Elena Desserich sonhava em ser professora. Apesar de seu tempo na Terra ter sido curto demais para a realização desse desejo, ela deixou uma verdadeira lição sobre a vida. Assim, muito esperta para sua idade, Elena nunca parou de ensinar as pessoas ao seu redor a valorizar o milagre do dia a dia, mesmo enquanto lutava contra uma forma rara de câncer cerebral.
Por meio de relatos pessoais e sinceros registrados em um diário como lembrança para a irmã mas nova de Elena, Brooke e Keith narram sua jornada enquanto resistiam aos impulsos de lutar contra o câncer de Elena a qualquer custo, por saberem qual seria o inevitável resultado. Página por página, este diário é um lembrete a todos os pais de que devem valorizar e aproveitar cada momento precioso que têm com seus filhos.
Mensagens de Esperança conta uma história de humildade e inspiração. Desde a época de seu diagnóstico, Elena realizou uma série de desejos, que iam desde vontades simples como andar de carruagem puxada por cavalos até grandes conquistas, como a de pintar um quadro que seria exposto em um museu de arte. Sua vida motivou a criação da fundação que hoje em dia ajuda crianças de todas as partes do mundo na luta contra o câncer.
As páginas deste livro guardam pequenos bilhetes que Elena manteve escondidos pela casa, sabendo que a família os encontraria quando ela não estivesse mais com eles. Eles mostram que, mesmo nos momentos mais difíceis, é possivel encontrar esperança e coragem por meio do amor altruísta.
Palavras de uma leitora...
- Eu já fiz resenhas difíceis antes... Falar de um livro muito bom, ótimo ou maravilhoso, sempre foi difícil, pois sempre me faltaram palavras, sempre achei que não disse o suficiente.. Já li livros marcantes na minha vida, histórias de amor, superação e vida incríveis... Já li livros escritos com todo o coração por autoras e autores que considero os melhores. Mas nunca havia lido um livro como esse. Nunca havia lido um livro real. Que não está apenas baseado na realidade, mas é a própria realidade, entende? É a primeira vez. E sabe de uma coisa? É o livro que mais me marcou até hoje... É o livro que mais me fez chorar, que mais provocou uma revolta intensa dentro de mim... que mais me fez pensar na minha própria vida... E que me fez perceber o quanto tenho reclamado por tão pouco...
- Hoje eu parei para pensar nas minhas atitudes... Eu estava lendo sobre os últimos momentos de Elena e no quanto ela pensou mais na família que deixaria para trás do que nela mesma. E eu lembrei de que, na semana passada mesmo, eu estava reclamando porque não tinha tempo para fazer tudo que queria num determinado dia. Eu fiquei furiosa na semana passada. Reclamei o tempo todo. Queria ter terminado a leitura desse livro ainda na semana passada e não tive tempo. Queria assistir minha novela favorita do momento na quarta-feira e não tive tempo. E eu reclamei e fiquei com um humor terrível durante boa parte do dia. Sim. Eu fui uma tola e só agora percebo isso... Só depois de ler os últimos momentos de Elena. Ela não reclamou. Não reclamou porque não tinha mais tempo para fazer tudo que queria na vida. Não reclamou porque não poderia realizar o sonho de ser mãe e professora. Não reclamou porque não se casaria e porque as outras crianças iriam para a escola no ano seguinte e ela não. Ela não reclamou de nada! E, acredite, ela sabia que estava morrendo. Sabia que tinha apenas mais alguns dias. E sabe o que ela fez? Ela quis estar perto da família, quis realizar desejos comuns como tomar um sorvete de chocolate.... Quis dançar nos braços do pai. Ela só quis aproveitar o tempo que ainda lhe restava. E ela só tinha seis anos.
- Recentemente, eu reclamei porque minha cor preferida de batom tinha acabado e eu teria que esperar a encomenda que fiz na Avon chegar. É. Eu fiz isso! Reclamei por isso! Não queria usar outra cor de batom, pois achava que aquela cor ficaria melhor. Só teria que esperar menos de um mês, mas estava revoltada por isso. Eu só teria que esperar a encomenda chegar... Ela chegaria em algum momento mesmo que atrasasse e eu estava irritada por isso.... Fico pensando agora no quanto os pais de Elena desejariam que fosse tão simples. O quanto eles gostariam de ter apenas que encomendar a cura para sua filha e aguardar que ela chegasse. Isso seria maravilhoso! Mas, infelizmente, não era tão simples. Não tinha como encomendar a cura. Não havia cura e nem por isso eles ficavam reclamando. Em vez de perder tempo com lamentações, eles tentavam aproveitar o máximo de tempo que teriam ao lado de sua filha. Cada segundo era precioso... Aposto que eles desejariam estar no meu lugar. Apenas irritados por coisas banais em vez de estarem imaginando se a filha deles estaria com vida no dia seguinte.
- Durante minha infância inteira e a maior parte da minha adolescência eu reclamei dos meus cabelos. Sempre gostei deles, mas nos dias em que eles não ficavam da maneira que eu queria, eu ficava muito mais do que furiosa. Chegava a gritar ou chorar de frustração. É... eu já fui assim. E ainda hoje fico assim de vez em quando... Irritada porque meu cabelo não está da maneira que eu quero. Já cheguei a puxar os cabelos com força e fazer um nó neles porque eles não estavam como eu queria! E quando eu li que a Elena estava perdendo os cabelos dela não aguentei. Foi mais uma lição. Meus cabelos não estão caindo... Estejam da maneira que eu quero ou não, eu pelo menos os tenho... Mas a pequena Elena, a menininha de seis anos que tinha tanto orgulho dos cabelos, que os enfeitava com todo o capricho, teve que ver seus cabelos perderem o brilho e ir embora... E ela não reclamou por isso. Óbvio que ela ficou triste, mas apenas assistiu. E ela tinha os cabelos tão lindos... Ela era tão linda... Ai, eu não sei nem o que pensar... E eu ainda não aceito... Não aceito que ela tenha morrido.
- Coloquei acima um pouco das idiotices que faço na vida, das reclamações tolas. Não me considero uma má pessoa por isso e nem uma pessoa fútil. Não. Não foi isso que Elena queria mostrar... Não foi isso que aprendi com sua história. O que tirei dos exemplos que coloquei acima foi que eu não quero continuar agindo assim, que eu não deveria agir assim. A partir de agora valorizarei ainda mais a minha vida. Meu tempo está curto para fazer tudo que desejo num mesmo dia? Eu tenho que agradecer porque ainda tenho mais dias pela frente... Sei que o amanhã pode não existir para ninguém, mas pelo menos não tenho uma doença terminal para controlar minha vida... para ditar prazos, para dizer até onde eu poderei ir.
- E agora eu tentarei falar da vida de Elena sem fazer comentários pessoais... Vai ser complicado, mas eu queria falar dela primeiro antes de colocar minha opinião sobre o livro. Abaixo colocarei fotos dela e alguns trechos do livro. Tentarei explicar o melhor possível, mas não prometo nada. Como disse, essa história me marcou como nenhuma e é quase impossível falar sobre ela aqui sem voltar a chorar, sem sentir que tudo foi muito injusto, sem sentir raiva ou revolta... Mas eu falo dos meus sentimentos depois... Agora vocês saberão um pouco mais sobre Elena Desserich, uma menina de seis anos que teve sua vida encerrada no dia 11 de agosto de 2007, por causa de um câncer cerebral raro e destruidor de vidas...
Nas palavras dos pais dela, assim era a Elena deles (isso foi escrito antes de sua morte e no início do diário):
"Ela sempre come os legumes antes.
Não se cansa de vestir roupas cor-de-rosa.
Sempre escreve o nome ao contrário - não porque não saiba escrevê-lo, mas porque "gosta de ver como fica".
Cruza as pernas quando se senta.
Não há nada melhor do que uma aula de educação artística, sem contar, é claro, com uma ida à biblioteca.
Ficção é melhor do que não ficção.
Prefere leite a refrigerante. Ela o serve em uma taça de vinho e diz "saúde".
Adora "frescurites" (babados e lacinhos).
Nada de calça, apenas vestidos.
Ela ama bebês.
Quando brinca de escolinha, é sempre a professora.
Gosta de cantar, mas não segura as notas mais altas. E, por favor, não lhe peça para dançar.
Sally (uma Chihuahua velha e mal-humorada) é o melhor animal de estimação que já teve.
Sempre dá para ter mais uma faixa de cabelo.
Tudo o que ela quer na vida é ser mãe.
Ela é simples. Ela é nossa Elena."
- Como já disse, fazer essa resenha não será nada fácil, pois meus sentimentos sempre influenciam minhas resenhas. O que eu sinto no momento (disse que iria falar dos meus sentimentos depois, mas não adianta!) é raiva, tristeza, revolta... Não posso dizer que esse livro me deixou feliz. Teve momentos em que eu sorri sim e até dei gargalhadas... E esses momentos eram sempre engraçados por causa da animação de Elena, suas travessuras (como assoar o nariz na camisa do pai de propósito só para poder provocá-lo um pouco...rsrs... E ela fez isso com várias camisas. Não era falta de lenços. Ela queria se "vingar" um pouquinho do papai...rsrs...), sua capacidade de surpreender os médicos e ultrapassar o prazo... E também por causa da capacidade de Gracie de nos fazer rir. Quando, por exemplo, ela decidiu que começaria um diário (Gracie tinha quatro anos na época. Creio que agora ela deve estar com oito anos.). A graça disso foi que, em vez de falar diário, ela falava "diarreia". E ela disse que começaria sua "diarreia" logo depois de comer feijão. Ela terminou o jantar e disse que iria começar sua "diarreia" naquele momento. Impossível não rir com isso, não? Mas, infelizmente, esse livro tem muitos momentos dolorosos... Do início ao fim. A gente sabe como ele vai terminar logo que começa leitura. Sabe que no final Elena vai partir. Eu tive quase um ano para me preparar para ler essa parte... Mas quando chegou, eu desabei. E foi aí que a raiva começou. Senti raiva por ela ter partido mesmo sabendo que ela agora está descansando nos braços de Deus. Senti raiva das pessoas cruéis que vivem por muitos e muitos anos e fazem muita gente sofrer... Torturam, estupram, matam... E ficam vivos! Não tem câncer, não tem nenhuma doença terminal (existem as exceções, é claro. Existem aqueles assassinos, monstros, que felizmente vão para o inferno cedo.) e continuam destruindo vidas por vários anos. Como eu senti raiva disso! Queria que eles sim tivessem morrido. Eu não sentiria nem um pouco. Daria graças a Deus por isso. Mas uma menina????!!! Uma criança de 6 anos, com uma vida inteira pela frente e vários sonhos para realizar???!!! Um anjo que nunca fez nada a ninguém???!!! Me digam como posso aceitar isso?! Onde está a justiça? E eu me revoltei... Me revoltei hoje e me revoltei na semana passada, quando continuei a leitura desse livro depois de quase um ano... Eu havia começado a leitura desse livro no dia 14 de junho do ano passado (foi a data na qual adquiri o livro e eu sempre anoto a data na primeira página de cada livro). Chorei só em ler a parte na qual os pais dela dizem como era a Elena deles. Eu havia lido o resumo que está do lado de dentro da capa do livro e por isso sabia que ela iria morrer. E ao virar cada página, eu chorava mais. Consegui chegar perto da metade do livro, mas confesso que não tive forças para continuar e deixei o livro guardado. Eu queria continuar, queria conhecer um pouco mais dessa garotinha tão linda e corajosa, mas não tinha coragem para continuar naquele momento. Não é uma leitura fácil, sabe? Não é fácil ler que a Elena chorou ao ler furada mais vezes, não foi fácil ler que ela estava perdendo a fala, os movimentos da mão e a capacidade de andar... a sensibilidade dos joelhos... e muitas outras coisas. As palavras dos pais dela, que acompanharam tudo de perto, eram fortes demais para mim. Não que elas sejam complicadas. Eram palavras simples, fáceis de entender... e até demais. As emoções deles marcam cada página e eu não tinha forças para continuar lendo. Por isso interrompi a leitura e só a retomei na semana passada. Quase um ano depois.
Eu estava falando que me revoltei... E na semana passada eu tive uma conversa com Deus depois de ler a página 145 do livro. A conversa não foi agradável. Não que eu tenha sido ofensiva ao falar com Ele, mas eu queria respostas. Queria que ele me explicasse muita coisa e queria brigar com alguém... e culpar também. Por que tem que ter um culpado, certo? Sempre queremos responsabilizar alguém por algo que tenha acontecido e queremos que a pessoa pague por isso. Quando a menina Isabella Oliveira (nunca digo Nardoni, pois é o sobrenome do infeliz que a matou, seu próprio pai.) morreu eu quis que alguém pagasse. E enquanto assistia as reportagens pela televisão, eu orava, clamando a Deus por justiça. Queria ver o infeliz e sua mulher pagando pelo que fizeram com aquela menina. Não ficaria satisfeita se eles ficassem em liberdade. Eu queria que eles sofressem muito e que fossem atormentados pela lembrança do que fizeram até o último dia de suas vidas. E só fiquei aliviada quando ouvi que eles haviam sido condenados. Creio que também foram por Deus e isso me deixa ainda mais tranquila. Nada vai trazer a Isabella de volta, mas seus assassinos estão pagando e continuarão pagando para sempre... Enfim... Mas no caso da Elena, quem eu posso culpar?! Durante minha conversa com Deus, eu procurei um culpado, mas não encontrei. Não podia culpar a doença, pois isso não faria com que ela pagasse... eu queria alguém para culpar e desejar ver pagando, entende? Podia culpar os pais de Elena?! Devo acreditar que fizeram algo horrível em suas vidas que fez com que Deus resolvesse castigá-los tirando-lhes a filha? Não foi isso que aprendi sobre Deus ao longo da minha vida. Acreditar nisso seria destruir tudo que penso sobre Deus. Seria perder a fé nEle. Num Deus justo e que não pune inocentes no lugar de culpados. Não estou dizendo aqui que os pais dessa menina podem ter feito algo horrível na vida deles para causar a morte da filha. Eu estou dizendo justamente que não acredito nisso e que, se fosse verdade, se eles realmente tivessem feito, o Deus que eu sirvo não seria justo ao punir uma criança para punir os pais, entendem? Enfim... Descartando a possibilidade de culpar os pais... Quem eu culparia? A Elena?!!!!!! Uma criança de seis anos fez algo gravíssimo ao ponto de Deus jogar sobre ela um câncer fatal para que ela pagasse pelo seu erro com a própria vida???!!! Pelo amor de Deus, isso não existe! Uma criança é inocente. Não pode ser culpada por nada. Entendem que eu não tinha a quem culpar?! E eu queria que alguém pagasse! Uma vida inocente não pode se perder e ficar por isso mesmo. Não estava aceitando isso. E eu continuei "conversando" com Deus... E imagino que vocês sabem quem eu acabei desejando culpar, não é? Ou melhor, quem eu culpei. Não tenho orgulho de ter feito isso, mas sou humana e meu coração não conseguiu aceitar a morte dessa menina. E se temos um Deus que pode tudo... Por que ele permitiu que ela ficasse doente? Por que deixou ela morrer? Eu perguntei a Deus onde ele estava que não viu que essa criança precisou da ajuda dele!!! E a resposta veio no formato de duas coisas que já li faz algum tempo. Uma mensagem de reflexão e um livro. É uma resposta que eu já sabia. Numa mensagem de reflexão na qual uma mãe perde seu filho e ele escreve uma mensagem para ela do céu, Deus responde essa mesma pergunta que eu fiz: ele diz que estava ao lado do menino, como esteve do lado de Jesus. E, no livro, "A Cabana", há a mesma resposta. E eu já a conhecia.
- É estupidez tentar culpar Deus. Ele realmente poderia ter evitado a morte dessa criança, mas por algum motivo que não quero conhecer, Ele não o fez. Mas não foi Ele que a deixou doente. As doenças não escolhem as pessoas e não é Deus que decide quem vai ter uma doença e quem vai ter outra... ou quem não vai ter nenhuma. Faz simplesmente parte da vida. E eu sabia disso, mas, na minha revolta, eu queria culpar alguém. Creio que vocês estão desejando um resumo dessa história, certo? Sempre divido minhas resenhas em partes: opinião pessoal, resumo e opinião pessoal de novo. Eu sei, mas hoje as palavras estão fugindo do meu controle e toda vez que tento fazer o resumo, minhas emoções fazem eu desejar falar mais do que sinto sobre a história.... Mas vou tentar fazer um breve relato.... só que não é separado como nas outras resenhas...
- Tudo começou com uma dor de garganta. Uma infecção na garganta... Os pais de Elena a levaram ao médico e acabaram descobrindo o que sequer podiam imaginar. Que sua filha estava com câncer. E não só isso. Também souberam que era um câncer cerebral dos mais raros. Glioma pontino intrínseco difuso, é o nome que tem aqui no livro. Lhes falaram sobre as opções de tratamento e também lhe revelaram que Elena tinha no máximo mais 135 dias de vida. Imagine o que deve ser para um pai e uma mãe ouvirem isso... A partir daquele momento as vidas deles ficaram profundamente abaladas... Elena estava morrendo, a filhinha deles de apenas seis anos não iria crescer, casar e ser mãe como sonhava. Ela sequer chegaria aos sete anos.
Eles começaram o tratamento... Um tratamento muito difícil, onde Elena tinha que enfrentar radiação, quimioterapia e ser furada várias vezes... Tinha que ser anestesiada também e chorava porque não queria nada daquilo (foram momentos como esse... nos quais ela chorava, que me fizeram interromper a leitura). Dia após dia coisas diferentes aconteciam... Ou melhor, ela perdia os movimentos de partes diferentes do seu corpo. Ela perdeu a fala, a capacidade de mastigar e engolir, perdeu a sensibilidade nos joelhos, a capacidade de andar e mexer os braços... Seus dedos se doblaram para o lado de dentro da mão... Ela perdeu também a visão de um dos olhos, seu rosto também parou de se mexer e ela chegou ao ponto de nem poder sorrir... e, acredite, seus sorrisos eram lindos... Querem conhecer mais um pouco seus sorrisos?
Elena perdeu muito durante os 256 dias que viveu após o diagnóstico da doença. Ela sofreu, mas mesmo enquanto via seus movimentos parando ou não conseguia mais comer, ela nos ensinou muito. Mesmo sabendo que estava morrendo, ela continuou sorrindo e deixando sua marca nos corações das pessoas. Orientou a irmãzinha mais nova, escrevendo num caderno o que ela deveria fazer no jardim de infãncia, no ano que viria. Gracie começaria a ir para a escola. Ela também disse que era para a Gracie fazer o possível para ser a líder...rsrs... O que era uma honra enorme (Ela que o diga, pois tinha tido o privilégio de ser a líder... e se vocês prestaram atenção no que os pais dela falam no trecho que coloquei mais acima, sabem que ela adorava ser a líder). Disse que era para a Gracie se divertir muito e obedecer a professora... Também tinha que fazer silêncio no refeitório (só no refeitório...rsrs...). Mesmo muito doente já, Elena se deu ao trabalho de orientar a irmãzinha que começaria a estudar no ano seguinte. Ela fazia bem o papel de irmã mais velha. Elena também ensinou ao papai que estalar os dedos é feio. Ela não estava mais falando nessa época e, através de sinais, ela lhe disse para parar de estalar os dedos. Era uma mania dele, mas ela disse que era errado. E ela também ensinou que era possível ter esperança e amar mesmo sofrendo tanto. Ela sorria. Ela fazia corações, beijava e abraçava sua família, pedia obrigada e dizia que os amava. Elena lutou até o último instante e deixou sua marca bem cravada dentro de nós. Seu quadro, que ela havia pintado enquanto estava doente, teve um lugar especial no museu, foi proclamado o dia dela e ela até foi dama de honra no casamento da prima que ajudou a cuidar dela. Ela não dançou com o pai no seu aniversário de quinze anos, mas, dias antes de morrer, ela pediu para ele dançar com ela. Mostrou com seus olhos que estava feliz. E, durante três dias, faltando cinco dias para o seu fim, ela jogou carta com os pais, nadou e passou todos esses três dias se despedindo deles. Depois, ela entrou em coma e os deixou... Não completamente, é claro. Sua alma foi descansar, mas suas lembranças permanecerão sempre vivas... Ela nunca os deixará completamente....
- O que os pais de Elena não sabiam é que, Elena sabia muito mais do que todos. Eles fizeram possível para esconder a realidade dela, mas ela sabia. Tanto... que durante os nove meses que viveu após o diagnóstico, ela escondeu bilhetes pela casa... bilhetes que só poderiam ser encontrados depois que ela já não estivesse com eles. Bilhetes esses que não foram abertos nem depois de serem encontrados. Os primeiros que os pais dela encontraram, foram abertos... No que Keith (o pai dela) leu, havia corações e estava escrito que ela sentia muito por estar doente. Ele passou uma semana inteira chorando e não teve coragem de abrir os outros. Em cada cantinho da casa, ela deixou um bilhete falando do seu amor e do quanto lamentava por estar doente... Creio que nunca saberei o que estava escrito nos outros, mas creio que ela falava sempre do seu amor... Ela queria lhes dá forças para continuar, deixar um pedacinho dela e mostrar que os amava e não os culpava por nada. Me diz se é possível ler esse livro sem chorar? Não. Não é.
- Eu disse que iria colocar mais trechos do livro aqui, mas creio que já falei demais. Querem saber se eu recomendo o livro? Pois eu digo com todas as letras que sim! Eu recomendo essa história. Não será fácil lê-la, mas através da história de vida dessa menina, temos muito à aprender. Até hoje os pais dela recebem mensagens de pessoas que leram essa história e contaram o que aprenderam com ela. Pais que consideravam seus filhos irritantes, os veem com outros olhos agora. Pais que não tinham tempo para contar uma história para seus filhos, agora escolhem o maior livro. São pessoas que aprenderam a valorizar o que tem através da história de Elena.... Ela não marcou só a sua própria família... Marcou todos nós. Acredito que muitas famílias sem estrutura, pais que não tinham tempo para o amor e nem para os filhos, mudaram depois dessa história e tem uma chance de ser diferente. De valorizar a aproveitar cada instante como se fosse o último. A Elena salvou muitas vidas e disso eu tenho certeza. Aposto que ela sensibilizou muitos corações e impediu que futuros danos existissem na vida de muita gente. Muitas crianças tem muito o que agradecer a ela, pois seus papais agora os notam... Ela operou um milagre. Não venceu a doença, mas salvou vidas.
"Apesar de não conseguir me lembrar de todos os momentos de sua vida, consigo me lembrar das noites. As noites começavam com um banho e um livro. Ela sempre escolhia o maior, e nós sempre implorávamos pelo mais simples. [...] Nós líamos e ela escutava, mas conforme o livro ia ficando cansativo, pulávamos uma página; ela percebia e voltava na página pulada. Eu daria tudo para ter aquelas páginas de volta. Depois, terminávamos a noite com um beijo, carinhos e um comentário sobre como éramos orgulhosos. Aquelas eram noites que eu adoraria reviver.
Dizem que as coisas ficam mais fáceis com o tempo. Que um dia começamos a aceitar a morte. Na verdade, acho que nunca aceitarei. Mas começamos a valorizar os momentos mais simples da vida e, ao fazer isso, encontramos paz. No caso de Elena, ela foi a professora, e as lições que deixou estão em bilhetes em formato de coração escondidos pela casa. Ela nos ensinou a sermos pessoas melhores e uma família mais forte do que poderíamos imaginar.
Desde sua morte, as lições continuam fortes, mas também as emoções. Cada momento e cada atitude é um lembrete de seu legado. Mesmo assim, todos os dias Elena continua fazendo parte de nossa família. Suas fotos ainda decoram nossas paredes, e sua inspiração continua hoje nas ações de sua caridade. E, com isso, nunca esqueceremos.
Hoje, Gracie sabe de coisas que eu gostaria que ela não soubesse. Brooke e eu temos visão. O que antes era essencial agora é comum, e o que antes era prioridade, agora é secundário. Não sentimos medo. A morte é apenas parte da vida, e não um fim, e ela traz valor e foco ao que vemos como importante. Todos os dias enxergamos a vida como um presente, e todos os momentos como uma oportunidade. E fazemos isso porque Elena nos ensinou a lição mais valiosa de todas.
Um dia, passaremos essa lição a Gracie por meio das páginas deste diário. A maioria das coisas ela já vai saber. Mas talvez a ajude a amar seus filhos, acariciá-los quando eles saem da cama, e nunca pular uma página. Espero que sim. É uma lição de Elena, e nunca esquecerei.
(Palavras do pai de Elena, Keith Desserich, nas páginas 229 e 230 do livro)
- Depois da morte de Elena, os pais dela fundaram uma organização de combate ao câncer sem fins lucrativos. Para saber mais sobre ela, clique AQUI. Como disse, esse livro é o mais marcante que já li. E ele me fez lembrar de coisas que já havia aprendido antes e aprender muito mais. E eu o recomendo. Mesmo que você o leia bem devagar, com grandes intervalos de tempo... creio que é um livro que deveria ser lido por todos.
Só de ler a resenha eu já fiquei com um bolo na garganta e os olhos húmidos. Se eu ler já sei qual será o resultado! Mas vc tem razão, ela não encontrou a cura, mas salvou vidas. Mas ela não merecia ser sacrificada para que outros possam aprender a ser e a fazer outros mais felizes. De qualquer forma tem que haver alguma explicação para tamanha injustiça. Será que há uma lógica nisso tudo? Por vezes dou comigo concluindo que passamos pela vida sem qualquer razão, que estamos aqui sem motivo, porque não tem sentido esses anjinhos inocentes que nunca fizeram mal a ninguém sofrerem desse jeito e terem uma vida tão curta.
ResponderExcluirBjs
Carla
Olá Carla!
ResponderExcluirRealmente é impossível entender isso e creio que não desejo receber uma resposta, não desejo uma explicação, pois tenho medo dela.
Não acredito que nascemos em vão... Creio que cada um tem uma missão mesmo que seja fazer a outra pessoa sorrir. Mas essa crença tbm me coloca numa situação difícil. Não quero acreditar que esses anjinhos, como vc mesmo disse, nasceram apenas para salvar os outros. Não quero acreditar nisso! Enfim... Não desejo uma explicação, pois ela poderia ser muito dolorosa.
Bjs!
ja li o livro recomendo muito lindo.
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