simples, afinal de contas."
- Quatro anos depois de passar pela fase negra de sua vida, Catherine, agora Cathy, está em outra cidade, levando uma nova vida. Uma vida na qual é prisioneira não de Lee, mas das lembranças que possui dele, do medo aterrador de que ele retorne, um medo que a faz desenvolver o transtorno obsessivo-compulsivo, e que torna cada dia um martírio. Por causa das lembranças que insistem em invadir sua mente, Cathy nunca se sente segura. Sente como se ele estivesse ali, em sua nova cidade, em seu prédio, em sua vida. Apenas esperando... esperando o momento certo de se mostrar e terminar o que começara tantos anos antes. Por conta disso, Cathy, tanto antes de sair quanto ao chegar em casa, verifica as portas do seu prédio, de seu apartamento e qualquer janela. Não uma. Duas. Ou três vezes. Mas várias vezes. Ao ponto de muitas vezes passar horas verificando e verificando novamente. Porque ela sabe, sabe que se cometer um erro, ele entrará. Sabe que não pode deixar nenhuma brecha, não pode facilitar o seu trabalho. E assim, muitas outras compulsões surgem, como verificar a gaveta da cozinha, contar os passos, fazer compras somente em dias pares, considerar os dias ímpares totalmente proibidos para compras (se ela fizer compras em dias ímpares, há uma enorme chance de seu apartamento não ficar seguro. Por isso, ela não pode de modo algum fazer isso), ter horários fixos para tomar chá (não podendo de modo algum ficar sem o chá. Isso é capaz de fazê-la ter um ataque de pânico). Há também o medo de roupa vermelha e outras coisinhas mais. Medos fáceis de ser vencidos, superados? Compulsões que podem ser eliminadas facilmente com muita dedicação?! Não. Não. E não. Catherine viveu um grande trauma em sua vida e sua mente, como mecanismo de defesa, havia criado essa "proteção", esse meio dela tentar lidar com o trauma que possuía. E não seria nada fácil se livrar disso. Não bastava querer. Não bastava lutar. Era preciso muito mais. Inclusive, voltar a confiar em alguém... em alguém que pudesse lhe oferecer a segurança, o apoio que ela buscava naquelas compulsões, mas nunca encontrava. Mas seria fácil confiar outra vez? Como?! Como fazer isso quando se sente na própria pele o erro que isso pode significar? Quando todas as pessoas nas quais ela confiou lhe viraram as costas? Como fazer isso quando, ao necessitar de ajuda, ninguém esteve disposto a lhe ajudar? Confiar outra vez? Para quê?! Para sofrer novamente? Não. Ela não precisava de ninguém. Quando tinha precisado, simplesmente haviam olhado para o outro lado. Ninguém fez nada. E não seria agora que fariam.
" É assim que tudo começa. Eu faço alguma coisa que parece ser uma boa ideia. Afinal de contas, trancar as portas e janelas é uma boa ideia, certo? E aí, por alguma razão, um dia eu cometo algum erro, e isso não é nada bom, porque se você pretender fazer alguma coisa para o seu próprio bem, é melhor fazer direito, caso contrário não tem sentido em fazer. Então eu começo a me atormentar e a imaginar tudo de ruim que pode acontecer se eu fizer aquilo errado, se eu estragar tudo, como já estraguei tantas outras coisas na minha vida inútil."
- Um dia, enquanto está saindo para o trabalho, Cathy o vê pela primeira vez. Um novo vizinho. Alguém que sorri para ela até mesmo quando ela o olha claramente furiosa. Afinal de contas, sua vida estava boa como estava. Ela não precisava de um novo vizinho para desequilibrar tudo outra vez. Para fazê-la se sentir insegura dentro do prédio. Porque ela não sabia quem ele era. Ele podia ser qualquer tipo de pessoa, certo? Mas pelo menos, Cathy descobre mais tarde, ele é a única pessoa (além dela) que consegue trancar o portão do prédio de modo eficaz. As outras pessoas sempre deixavam o portão aberto. Mas Stuart, não. Ele o trancava. Sempre. Mas é claro que isso não bastaria para fazê-la confiar nele. Não cometeria o mesmo erro duas vezes. Não importava o quanto ele fosse lindo, simpático e parecesse saber exatamente o que se passava por sua mente. Não importava o fato dele realmente parecer se importar com ela e insistir em invadir a sua vida. Sutil, mas firmemente. Ela jamais o deixaria se aproximar. Nunca. Mesmo quando em seus braços ela sentia que encontraria a segurança que tanto buscava. O afeto que nunca havia realmente recebido na vida. Mesmo que ao olhar em seus olhos, ela enxergasse o que nunca tinha visto antes e sequer soubesse explicar o que era. Era apenas um olhar... Um olhar que a fazia se sentir a pessoa mais importante do universo. Um olhar que a acariciava sem tocá-la. Que a beijava e abraçava quando ela mais necessitava.
- Lutando contra o medo que ainda a domina, tentando ter uma vida normal outra vez, Cathy luta dia após dia contra o transtorno obsessivo-compulsivo e contra as lembranças de um passado que ela não pode apagar. Mas, quando tudo finalmente parece estar caminhando bem, um telefonema inesperado abala todo o mundo de Cathy outra vez e a faz sentir-se no escuro novamente, sufocada, aterrorizada...
" [...] meus receios simplesmente não se baseiam em algum perigo ridículo que eu inventei.
Baseiam-se no fato de que Lee está lá fora, em algum lugar, me procurando.
Se já não tiver me achado."
- Durante todos os anos que se passaram, Cathy o via em todo lugar. Mesmo sabendo que ele estava bem trancado numa prisão há quilômetros de distância. Ela o enxergava em cada homem na rua, o via e sentia dentro de sua própria casa. Mas seriam todas essas "visões" ilusões criadas por sua mente? Ou, de alguma forma, Lee estava lá fora, apenas esperando? Apenas esperando o momento certo? Haveria um fundo de realidade no que Cathy sentia ao entrar em casa? Haveria um fundo de realidade nos passos que Cathy sentia atrás dela, seguindo-a por toda parte? Ao sentir-se vigiada, Cathy apenas estaria imaginando coisas? E se não? E se for real? Conseguirá ela escapar uma vez mais?
"De que adiantaria correr, afinal de contas? Não tinha funcionado da última vez, e tampouco funcionaria agora. Eu teria que ficar. Teria que ficar e me preparar para lutar."
- Apesar de ter tido certeza, desde o princípio, que amaria essa história, que ela se tornaria inesquecível para mim... eu não imaginava que seria tanto. Ao ponto de eu considerar essa história muito melhor que Identidade Roubada (e acreditem, para a história conseguir isso, ela tem que ser muito mais que maravilhosa). Quanto mais eu lia a história, mais eu me envolvia e mais eu desejava que ela simplesmente não terminasse.rsrs... Quando fui chegando ao final, fiquei com aquela sensação de tristeza, pois eu não queria que o livro chegasse ao fim. Por mais que ele possua cenas terríveis, de nos fazer fechar o livro e o manter fechado por um tempo, distante como se fosse uma cobra venenosa que pudesse nos envenenar se nos aproximássemos demais, é um livro incrível que não dá para evitar. Que não dá para não ler. É uma história que toma conta de nós e nos faz pensar nela o tempo inteiro, durante a leitura. Tinha momentos que eu precisava pensar em outras coisas (como nos meus estudos, por exemplo.rsrs...), mas a história não saía da minha mente. Dormir?! Foi uma missão quase impossível esses dias. Eu ficava rolando para um lado e para o outro, sem conseguir dormir. Pois minha mente estava cheia de imagens da história, pois eu sentia que não podia dormir enquanto a Cathy estivesse vivendo aquelas coisas. Eu não podia simplesmente interromper a leitura e ir dormir.kkkkkkkk... Mas eu tentava. E conseguia dormir pelo menos três horas e pouca por noite. Nem necessito dizer como ficavam meus dias por conta disso, certo?rsrs... Eu parecia um zumbi no dia seguinte, mas ainda assim continuava lendo o livro. Porque não dá para parar. E no final, percebemos que valeu a pena as noites sem dormir, os dias em que ficamos um caco. Valeu a pena. E eu teria lido a história toda de novo, sem hesitar. Porque é uma história fantástica, escrita por uma escritora muito talentosa. Já me tornei fã da Elizabeth Haynes e estou louca para ler mais livros dela. Se esse é apenas seu primeiro livro, sequer posso imaginar como serão os próximos!
"- Sabe o que foi o pior de tudo? [...] o pior foi que depois, ninguém, nem sequer minha melhor amiga, acreditava em mim."
- Foi impossível, pelo menos para mim, não pensar em muitas coisas enquanto lia essa história. Foi impossível não pensar nas muitas mulheres que vivem situações semelhantes em suas vidas. Que estão em algum lugar neste mundo, esperando, ansiando, implorando por socorro. Impossível também não pensar naquelas que morrem esperando. Ainda acreditando que em algum momento existirá alguém para tirá-las daquele inferno. Que alguém acreditará nelas, que alguém se importará com elas o bastante para ajudá-las. Às vezes as pessoas veem ou ouvem um cara maltratando uma mulher e nada fazem. Pois em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, certo? Nem se, ao interferir, ao chamar ajuda, estivesse salvando uma vida. Às vezes podemos pensar: "Ah! Se ela quisesse realmente sair dessa, já teria saído! Ela gosta de apanhar!" Mas estamos de fora da situação. Estamos olhando de fora. Não sabemos o que realmente se passa com aquela pessoa, não sabemos porque ela não larga o cara. Apenas julgamos sem realmente nos importarmos o suficiente para procurar saber o que se passa. Nem sempre fazemos isso simplesmente por indiferença. Por egoísmo, não é? Às vezes nós também sentimos medo. Medo de nos metermos e sobrar para nós. E com isso, um dia podemos receber a notícia de que aquela pessoa que víamos sofrendo, sendo maltratada e não fazíamos nada para ajudá-la, simplesmente morreu.
- Mas às vezes não pensamos que poderia ser uma de nós naquela situação. Porque nenhum homem vem com o aviso na testa. Com o aviso de que não presta. Já ouviram falar que quem vê cara não vê coração?! Isso é real. Não é a aparência da pessoa que vai dizer o que ela realmente pensa, o que realmente existe em seu coração. O cara mais lindo, mais romântico e aparentemente sensível, pode ser alguém capaz de matar sem piedade. Pode ser alguém que sente prazer em infligir dor. E aquele cara que aparentemente não presta, pode ser o que realmente vale alguma coisa. Não há como saber. Nós simplesmente apostamos. Acreditamos em alguém, nos apaixonamos. Foi o que Cathy fez. É o que todas fazemos. Muitas vezes acertamos ao apostar em determinada pessoa, mas existem vezes que não. E as consequências podem ser terríveis. E as consequências muitas vezes vemos na televisão. Mas não podemos deixar de viver por isso, não é? A vida é assim. Temos que apostar, temos que arriscar. Mas... se estivéssemos numa situação como a da Cathy ou de diversas mulheres por aí, iríamos querer que nos virassem as costas? Iríamos querer que ninguém se metesse? Ou imploraríamos (mesmo sem palavras) por ajuda? Cathy implorou. Implorou não à qualquer um. Ela implorou àqueles que eram como sua família. E não houve ninguém para ajudá-la. Absolutamente ninguém. Eu sinceramente não sei o que mais poderia doer. Ser traída pelo homem que amava ou pelos amigos nos quais confiava. Qual será a pior traição?!
"[...] Como é possível que eu me sinta... Não sei. Eu não tenho medo ao seu lado. Com todo mundo, eu sinto medo. Qualquer um. E no entanto, não sinto medo com você. E não sei nada sobre você."
- Depois de tão ferida pela vida, uma pessoa pode realmente recomeçar? Pode voltar a acreditar num sentimento que a havia destruído anos antes? Pode voltar a se entregar e confiar em alguém? Cathy não sabia se isso era possível ou se conseguiria um dia recomeçar outra vez. Ela simplesmente vivia cada dia lutando para se manter viva. Ela vivia cada dia lutando para manter o passado do lado de fora de sua casa e seu coração também possuía cicatrizes. Cicatrizes que ainda doíam muito e que muitas vezes se abriam, fazendo-a pensar que talvez tudo fosse em vão. Mas esse mesmo coração, tão machucado, tão ferido ainda, começa a perceber que apesar de tudo, continua batendo e que talvez, ainda exista esperanças...
- Uma história maravilhosa que eu recomendo para quem gosta de um ótimo suspense e está preparado para ler cenas pesadas. Em nenhum momento eu disse que o livro era leve. Pelo contrário! De leve, não tem nada! Mas é uma história incrível, podem ter certeza. E a autora mantém o suspense do começo ao fim. E quando vamos chegando ao fim nossos nervos vão ficando cada vez mais abalados.rsrs... Eu penso que, nas mãos da pessoa certa, essa história teria uma grande chance de virar um filme sensacional. Muitas vezes eu imaginei como seria o filme desse livro. E, se protagonizado pelos atores certos, dirigido pela pessoa certa, eu tenho certeza que seria um sucesso.
"Tome cuidado com o que você deseja, Catherine, eu disse a mim mesma.
Tome cuidado."
definitive o melhor livro que ja li .ja passei por um relacionamento abusivo que ainda tento mim recuperar, mim identifiquei muito com a personagem ,apesar de conseguir mim livrar das agressoes fisicas ,que como a Cathy disse talvez se ela tivesse os pais vivos seria diferente e com certeza ajudaria muito pois no meu caso foi o minha familia impediu meu ex namorado de mim bater. mas ele ,mim perseguia eu nao podia ir pro trabalho sozinha so ia com ele e mesmo assim ele ficava mim observando escondido pra ver se eu nao voltava (esse detalhe so fiquei sabendo depois da separaçao um cara que conhecia meu cunhado trabalhava no posto onde ele mim obsevava,tempos depois mim comentou .) e a folga dele era no mesmo dia que a minha ,meu email quando eu abria ele vinha sorrateiramente ler , bom psicologicamente fiquei arrasada mim sentia violada mas graças a Deus conseguir, e esse livro mim fez ver o risco que temos em se relacionar com alguem.infelizmente ainda não encontrei meu mocinho, peço a Deus todos os dia por um homem bom mas la no fundo um vozinha ainda mim alerta ,no fim todos vão quer fazer o mesmo. de certa forma te agredirá de alguma maneira . Mas depois deste livro quem sabe meu Stuart esta por ai também. rsss.
ResponderExcluirOlá, Fabiana!
ResponderExcluirConcordo com você. Ter o apoio de alguém, uma família, amigos é essencial nesses momentos. Até mesmo para servir como um "bloqueio", uma forma de impedir a outra pessoa de ir muito além. É claro que existem diversos casos em que isso não bastou para impedir o agressor de ir além e até mesmo provocar o pior. Mas esses trastes costumam ser muito covardes e preferem as vítimas mais vulneráveis, mais desprotegidas. Me alegra e me alivia saber que você teve a sua família para te apoiar, te proteger e te ajudar a se livrar desse relacionamento abusivo e que, graças a Deus, não terminou da pior forma. É confortador saber disso, pois já não suporto mais ver os diversos casos em que as coisas terminam de forma trágica. É maravilhoso ver o relato de alguém que passou por um relacionamento assim e conseguiu escapar, conseguiu recomeçar a sua vida.
Sei que coisas assim deixam marcas em nossa vida. Sei que é difícil voltar a confiar em alguém. Mas tenho certeza que Deus está preparando o seu mocinho e que logo, logo você irá conhecê-lo. Não o deixe escapar quando ele aparecer. :) Não tenha medo de viver, pois a vida é uma só e temos que aproveitá-la. Assim como a Cathy, você vai encontrar o seu Stuart. Aquele que a compreenderá e amará de verdade. Que a fará esquecer aquele traste miserável. :)